A saga da imprensa nanica e gratuita
"Mais uma Festa da Uva em Jundiaí... veja a inauguração do Paço Municipal... Leiam...quem matou o Tanaka?" anunciavam os arautos do Jornal do Calçadão, anos 80, na saída da missa dominical da Igreja Matriz. O editor/jornalista/diagramador Afrânio Bardari dava o tabloide de mão em mão, um domingo por mês. O nanico Calçadão era impresso em papel sulfite, preto e branco, com todos os "reclames" diagramados no formato de casulo de abelha, ou dos tabletes de cimento que formavam o mosaico do piso no centro da cidade. Bardari foi redator chefe do Jornal de Jundiaí, assessor de imprensa do prefeito Walmor, entre outras coisas. Criou a primeira hemeroteca (arquivo de tabloides de Jundiaí) e vendia seus anúncios em parceria com a fotógrafa/faz-de-tudo Roseli Lépore e jornaleiros. Sim, o sucesso do Calçadão, durante décadas, deveu-se à cumplicidade com os leitores e jornaleiros.
Não dá pra falar de todos os nanicos que circularam por aqui. Mas o Giornale era um tabloide lido e procurado, principalmente nos lados da Ponte São João e Colônia. Contemporâneo do Calçadão, o Giornale era editado pelo casal de jornalistas André e Mônica Tozzeto de Barros Leite - atual presidente do Gabinete de Leitura. O pessoal da Associação dos Aposentados lançou, na época liderado por Antonio Galdino, o Jornal dos Aposentados que mensalmente, até hoje, entrega 15 mil exemplares gratuitamente. Na Vila Arens, até ontem, todo mês, era editado O Arauto, do jornalista provisionado Pedroso, que circulava na cidade toda e distribuído pelo próprio Pedroso. Um pouco mais jovem, o tabloide Mexa-se é um sucesso todo mês. Da família Akstein, feito em papel sulfite, cada vez mais tem crescente número de páginas coloridas e matérias interessantes.
Pago mesmo, só tem o Modulinho que vem encartado no Jornal de Jundiaí. É outro sucesso que se mantém há décadas, mesmo sendo tabloide. Criado pelo ex-redator chefe Celso de Paula, o Modulinho não é um nanico alternativo mas "um tabloide oficial do Jornal de Jundiaí". Na região do Caxambu e Colônia, há anos circula de graça um outro pequeno sucesso, o Jornal do Bairro. Por aqui circulam, de vez em quando, alguns tabloides efêmeros como o Informativo Jundiaí, o Cidade de Jundiaí, o Jornal da Região (quinzenal que já tem 32 edições sob a responsabilidade do jornalista Ivan Marcos Machado). Também há revistas gratuitas como a Morar & Viver Imóveis, a Guia Class Jundiaí, entre outras.
A imprensa nanica (vide O Pasquim) foi, é e sempre será um celeiro de jornalistas, fotógrafos e "focas". Os fatores que explicam o sucesso deste ou daquele "jornaleco" é a produção e distribuição bem feitas, a ética e o respeito com o anunciante e leitor, a cumplicidade com o jornaleiro...
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