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Rebeca Becca e a Escola de Wolbrans - Cap. Três
A família Silva
Clayton de Jesus Camargo

Resumo:
Rebeca Becca descobrirá segredos sobre sua vida, e irá se aventurar numa escola de magia, enfrentando muitos perigos e uma bruxa muito malvada!


Uma semana depois.
     - Veja Rebeca, agora você tem uma nova família. – dissera o senhor Felipe, juiz da casa de abrigo de órfãos dos Pinheiros do Leste. Este era um homem de seus quarenta anos, um pouco calvo e com sardas no seu rosto magro. Agora estava ali na porta da nova casa de Rebeca, junto com ela e seus futuros pais adotivos.
     Rebeca não sorriu e não correspondeu quando o casal feliz a recebeu em abraços afetuosos.
     - Seja bem vinda Rebeca. – disse a sua mãe-adotiva, uma mulher gorda e de cabelos presos feito um nó na nuca. Seu nome era Wânia e também tinham seus quarentões. Usava um chamativo vestido verde-limão com um broche dourado na gola do vestido.
     - Como se sente hein, garotinha? – agora quem lhe dirigia a palavra era seu pai-adotivo, um sujeito esticado e fino como palito. Gabava-se com seu cabelo extremamente preto penteado de lado e com seu delicado fino bigode carvão. Seu nome era Romão Silva.
Rebeca abaixou a cabeça tristemente. O juiz comentou.
     - Bem... Vocês devem compreender que não deve estar sendo nada fácil para ela, ainda não acostumou por completo à perda da única avó.
     - Você tem toda razão. – concordou o senhor Romão. – Eu também perdi quando era criança minha querida avozinha... – fez uma entonação chorosa.
Rebeca olhou para o juiz, insistindo.
     - Eu queria era mesmo ficar com a Dona Marta.
Ele respondeu querendo por um fim naquela insistência.
     - Já lhe disse antes que isso não é possível. Você tem agora uma família completa. – e depois sorriu afetivamente, fazendo cafuné em sua cabeça. – Tenho certeza que será feliz aqui, Rebeca.
Ele e o senhor Romão entraram carregando as malas da garota para dentro da sala.
     - Essa casa é bem grande e tenho certeza que você irá se divertir bastante. – ele falou para melhorar o seu animo. – Bem, acho que já vou indo, tenho que receber outro casal para uma adoção. Vejo você daqui a três meses, e comporte-se.
O Sr. Felipe se despediu do casal, deixando Rebeca Becca em sua nova casa.
Romão mal agüentava as duas malas que carregava subindo as escadas, e Rebeca seguia-o atrás para conhecer seu novo quarto.
     - Olhe, Rebeca. – disse ele orgulhoso. – Esse é o seu quarto. Não é lindo? – os olhos da menina percorreram sem nenhuma expressão de contentamento ao cômodo; não era nem de longe parecido com o seu antigo quarto, apenas talvez por ter também uma porta e uma janela, uma cama e um simples guarda-roupa. Ali não tinha nenhum clima de harmonia. Romão percebeu a falta de entusiasmo e resmungou:
     - Por que está com essa cara? – ele cruzara os braços. – Por acaso esperava um quarto de luxo, com computador, TV e DVD é?
Ela olhou-o sem jeito.
     - Não exatamente... mas apenas... – mal chegou a concluir, pois sua mãe-adotiva apareceu informando.
     - Vamos descer que o almoço está na mesa. – Rebeca achou estranho, era ainda onze horas da manhã. Quando estavam descendo as escadas Rebeca indagou.
     - Vocês sempre almoçam nessa hora, é?
A senhora Wânia parou e mediu a garota.
     - Vocês não. – corrigiu ela num tom disciplinarmente. – A partir de hoje nós sempre almoçaremos nessa hora. – eles voltaram a descer, passaram pela porta da sala e entraram na cozinha, onde cada um ocupou uma cadeira em volta da mesa circular -, cada um diante do seu prato de comida. Rebeca examinou com o garfo aquela coisa verde em seu prato, seu rosto fez uma careta quando seu nariz detectou o cheiro enjoativo daquilo.
