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Rebeca Becca e a Escola de Wolbrans - Cap. DOIS
O perdão antes do fim
Clayton de Jesus Camargo

Resumo:
Rebeca Becca descobrirá segredos sobre sua vida, e irá se aventurar numa escola de magia, enfrentando muitos perigos e uma bruxa muito malvada!

Rebeca estava bem agasalhada, com uma blusa de lã, uma calça moletom e estava sentada em volta da mesa do café da manhã que estava recheada de coisas deliciosas.
Sua avó estava sentada a sua frente, pegou um copo de leite e depositou duas colheradas de chocolate em pó e misturou, acrescentou uma colher de açúcar e tomou tudo em três goladas. Rebeca não tocara em nada, em nenhum doce na mesa, seu rosto expressava ódio que sem dúvida dirigia a única pessoa: a sua avó. Paulina fazia de conta que nada acontecera na noite passada e tentava fazer do seu dia igual a qualquer outro.
O tempo lá fora estava em preto-e-branco, e o sol estava com preguiça e se escondia atrás das nuvens cinzentas, trazendo um friozinho gelado que passava pela cidade dos Pinheiros do Leste, que era a cidade aonde Rebeca vivia com sua avó Paulina.
     - Rebeca, será que poderia passar o pote de margarina? – perguntou ela enquanto cortava ao meio um pãozinho quente e macio.
A neta encarava ainda com mais raiva, e não atendeu ao pedido da avó. Paulina já sabendo que seria inútil insistir esticou o braço e conseguiu pegar o pote, destampou-a deslizou a faca na superfície da manteiga e recheou o pãozinho.
     - Você não vai querer comer nada? – indagou levando o pão a boca.
“Ainda não tem vergonha! Querendo se passar de santa pro meu lado.” – pensou a neta.
- Oh Meus Deus...! Estou quase atrasada para a caminhada com a senhora Marta! – disse de repente, levantando quando olhou a hora no seu relógio de parede. Tomou apressadamente mais um copo de chocolate com leite e saiu da mesa em passos corridos, subindo as escadas e arrotou de lá de cima.
Rebeca ficou um pouco mais relaxada com a ausência da avó e se recusou para si mesma toda aquela delicias que se mostrava a sua frente.    
     - Não vou tocar em nada do que é feito por essa mulher!
Alguns minutos depois a sua avó descia com uma roupa apropriada para caminhada. Usava calça moletom e uma camisa quente, entrou na cozinha novamente e pescou com a mão um cacho de uvas frescas numa cesta e disse para a neta.
     - Rebeca, quando você acabar de tomar o seu café da manhã pode arrumar a mesa e depois ir brincar se quiser, ok? – nada de resposta. Paulina afagou um cafuné na cabeça da neta antes de sair levando seu cacho de uvas. Rebeca ajeitou os seus cabelos com raiva e não viu quando ela passou pela porta, se dirigindo pelo quintal rumo à outra casa do lado da sua, que era a casa da sua amiga Marta.
Rebeca levantou da cadeira e foi tomar um copo de água na pia, bebeu forçada, pois não estava com sede, sentiu ânsia de vômito por causa do estômago vazio. A barriga fez aquele ruído familiar e ela resolveu esquecer por alguns minutos o seu orgulho, se rendendo assim aos doces. Ela comeu com gosto. Ao terminar lembrou do recado da avó e disse irritada como se ela estivesse falando diretamente para a sua avó ali mesma.
     - Arrume à senhora mesma, porque eu não sou sua empregada! – e assim saiu para um passeio pela rua.
     - Ela está saindo agora de casa. – informava a senhora Marta espiando por sua janela. Ela sentou logo depois na sua poltrona que dava de frente com a amiga Paulina que estava sentada no sofá, chorando e devorando as uvas.
     - Eu... eu nunca vi aquela expressão de tanto ódio cravado em seu rostinho de anjo como vi hoje... – dizia tristemente.
     - Tome. – deu um outro lenço para ela. Recebeu e assoou o nariz crispado e não conseguia conter o desespero.
     - E se ela ficar assim para sempre comigo? – indagou arrepiada. – Eu acho que prefiro morrer em vez de receber o ódio dela.
