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Perna de mulher
Júlio Cezar dos Reis Almeida

Pecado que anda, encanta os olhos,
Domestica as mãos
E abranda o coração rude do homem.

Perna de mulher, terra adorada,
Salve, salve.

Cruzada, semi-exposta ou nua
É sempre tesouro
Seduzindo e despertando paixão.

Perna de mulher, pátria amada,
Idolatrada, salve, salve.

Caminhando pela rua
Longe das mãos e perto dos olhos
Que te acompanham os passos.

Perna de mulher, mãe gentil.

Para meu desespero, para minha salvação,
Vem encher a minha vida de doce perdição.

Perna de mulher, dos filhos deste solo
És mãe gentil.

Arquitetura clássica que o Escultor Universal
Talhou com o objetivo de ser eternamente acariciada:
Com as mãos, lábios, tronco e membros.

Com as mãos cansadas do carpinteiro, camponês,
Artesãos e profissionais de toda sorte.

Perna de mulher, berço esplêndido.

Te olho, toco, mas o que quero
É sorver a tua essência, que transcende o molde
Que te deu forma, pois foste feita
Da matéria que deu vida à lua e à fantasia.

Perna de mulher, aí brilha o sol do novo mundo.

Água na boca, pensamento ingênuo.
Um deles fez o guarda esquecer o controle do trânsito
E permitir que dois carros se chocassem.

O guarda ficou lívido, mas por sorte não houve
Vítima, a não ser o seu coração partido,
Que, aturdido, não pôde acompanhar com os olhos
Aquele par de pernas caminhando,
E que só Deus sabe para aonde ia.

–A lei falhou, meu amor...A lei falhou...

Perna de mulher, margens plácidas.

Por causa de uma morena
Malandro de carteirinha foi preso
E acusado de atentado ao pudor.

A notícia foi grafada em todos os jornais:
"Macaco Velho Passa a Mão na Cumbuca
E Vai Dormir no Xilindró."

Na verdade,
O coitado não resistiu ao bailado da passista.
E passou primeiro os olhos nas suas pernas,
Depois as mãos nas suas virtudes.
Ocorre que o seu Nego, um fuzileiro naval
Praticante de boxe,
Não gostou do descaramento do malandro,
Deu-lhe boa surra
E o levou para dormir na cadeia.

Perna de mulher, impávido colosso.
Dos filhos deste solo és mãe gentil.

Perna de mulher,
Teus risonhos e lindos bosques têm mais flores.

Templo de paz onde dorme
O operário cansado. Onde o bebê se aquece,
Dorme anjo e acorda homem.

Perna de mulher, lábaro estrelado.
Sol da liberdade.

Lágrima furtiva,
Coração partido,
Verso meloso,
Bouquet de flores,
Aliança, beijo,
Lembrança doce, às vezes, triste;
Quanta alegria e felicidade.

Perna de mulher,
De amor e de esperança à terra desce.

Três vezes amaldiçoado
Quem não provou do teu calor,
Ali não dormiu, não sonhou
E do seu gosto não provou.

Três vezes abençoado quem ali viveu a paz
E a alegria do amor.

Carne adorada, carne adorada,
Salve, salve.


Biografia:
Nascimento: 27.07.1956; Feira de Santana , Bahia.
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