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03 - Conhecendo a si mesmo
Cezar Andrade Marques de Azevedo

Resumo:
Refazendo a jornada da vida

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.” (Mt 7:13,14)

O sábio saboreava cada uma daquelas palavras quando avistou o simples andando apressada e resolutamente. Ele apressou seus passos para ver se o alcançava, não sabendo ao certo se era para falar de suas descobertas ou saber o que motivava o simples a correr daquele modo.

Enquanto se aproximava do simples foi observando tudo à sua volta. Primeiro sua vista foi atraída por um outdoor. – Que mulher encantadora! Sonho de todo homem, ruminou o sábio. Logo avistou um mendigo – Será que o Estado não tem onde recolher este homem? Mitigou assim sua alma. Notou o carro conversível passando por ele – Quem me dera ter um assim! Desejou consigo. Viu um trombadinha roubar uma senhora – Este mundo está mesmo perdido! Vociferou consigo. Percebeu o policial tomando um cafezinho – Só neste país mesmo! Resignou-se.

O simples apertou seu passo ainda mais, completamente cego para o que se passava ao seu redor. Dentro de si estava matutando como abrir uma igreja. – Junto minha esposa, meu filho mais velho, meus parentes chegados, a gente faz a ata, registra a igreja, consegue um CNPJ e pronto, vou anunciar o reino de Deus. – Preciso de um nome bem chamativo, nada de igreja, algo que seja convidativo, tipo Sara..., não, já tem. Reino..., não dá. Comunidade..., muito comum. E assim foi tentando encontrar algo que levantasse o astral só pela leitura do nome.

Antes do sábio alcançar o simples, este viu seu velho amigo, companheiro de muitas aventuras. – João, amigão! – Cara, é você mesmo! – Que nada, to noutra. – Vai dizer que bandeou... – Que nada João, penso abrir uma igreja. – Igreja? Pirou mesmo. Cara, isso é uma roubada, tem duas minas, vamos juntos! O sábio parou estupefato com aquele diálogo, esperando ver qual seria a decisão do simples.

Na verdade não há ninguém isento de ser tentado, seja o simples com sua idéia fixa por conta do comando que recebera do homem sedutor, seja o sábio interagindo com o seu ambiente por onde quer que passe. Uma vez acionado o comando, a tentação logo apresenta suas garras (Tg 1:13).

A tentação, como uma hidra, assume múltiplas formas, desde as mais sutis até as evidentes pela sua própria natureza. Isto porque somos facilmente impressionáveis pelos sentidos do tato, olfato, paladar, audição e visão que nos trazem fortíssimos desejos na carne e nos olhos, isso quando não nos deixamos envaidecer pela soberba da vida (I Jo 2:16). O Senhor, tratando desta questão asseverou que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela (Mt 5:28) ou então ofender seu semelhante ou se encolerizar com ele já é réu do fogo do inferno (Mt 5:22).

Vendo o simples prosseguir com seu amigo o sábio ruminou consigo: Como pode! Ele estava resoluto em abrir sua própria igreja e agora isso? O sábio não sabia o que pensar, senão que recriminava tremendamente dentro de si o comportamento do simples. Nesta hora foi abordado por um desconhecido que lhe dizia – Mano, crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa (At 16:31). E antes mesmo dele esboçar qualquer reação recebeu uma pequena Bíblia de capa azul, depois soubera que era o Novo Testamento dos Gideões.

Enquanto o estranho se retirava abriu ao acaso e deparou com a seguinte leitura: “Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas praticam. E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?” (Rm 2:1-3).

Pela segunda vez o sábio sentiu-se nocauteado. Como um flash passava por sua mente as palavras ferinas com as quais julgara o simples, depois lhe veio a memória o outdoor, o mendigo, o carro conversível, o trombadinha e o policial. Foi quando pensou consigo – Puxa, a diferença entre mim e o simples é que ele manifestou tudo quanto eu escondia dentro de mim. Realmente somos da mesma natureza, alguns escancaram sua própria índole, outros as trancam à sete chaves, achando que assim ninguém notará sua própria corrupção moral. Diante de tão triste situação o sábio disse consigo – Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (Rm 7:24).

Então o sábio se lembrou do homem sofrido e desprezado que se apresentara como a ressurreição e a vida (Jo 11:25). Veio-lhe a mente algo que lera à muito tempo – Como é mesmo, acho que é isso, fé sem obras é morta em si mesma (Tg 2:17).

Realmente a fé não é um conceito abstrato nem fruto da reflexão humana, antes um dom de Deus (Ef 2:10). É como o Senhor Jesus disse a Pedro, quando este declarou que Jesus Cristo é o Filho de Deus: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16:17b). A verdadeira fé realiza o feito de transformar a essência do crente, fazendo-o uma nova criatura (II Co 5:17). Ele passa pela experiência chamada “novo nascimento” (Jo 3:5) que cria no seu interior uma nova inclinação, a do Espírito de Deus (Rm 8:5). Toda esta experiência é resultante da presença do Espírito Santo dentro do coração do crente, visto ter sido este selado por Deus para a redenção e para o louvor da glória divina (Ef 1:13,14).

O sábio sentiu um ligeiro estremecimento, o gozo inundou seu ser, uma alegria indescritível tomou conta de seu coração por um segundo. Sentiu e deixou de sentir, mas sabia que algo mudara fundamentalmente em seu ser, não era a mesma pessoa de antes. Depois soubera que naquele instante o Espírito mesmo testificou com o seu espírito que era filho de Deus (Rm 8:16). Ele conhecera naquele instante a virtude que procede do alto (At 1:8), o poder de Deus que torna o crente filho de Deus (Jo 1:12). Ele entenderá porque da fé segue a virtude (II Pd 1:5).

Ele não percebera, mas continuara caminhando atrás do simples enquanto vivenciava esta notável experiência. Logo o simples dobrou a esquina com seu amigo.


Biografia:
O autor é casado com Karin, professora mestre em Língua Portuguesa e tem dois filhos: Adan e André. Sua formação é em Administração de Empresas, Teologia e Ciências Contábeis, com mestrado em Administração de Empresas pela PUC.PR. Atualmente é Secretario Municipal de Finanças de Campo Novo do Parecis.MT. Seu site pessoal é www.cezar.azevedo.nom.br
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