     - Não diga bobagem amiga. – disse Marta dando a quarta xícara de chá para ela acalmar os nervos. – Isso é passageiro e não vai durar a vida toda... talvez o mínimo um ano ou dois...
     - Não fale isso! – gritou desesperando-se ainda mais.
     - É tem razão... – corrigiu-se. – Bem, você vai ver logo, logo a sua Rebequinha outra vez feliz. Tenha fé.
A amiga tomou o restante do chá e pousou a xícara vazia na mesinha de centro da sala e revelou.
     - Não tenho fé... nunca conseguirei ter, nunca terei...

Rebeca Becca estava indo para o centro da cidade aonde havia a praça central. As maiorias das crianças iam pra lá, pois lá tinha um parquinho e era bem movimentado aquele ambiente de lazer.
Rebeca vinha pela calçada larga e lembrava das últimas lembranças da fantasia que pertenceu a sua mãe, mas sem que percebesse um carro preto de quatro portas, um modelo limusine parou ao seu lado. Rebeca então dera se conta do veículo e parou na calçada, olhando atento o carro parado ao seu lado. O vidro do carro que era escuro começou abaixar automaticamente e ela pôde ver da janelinha do carro um rosto de um senhor de idade, olhando para ela. Este tinha um rosto gordo e bem rosado, tinha uma grande bigodeira amarelada debaixo de seu nariz um pouco avermelhado, usava um óculos escuro e de armação redonda e tinha na cabeça uma cartola preta de mágico.
- Bom dia garotinha? – sorriu ele mostrando os dentes da frente meio amarelados. Rebeca se sentiu insegura diante dele, pois lembrava dos avisos que sua avó passava de nunca conversar e aceitar caronas de pessoas estranhas. – Esses seus olhos azuis me fazem lembrar muito de uma pessoa... – sussurrou num tom misterioso, fazendo a garota se assustar e voltar andar, mais rápido agora com seus passos, deixando para trás aquele estranho velho no seu carro preto parado ao lado da calçada.    Rebeca olhava a todo o instante para trás para certificar se não estava sendo seguida por aquele carro. Passaram-se treze minutos e Rebeca agora se encontrava mais segura na praça aonde havia várias pessoas conversando e muitas crianças brincando. Ela estava sentada num banco bem abaixo de uma árvore quando passou por ela uma garotinha. Esta vinha carregando duas sacolas bem cheias quando de repente uma delas se rasgou no fundo, vindo alguns alimentos se espalharem pelo chão. Imediatamente Rebeca se levantou e ofereceu ajudá-la. A menina sorriu timidamente e permitiu que ela ajudasse a ajuntar as mercadorias num só monte.
     - Obrigada pela ajuda... mas aonde vou colocá-las? Já que a sacola se rasgou? – perguntou a garotinha que era japonesa e um pouco menor que Rebeca. Foi Rebeca que teve a solução.
     - Coloque aqui, isso será como uma sacola e levarei até aonde você quiser. – disse Rebeca esticando a barra de sua blusa de lã para frente. A garotinha muito mais agradecida fez conforme o que ela tinha dito.
     - Pra onde você ia? – perguntou para a menina de longos cabelos pretos e lisos, enquanto caminhava ao seu lado, rumo a uma direção nunca antes por ela ida.
     - Eu estava indo para o clube da árvore. – informou ela, sorridente.
     - Clube da árvore...? – estranhou-a.
     - Exatamente. Eu e minha amiga construímos uma casinha de madeira bem em cima de uma árvore e é lá que a gente discutimos e nos reunimos – dizia entusiasmada. – Como você se chama?
     - Rebeca – respondeu olhando-a nos olhos. - Rebeca Becca.
Desta vez foi à vez da japonezinha estranhar, nunca vira um sobrenome tão estranho na sua vida, tirando o seu é claro, pois era oriental.
     - Que curioso é esse seu sobrenome, não acha? Becca... que origem é sua família?
Rebeca se entristeceu.
     - Eu não sei... eu nunca conheci meus pais.
A menina se preocupou.
     - Eles... morreram?
     - Sim... – disse tristemente. – Bem, e o seu nome qual é?
