Por quantas vezes, ingrata, me peguei desejando que quando eu olhasse para uma pedra eu enxergasse apenas uma pedra. Coisa dura, fria. Queria ser cabeça de dicionário, enxergar o que é e ponto, sem metáforas. Queria que meus pensamentos não tivessem asas e que as palavras que eu escrevo não fossem macias e doces, pois essa é a impressão que tenho e sou viciada. Teria até feito prece, mas não sabia a quem e não havia maneira cabível de fazê-la sem mostrar a ingratidão que me aflingia. Angustiada de ter outros pontos de vista, embora algumas vezes encontrasse pessoas que compactuassem com eles, a minoria. Vai saber quem é que me atribuiu tal coisa, tal coisa que não ouso falar. Então preferi desejar, pra ser mais branda, e fui tão branda que hoje quando vi uma pedra fiz poeminha. Bom, cumpro a cina… que seja então feita a sua vontade, sensível sensibilidade artística e poética. Guardo os olhos de borboleta, cor, vida e asas, para fazer pensamentos virarem palavras amigas. Faço poeminhas.
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