Muito se fala...de tudo...
De manhã, na padaria, já 2 ou 3 senhoras se dedicam a tão nobre façanha... entramos, olham-nos pelo canto do olho, e travam tão famoso orgão humano... não resistem e à saída ainda temos tempo de ouvir novo arranque...
Seguindo para o café, o alarido é frenético... grupinhos de 2 ou 3, até há um grupo de 6, que religiosamente, à mesma hora, se juntam... e falam...falam... não percebo o que dizem, mas gosto de as escutar, ouvir as gargalhadas sonantes recheadas de boa disposição...
Mas, voltando á conversa...
De volta a casa... Filhos...telemóvel...mensagens... tecnologia em hora de ponta...o trafego é intenso...
A qualquer sitio onde vamos...
Fala-se...fala-se...
Pouco se ouve...quase nada...
O que se diz ou o que é dito?
Eu, eu, eu, ...e ainda o eu???
Para lamentar... faz-se da própria a realidade mais importante do universo?
Para palrear... a vida alheia, onde o elogio é uma personagem que raramente entra, mas em contrapartida a sua rival a critica está quase sempre lá...
Para emoldurar...a família perfeita, donas de casa nada desesperadas, maridos exemplares, filhos sobredotados que além da natação, futebol, explicações...quase falta tempo para respirar...
Tudo serve para o frenesim...aquele barulho de fundo..."tipo"(como dizem os adolescentes) angustiante...
Escutamos?
Ouvimos?
Estamos atentos?
Escutamos o silêncio a olhar para o vazio?
Ouvimos a expressão serena... ou carregada?
Estamos atentos aos lábios sorridentes... ou cerrados?
É bom escutar, faz-nos meditar, aprender...
É bom ouvir, faz-nos crescer, sentir...
É bom estar atento, faz-nos refletir,
dar a mão...
Afinal, não é o que todos procuramos?...
Que nos escutem...
Que nos ouçam...
Que nos deem atenção?
Se me escutou ouvindo atentamente...
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