     - Me chamo Karina. E meu sobrenome também é um pouco estranho, é Yukia. Meu pai é chinês e minha mãe é japonesa.
     Depois de quase uns dez minutos de caminhada Karina parou ao lado de uma cerca alta coberta por folhas. Rebeca parou e esperou ela falar por que havia parado.
     - Bem, já chegamos.
     - É aqui? – indagou indiferente, olhando para a grande sebe que ocultava o que havia no seu interior.
     - É sim – disse. – Olhe, essa é a entrada secreta para entrar no nosso território.
Karina se aproximou e curvou para frente da sebe, e introduziu um braço para dentro das folhas, seguindo depois o corpo todinho. Rebeca ficou admirada. Logo depois o rosto de Karina ultrapassou as folhagens. – Não é genial?
     - Incrível...!
     - Não fique aí parada, entre também. – e o rosto da menina desapareceu. Rebeca curvou e passou pela sebe, enquanto as cegas entrava pra dentro, sentiu que nunca mais iria sair dali. A mão de Karina agarrou o braço da amiga e a conduziu para fora dela. Rebeca viu logo depois um terreno abandonado com uma árvore no seu centro, onde havia uma linda casinha de madeira nela. Maravilhou-se como era bem construída.
- O que significa isso, Karina?! – surgiu uma voz zangada atrás das garotas. Karina e Rebeca se viraram ao mesmo instante. Uma menina ruiva do mesmo tamanho de Rebeca estava ali, com os braços cruzado e inconformada. – Vamos! Responda!
Karina ficou um pouco apreensiva e disse um pouco trêmula.
     - B-Bem... Sabe Carla, essa é Rebeca Becca e ela me ajudou a trazer as compras porque uma das sacolas se rasgou... e como você vê ela se ofereceu carregar tudo em sua blusa. Não é legal? – seu sorrisinho era forçado.
     - Quantas vezes eu tenho que colocar nessa sua cabeça que não podemos trazer pessoas estranhas para dentro do nosso território secreto, hein? – seu tom de voz era ríspido.
     - Mas ela fez o favor de me ajudar – defendeu. – É assim que você agradece as pessoas que prestam ajuda as outras? – desafiou-a.
Rebeca sentia vontade de se retirar ou então de protestar, mas ficara calada, esperando elas se entenderem.
     - O que você quer que eu faça? Que a convide para fazer parte do nosso clube? – indagou indignada.
     - Podemos dar uma chance... – a voz da outra cortou o que ia dizendo.
     - Ficou maluca?! Como pensa em fazer isso se nem ao menos a conhece direito, e se essa menina for uma espiã daqueles insuportáveis garotos que querem tomar o nosso clube, hein? Será que ainda não lhe passou por essa sua cabecinha oca?
Rebeca então não agüentou a injusta suspeita proferida contra ela.
     - Escute, eu não sou nenhuma espiã e nem coisa do gênero, apenas fiz o favor de ajudar Karina a carregar as compras. Uma amiga verdadeira não deixaria a outra na mão, assim como você fez, deixando a sua companheira com o trabalho de carregar tudo sozinha! – Carla até então com cara de suspeita, agora permanecia ofendida. Rebeca abaixou e cuidadosamente despejou as quantidades de mercadorias no gramado do terreno, se levantando depois. – Bem, Karina... Obrigada por confiar em mim e não me julgar antes de me conhecer... tchau então. – Rebeca ia se dirigindo de volta por onde passara, e quando enfiava metade do corpo por entre as folhas ouviu a voz de Carla.
     - Espere, por favor. – Rebeca hesitou um pouco, mais retornou e ficou olhando para aquela garota que, agora estava um pouco vermelha.
     - Diga. – Rebeca esperava ela prosseguir.
Carla de olhos baixados e de mãos para trás se aproximou um pouco, dizendo.
     - Olhe eu... eu estava um pouco nervosa, e... – ia dizendo ela toda sem jeito, mas Rebeca interrompeu-a.