     - Por que não está comendo? – indagou numa voz seca à cozinheira da casa, ela olhava fixamente em Rebeca.
     - Vai ver... que ela... não quer comer. – disse o marido de boca cheia com aquelas bolinhas verdes. Rebeca fez o máximo para não vomitar quando viu a saliva do homem escorrendo no canto da boca, uma saliva verde!
Ela afastou o prato, justificando.
     - Me desculpe, mas eu não sei o que são essas coisas. – e completou. – E o cheiro disso é horrível!
O rosto mole da mulher se endureceu como pedra. Era a primeira vez que alguém criticara sua comida.
     - Isso que acabou de mencionar de coisas é ervilhas fritas! – informou rispidamente. Rebeca puxou de má vontade o prato que recusara há pouco e com nojo mergulhou o garfo e trouxe ervilhas para a boca.
     “Já vi que as coisas por aqui não vão ser assim tão divertidas.”
Romão acabara de limpar o seu prato, levou o guardanapo a boca e abafou o arroto.
     - Quer mais querido? – ofereceu a esposa de tigela nas mãos.
O marido recusou com jeito.
     - Não meu bem, eu já estou satisfeito.
     - Estava gostoso, não estava?
     - Excelente. Nunca comi tão bem em toda minha vida – mentiu. – a propósito, o que teremos no jantar hoje? Só espero que não sejam ervilhas fritas novamente. – brincou.
     - Não querido não teremos ervilhas fritas no jantar – respondeu ela com delicadeza. O marido respirou aliviado. – Teremos uma deliciosa sopa de ervilhas cozidas. – os olhos escuros de Romão quase saltaram das órbitas.
De repente lá na sala a campainha tocou. Romão levantou e foi atender a porta.
     - Oh, me desculpe Sr. Romão por incomodá-lo é quem vim trazer lhe isso. – disse o juiz.
O Sr. Romão olhou assustado e recuou para trás.
     - Mas o que diabo é isso?! – o juiz estranhou e informou jovialmente.
     - Ora, não conhece? É um gato. – foi como se a última palavra tivesse um poder fora do comum em Romão, pois este tivera uma inesperada seqüência de espirros.
     - Tire esse... – e espirrou. - ...bicho para longe... – outro espirro. – de MIM! ATCHIM!
A esposa veio correndo da cozinha para verificar o que estava acontecendo quando escutara a voz do marido alterada. Deparou com a cena e indagou suspensa no ar.
     - Mas o que está acontecendo aqui? Romão! – a esposa arregalou os olhos ao ver o estado do marido. O juiz não sabia o que dizia, estava se sentindo um idiota ali com um gato gordo e pesado nas mãos. O Sr. Romão estava estirado na poltrona e seu rosto suava e avermelhava como um pimentão. Ele era alérgico a pêlos.
     Para a sorte do Juiz Rebeca também apareceu na sala.
Rebeca viu o gato da avó e correu cheia de felicidade ao encontro dele.
     - Gorduchinho!
O juiz entregou se desculpando.
     - Desculpe, eu o esqueci dentro do porta-malas do carro e...
     - O que está fazendo, Rebeca? Solte esse animal imediatamente, não vê que ele pode te passar doenças! – gritou horrorizada a sra. Wânia, como se o gato fosse uma lepra muito contagiosa.
     - Esse gato é meu!E não tem nenhum tipo de doença.
     - ATCHIM! – retrucou em resposta o seu pai-adotivo, como se tivesse perdido toda a sua força diante daquele bichinho. A esposa desesperada abria as cortinas e janelas para o ar refrescar a temperatura do marido e esta berrou.
     - Não fique aí parada com esse bicho perto de Romão! Leve-o longe daqui! – Rebeca agradeceu rapidamente o juiz e subiu correndo as escadas com o gato em seu colo e bem discretamente o juiz saiu da casa, entrando em seu carro e saindo catando os pneus.
