Ah, a infância. Não há uma pessoa que não tenha vontade de voltar pra lá. “Lá”. O nosso cantinho do conforto, o lugar perfeito. Coberto de brinquedos, jogos e histórias.
As preocupações se resumiam em memorizar ou então esperar que a mãe não esquecesse (importante!) o horário do desenho, se seríamos escolhidos logo de primeira no time de futebol ou se não ficaríamos de fora na hora do “coloca o dedo aqui que já vai fechar o abacaxi”. E só. Não sofríamos por amor (o máximo que acontecia era nos apaixonarmos platonicamente por alguém da tv), não nos matávamos estudando pra prova alguma e nem tínhamos que acordar cedo no outro dia pra estudar/trabalhar (mas pra brincar, podia).
Lugar puro, sem malícia. Lugar da comidinha quente da mãe (“tem que lavar a mão pra comer!”), do bate-bola com o pai (“vai, chuta, eu fico no gol”).
Ali foi onde choramos a primeira vez por sermos deixados sozinhos na creche, e onde quando brigávamos os xingamentos não passavam de “feio, idiota” e a frase final sempre era “não sou mais seu amigo”, que já não valia depois de 30 minutos.
Lugar sagrado. Éramos intocáveis ali, era o nosso território. Podíamos ser quem quiséssemos, a hora que bem entendêssemos. Presidente, jogador de futebol, super-herói, modelo, rei do mundo, rei do nosso mundo.
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