     - Gostaria que olhasse diretamente para mim, pois quando estava dizendo aquelas injustiças sobre mim, percebi que seu olhar encarava os meus. Então fale agora olhando para mim, por favor. – Rebeca falou aquilo sem mesmo acreditar no que falara, ficou também um pouco apreensiva, achando que agora a garota iria ficar ainda mais zangada com o que ouvira. Karina tremia com a sensação de medo, pois Carla era uma garota que não dava o braço a torcer. Mas para seu espanto a aquela garota de orgulho a flor da pele se rendeu.
     - Tudo bem, eu peço que me perdoe. Sei que fui muito egoísta. – e estendeu a mão. Rebeca sorriu e tocou a mão da outra.
     - Esqueça isso.
Karina não agüentou a emoção e pulou sobre as duas, caindo com elas no gramado.
     - Isso foi tão maravilhoso...! – e elas caíram na risada.
Passando o ar da graça, Carla se endireitou e sentou no gramado. Havia fiapos de grama em sua roupa e no seu cabelo ruivo.
     - Ai cansei – disse, puxando um pouco do fôlego para dentro. – Ei Rebeca, gostaria de fazer parte do nosso clube na árvore?
Rebeca permaneceu indecisa.
     - Aceita Rebeca, vai ser legal! Aceita! – Karina estava ficando desesperada com o silêncio da outra. Rebeca sentiu que se não falasse logo ficaria sem o braço, pois, Karina chacoalhava-na.
     - Está bem eu aceito. – disse massageando logo depois o seu braço. Karina havia rapidamente simpatizado por ela.
Carla satisfeita levantou.
     - Olhe vou subir e trazer uma sacola para pegar toda essa coisa, e depois vamos todas tomar um gostoso café da manhã.
Rebeca ia dizer que já tinha tomado o seu quando, lembrou da chacoalhada da amiga e preferiu não dizer nada. Carla se dirigiu ao tronco da árvore e começou subir uma escada de madeira pregada nela, quando estava lá em cima e preste a abrir a portinha do alçapão Carla viu a portinha se abrir.
     - SURPRESA! – duas caras de meninos surgiram. O rosto de Carla ficou abobada incrédula no que viam.
     - VOCÊS... – e um dos meninos chamado Luís Augusto despejou uma lata de tinta na cabeça da outra.
     - Nosso presente para você. Gostou? – disse sarcasticamente, enquanto o outro amigo, Ronaldo não parava de rir da cara de Carla.
Carla não disse nada, apenas desceu as escadas que já tinha subido. Karina e Rebeca estavam estupefatas, diante daquela cena surpresa.
     - C-Como foi que eles... eles entraram? – perguntou Karina chocada.
Carla não disse nada, e caminhou um pouco e depois sentou no gramado, enquanto a tinta amarela escorria dos seus cabelos ruivos.
     - Karina... eles são os garotos de que Carla estava falando, é?
A menina lançou um olhar para a janela do clube e ali viram eles rindo e apontando o dedo para Carla.
     - Exatamente...
A líder do clube se levantou, tirou um pouco da tinta do rosto e disse chorando silenciosamente.
     - Infelizmente agora perdemos o nosso clube para esses babacas.
Karina se surpreendeu ainda mais e com medo recuou para trás, já pressentindo o que a amiga dizia, nunca também antes vira a amiga chorando. Ou seja, aquela guerra estava terminada.
Rebeca estranhou a reação de Carla.
     - O que você está querendo dizer com isso? Que vai abandonar tudo? Que não vai tentar recuperar o que é seu por direito? – enquanto isso os meninos se divertiam levantando uma bandeira com um símbolo de uma caveira com dois ossos cruzado.
Carla ainda olhou para o clube, como se olhasse pela última vez.
     - Agora é tarde demais, Rebeca. Passamos anos tomando cuidado para esses garotos não descobrissem a entrada secreta, agora eles já sabem. Está tudo acabado.
Luís Augusto escutou de lá de cima e gargalhou, dizendo.
     - É isso mesmo, seu pimentão amarelo! Agora somos os novos donos desse chiqueiro aqui.
     - Mas Carla ainda... – Karina suspirou angustiada, e interrompeu-a.
     - Carla tem razão, Rebeca. Não podemos contra esses brutos, eles tem força.