A tarde passou e Rebeca preferiu passar com ela em seu quarto. Quando a noite chegou Rebeca teve que mais uma vez encher o estômago com ervilhas, mas desta vez feita de uma sopa mais amarga ainda. Naquela mesma noite Rebeca podia jurar que ouvira o sr. Romão no banheiro tentando vomitar a refeição, isso depois que havia elogiado o jantar e teve sem poder recusar comer outro prato cheio de sopa de ervilha cozida. Pelo menos o único que saiu de barriga bem cheia foi o Gorduchinho, além de se deliciar com uma tigela de leite ainda teve espaço no seu estômago para um ratinho no sótão da casa. Já era quase meia-noite e ainda a garota não conseguia dormir. Não, não tinha dessa vez aquele barulho misterioso que a fazia perder o sono. Rebeca pensava nos pais que ardia em seu peito por querer ter tido a oportunidade de vê-los e de chamá-los de pais. A sua avó Paulina também não parava de flutuar na sua mente.
     “Estou com saudades de vocês...” – pensou ela tristemente. Mas alguma coisa fez despertá-la do devaneio naquele momento. Acendeu o abajur na mesinha-de-cabeceira e olhou para o relógio. Ainda faltavam quinze minutos para ela chegar ao seu décimo primeiro ano de vida.
- Nossa como pude esquecer do meu aniversário. – sussurrou ela surpresa e depois apagou a luz do abajur e desabafou tristemente para si mesma. – Mas do que adiantaria? Nunca tive uma festa comemorando meu aniversário. – e depois disso finalmente teve coragem de dormir, pois não queria estar acordada no início de seu aniversário.

Rebeca tinha certeza de que acabara de fechar os olhos quando sentiu ao longe uma voz chamando seu nome.
- Rebeca! Acorde, sua preguiçosa! – cutucava o ombro de Rebeca com as mãos geladas. Quando ela abriu os olhos deparou com a sra. Wânia em pé de olhos fulminantes para ela. Rebeca então percebera que já havia amanhecido. – Saia logo dessa cama! Levante-se! – ordenou severamente. Rebeca estava perplexa. O que deveria ter acontecido para que aquela mulher resolvesse tratá-la daquela forma? Rapidamente sem dizer nada, e certamente não queria dizer mesmo saiu da cama. Estava de camisola. A mulher falou com sua voz irritante. – Não pense garota que aqui será tratada como uma princesa. Também tem que ajudar. O que pensou? Que a sua vida se resumira a três coisas: comer, beber e dormir?
Rebeca sentiu uma imensa vontade de responder uma boa para aquela senhora, mas manteve-se em paz, porque não queria começar logo cedo o seu aniversário já de castigo.
- O que você espera? Comece já arrumando a sua cama e vá preparar o café para o seu pai! – ela obedeceu sem questionar e depois de ter arrumado sua cama e folgadamente também daqueles marmanjões desceu para cozinha, temendo. Ali estava o sr. Romão lendo impaciente o jornal da manhã em volta da mesa. Este olhou absurdamente para a menina e apressou-na.
     - Não fique aí feita uma estátua olhando pra mim. Faça logo esse café que eu estou com fome, menina!
     Rebeca abaixou a cabeça e murmurou envergonhada.
     - E... Eu não sei fazer ainda café.
Para sua desgraça a sra. Wânia entrou na cozinha chocada com o que ouvira.
     - Diga que não é verdade o que eu acabei de ouvir. – Rebeca manteve ainda a cabeça baixa, sentindo o corpo esquentar. Era a pior coisa ter que ouvi-la. – Sinceramente eu não posso acreditar que você não sabe preparar um café... – ela precisou sentar na cadeira para não cair de tamanha incredulidade. – Adotamos um feijão perdido! – agora o corpo de Rebeca esquentava de raiva. A mulher desabafava contrariada. – Isso só pode ser culpa daquela velha da sua avó, que nem prestou a te ensinar o básico de uma menina educada e útil numa casa! Com certeza a velha deixava você fazer o que quisesse não, é? – desafiou.