A menina novata não podia acreditar que elas estavam desistindo sem ao menos lutar. Olhou para os meninos todos confiantes, fazendo caretas para elas.
Rebeca sorriu quando percebeu onde encontrara o meio de vencê-los. Ela sorriu.
     - Por que está sorrindo, hein. sua garota tonta? – tirou um sarro da cara de Rebeca.
Carla e Karina também estranharam a reação da nova amiga. Ela abaixou e pegou uma pedra.
     - Veja! Ela está pegando uma pedra. – informou Ronaldo, este não tinha tanta confiança assim como o outro.
Luís Augusto acalmou o amigo.
     - Relaxe, cara. O que você achou? Que ela iria derrubar a árvore com essa pedrinha, é?
Rebeca sussurrou baixo para as amigas ouvirem.
     - Afastem-se o mais longe que puderem e fiquem deitadas.
     - Como disse...? – se preocupou Carla.
Rebeca não queria explicar com detalhes, pois o tempo era curto.
     - Façam o que eu disse e confiem em mim. Fiquem deitadas e não se levantem.
Karina também não entendeu nada, mais puxou a amiga por um canto distante, onde seguiu o conselho da amiga. Custou um pouco de tempo para fazer Carla deitar de bruços no gramado. Rebeca experimentou a pedra na mão. É das boas.
     - Não vai tentar mesmo botar medo em nós com essa pedrinha, né?
Rebeca se preparou, como se fosse uma jogadora de beisebol.
O garoto sentiu desafiado e pegou um taco de beisebol que ali havia. Pediu que o amigo se afastasse.
     - Então mande essa pedrinha com toda a sua forcinha, sua bobinha. Manda com força e farei essa pedra em mil pedacinhos!
     - Eu espero que nenhum de vocês tenha alergia a picadas de abelhas. – disse Rebeca sorrindo maliciosamente. Os dois garotos estranharam e quando olharam para o lado, se viram bem próximos a um cacho de abelhas daquelas bem bravas.
Rebeca arremessou a pedra que atingiu em cheio o cacho de abelhas.
     - FUJA! – gritaram eles em pânico, enquanto as abelhas saíam do cacho nada contentes, e atacaram quem estavam mais próximas a elas. Os meninos!
Rapidamente a atiradora recuou para trás e deitou de bruços. Os meninos se agitavam com os braços tentando defender das picadas, e berravam quando recebiam uma ou outras ferroadas nos traseiros. As gargalhadas das meninas eram inevitáveis.
     - Ótimo plano em Rebeca? – gritou Carla de queixo erguido vendo os meninos descer as escadas e quando muito atrapalhados escorregaram na tinta e caíram.
- VOCÊ VAI RECEBER O TROCO SUA LOIRA BURRA! PODE GRAVAR ESSAS PALAVRAS! – gritou Luís Augusto se defendendo como podia das abelhas enfurecidas, e passando com amigo pela entrada escondida entre as folhas da cerca. Elas ainda puderam ouvir um uivo de dor de um dos garotos enquanto disparavam pela rua afora.
Rebeca levantou do chão e suas amigas maravilhadas com a façanha realizada foram comemorar.
     - Realmente você calculou bem – disse Carla admiravelmente.
     - Viu. Eles podem ter a força física, mas nós os superamos na inteligência. – disse Rebeca sorrindo.
     - Mas como você conseguiu acertar o cacho só com uma única vez? – Karina estava surpreendida com agilidade da amiga.
     - Desejo e confiança. Quando temos essa duas formas positivas podemos realizar muitos feitos. – informou a garota.
     - Nossa, de onde você tirou essa frase? Por acaso gosta de ler os livros de Paulo Coelho?
Rebeca pensou e respondeu.
     - Nunca li nenhum livro dele e não tenho certeza se eu tenha ouvido essa frase antes.
Karina ainda mais contente pulou em comemorativa.
     - O importante é que a presença de Rebeca trouxe exemplo para nós: nunca deixar de lutar sem ao menos lutar.
As três garotas subiram para o clube aonde tiveram que arrumar a bagunça que os meninos fizeram e depois se reuniram no tapete em redor, onde prepararam um pequeno café da manhã.
     - De onde veio esse seu sobrenome, Rebeca? – indagou Carla curiosa, lascando uma dentada num pão de queijo.
     - Sinceramente eu não sei. Creio que deve ter sido de minha mãe. Eu não cheguei conhecer meus pais, sabe. – disse Rebeca entristecendo.
Carla parou de mastigar e engoliu.
     - Eles... eles morreram? – indagou fazendo a mesma cara de Rebeca.
     - Sim. Mas fui criada pela minha avó.
     - Então deve considerá-la como sua mãe, não é mesma?
Rebeca manteve a expressão bem firme ao responder.
     - Antes sim, mas hoje não mais! – disse friamente.
Karina que tomava seu iogurte perguntou.
     - Porque não mais?
A menina suspirou profundo.
      - Porque ela teve a coragem de queimar a única lembrança deixada por minha mãe.
Carla puxou pro lado de Rebeca.
     - Nossa que ato mais cruel...
Karina conseguiu desviar o rumo da conversa.
     - Carlinha...
Carla levantou os olhos para ela desconfiada.
     - Quando você me chama assim, só pode querer me pedir algo importante, não é? – Karina balançou a cabeça positivamente.
     - Será que eu posso contar para ela sobre...
     - Karina já discutimos sobre isso antes – lembrou Carla cautelosa. Karina até então esperançosa se viu murchar de perspectiva. – Mas, como a nossa amiga já faz parte do nosso clube... ela pode saber sim.
Karina derrubou o pote de iogurte na maior felicidade. Rebeca olhava sem compreender o que se tratava aquela conversa.
     - Obrigada Carla!
     - Mas do que se trata isso? Quero saber, conte-me logo, por favor...!
Karina se curvou no meio da roda, toda empolgada.
     - Eu e a Carla iremos estudar em Wolbrans! – o sorriso da amiga era delirante.
     - Wol...Wolbrans...? Mas o que é isso, afinal? – ela estava indiferente.
     - Wolbrans é uma escola de ensino de magia, Rebeca, e lá os estudantes vão aprender fazer bruxarias, ou seja, iremos ser bruxas. – concluiu Carla, excitada.
Por um momento Rebeca permaneceu chocada, mas logo deixou um sorriso de alivio tomar seu rosto.
     - Nossa por pouco quase caí nessa história de escola de bruxas – Rebeca olhou para Carla e Karina, onde elas não pareciam estar mentindo. – Falam sérias?
Carla e Karina balançaram a cabeça positivamente, sustendo a verdade nos olhos.
Ainda era demais para aquela garota acreditar.
     - Como pode haver uma escola de bruxaria e que ensinam a serem bruxas? É-É quase impossível!
     - Você disse certo, quase impossível. Olha Rebeca, a magia está em todo o lugar, em nossa volta, por exemplo. Mas a grande magia mesmo está concentrada num único só ponto, que é em nós mesmo. – informava Carla em voz firme. A garota percebera que Carla não era o tipo de garota de esticar conversa, por esse motivo querendo ou não, começou acreditar.
Karina prosseguiu.
     - Como Carla disse, a magia tem que ser espremida para fora do nosso corpo em certas horas, e para isso acontecer temos que estudar a forma mais correta para podermos realizar feitiços e bruxarias sem o risco de ferir ninguém e muito menos a nós próprios. Há certos feitiços fatais e maldições de pronunciamentos extremamente perigosos. A magia é a coisa mais fantástica desse mundo, mas pode ser também muito ruim quando é utilizada para fazer maldade.
     - Nossa... Eu, eu estou muito surpresa com essa história toda. Pensei que isso só existia em filmes.
Karina levantou e caminhou até a um ponto, abaixando em seguida e examinando o piso de madeira encaixada em peça em peça. Deslocou uma parte com facilidade, e dentro do compartimento secreto tirou um livro grosso. Voltou com ele para a roda no tapete.
     - Aqui está uma prova de que existe a Escola de Wolbrans de Ensino de Magia e Bruxaria. – ela posou o livro no centro da roda. Rebeca pôde ler o que havia escrito na capa deste:


WOLBRANS – A ESCOLA DA MAGIA DE TODOS OS TEMPOS

Os olhos da garota se arregalaram quando as letras se tornaram brilhantes de um dourado bem lustroso e num piscar de olhos desapareceram e tornaram reaparecer.