Rebeca fechou os punhos e não conseguia mais se controlar. Seus olhos azuis endureceram nos olhos daquela mulher mesquinha. Sua voz explodiu.
     - NÃO OFENDE MINHA AVÓ SUA COBRA! – e avançou em sua direção, empurrando a gorda pra trás. A mulher tentou evitar, mas não teve jeito; berrou caindo como uma rolha no piso. Romão vendo não se conteve e caiu na gargalhada.
     - Não fique rindo de mim! – vociferou ela enquanto se ajeitava para se levantar, lançando um olhar de flecha afiada em Rebeca ali desafiante. – Sua malcriada, é assim que agradece depois que eu a adotei para que viesse morar nessa casa? – indagou estupefatamente inconformada.
Rebeca tremeu de raiva.

- Eu não pedi para vocês me adotarem! – retrucou no mesmo tom de voz. – Vocês não querem uma filha, não! Vocês querem é mesmo uma escrava para fazer seus trabalhos seus exploradores!
     O sr. Romão endireitou o corpo e ofendido pela acusação verdadeiramente proferida por Rebeca, disse:
     - Você está perfeitamente enganada garota! Nós te adotamos por que queríamos dar uma nova oportunidade para você, para não ficar por aí jogada no mundo como uma mendiga! Se não fôssemos por nós, você ainda estaria naquele orfanato imundo junto com aquelas crianças horrorosas!
     A menina não deixou se intimidar por aquele homem e encarou-no com coragem.
     - Prefiro mil vezes ficar naquele orfanato a ter que suportá-los!
Romão ergueu a sua mão e apontou o dedo indicador em direção a porta da cozinha.
     - Aquela é a porta se não estiver com vontade de suportar-nos, para o seu conhecimento.
Rebeca se virou para pia, encheu um copo de água e virou lascando naquele rosto magro e bem maquiado, estragando seu eterno penteado.
     - E essa é minha resposta para o seu governo. – disse ela sorrindo desafiadora e ao mesmo tempo sendo bruscamente pegada pelo braço e arrastada para a porta. Romão enfurecido jogou-a porta a fora. Rebeca caiu no gramado úmido pelo sereno da madrugada. Ela olhou-no na porta com uma cara de orgulho ferido.
     - Volte quando estiver refletido bem o que fez e a ponto a pedir perdão de joelhos! – rosnou batendo a porta com força. Rebeca Becca se ajoelhou e curvou a cabeça até a ponta de seu nariz tocar nas graminhas verdes e molhadas.
     - Porque vocês me abandonaram... – chorou amargamente precisando mais do que nunca a proteção de seus verdadeiros pais e do aconchego do calor da avó.     

            


Biografia:
Sou escritor tenho 30 anos, moro em Nova Odessa, mas nascido de Americana-sp. Sou presidente e fundador da SENO (Sociedade dos Escritores de Nova Odessa) que é uma entidade sem fins lucrativos, organizando feiras literárias na cidade, como também premiações de concursos literários. Tenho um livro publicado em parceria com o Rotary Clube de Nova Odessa, em conscientização contra o uso do cerol nas pipas, chamado A Viagem da Pipa Fênix, que teve 800 cópias distribuídas gratuitamente em algumas escolas municipais e bibliotecas. Sou escritor no site canadense Wattpad uns dos mais frequentado do mundo, e meus livros já tem 2 milhões de leituras e milhares de seguidores, me tornando um dos mais acessados do Brasil. Ganhei destaque no site do Wattpad em 2015 ao ficar entre os 200 autores de mais sucesso do site, entre essa lista alguns consagrados escritores nacionais e internacionais, como Paulo Coelho, Dan Brown (O código da Vinci) e Meg Cabot, autora juvenil americana com milhões de leitores pelo mundo. Publicar em sites onlines tem sido uma ferramenta de grande ajuda para o auto reconhecimento, e nesse site, Escrita - BVE tenho mais de 60 mil leituras de três capítulos do meu livro juvenil. É uma honra em fazer parte desse grupo de amigos escritores e desejo a todos um 2016 próspero e de grande sucesso.
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