     - Q-Que coisa fascinante... Que tipo de truque é esse?
     - Ainda não está convencida, não é? – perguntou Carla. – Então abre o livro.
Rebeca olhou-a admirada, e pousou novamente os olhos no livro em que segurava.
     - Vai Rebeca, não tenha medo de ver a verdade, abre – incentivava Carla.
A garota então o abriu. Parecia no início que não havia nenhuma palavra na página em branca e quando olhou para perguntar o que havia de especial nele, ouviu um ruído abaixo de seu queixo. Olhou incrédula na página que há pouco segundos atrás estava branca, mas agora ocupada por uma fotografia de um homem bem trajado, com um giz preto na mão. Até aí Rebeca poderia julgar outro truque bem planejado das amigas, mas o que vira e ouvira depois mudou rapidamente sua opinião de pensar.
     - Bom dia! Sou o Professor-Livro e tudo que você tem vontade de saber a respeito da escola de ensino de magia de Wolbrans posso facilmente responder. – gabou-se ele, fazendo uma postura de superioridade.
     - Ah, é? Então me diga quem foi o fundador do time LIXUS de Roqueiball? – desafiou Carla, sem prestar atenção na cara de espanto da amiga que olhava hipnotizada para aquele homenzinho na página.
     - Foi Perez Damião da segunda linha de Arguhood, da Argentina.
Carla ficou de boca aberta.
     - Impossível! Você acabou de dizer que responderia qualquer coisa a respeito da escola de Wolbrans e não de Arguhood! Como sabe que foi Pérez Damião?
O homenzinho falou numa voz um pouco emocionada.
     - Conheci um amigo leitor que era argentino... – suspirou. - Que saudade eu tenho de... EÍ! – de repente o homenzinho olhou bem para Rebeca. – Que negócio é esse de babar na minha cara, hein?
Rebeca então percebeu que sua saliva escorria pelo canto de seus lábios e pingavam no rosto desenhado daquele sujeito.
     - Além de falar também pode sentir! – olhou surpreendida para suas amigas que riram quando o Professor-Livro recebera uma pingada de saliva na cara. – Isso é o que chamam de magia, é?
Karina tomou o livro das mãos de Rebeca e o fechou, ainda puderam ouvir o grito de despedida do Professor-livro.
     - Eu sabia que você ia gostar – disse Carla convencida.
     - E vocês duas vão estudar nessa escola de magia?
     - Se tudo ocorrer bem, sim! – disse Carla.
Karina revelou se inclinando ainda mais perto da nova amiga.
     - Eu gostaria muito que você também fosse com a gente.
Rebeca olhou para ela.
     - E-Eu...?
     - Acredito que seríamos três excelentes bruxas e com certeza iríamos se divertir a dessa em Wolbrans.
A garota levou o dedo ao queixo, como se avaliasse o que a amiga acabara de proporcionar.
     - Pensando bem... até que não é nada de mau querer estudar magia – depois permitiu imaginar o que poderia aprender com as aulas de bruxaria. – Será que ensinariam a gente a pilotar uma vassoura de verdade?
     - Seria a primeira coisa que aprenderíamos com certeza – disse Carla, e depois acrescentou com um sorriso de surpresa. – E posso lhe garantir que muitas outras coisas que você nem imagina existir aprenderia na escola de Wolbrans.
     Os olhos azuis de Rebeca brilharam com imensa fascinação, e sentiu vontade de conhecer mais sobre Wolbrans e toda a sua magia.
     - Pede para sua avó, Rebeca! – comentou Karina excitada.
Rebeca estranhou.
     - Pedir o quê?
     - Ora, a deixá-la a ir com a gente para Wolbrans.
     - Para minha avó? – indagou zombeteira. A expressão do rosto de Karina mudou quando Rebeca informou. – Karina, ela nunca deixaria eu ir. Ela nem mesma permitia que eu fosse a uma festa de Halloween, olha lá a um lugar que ensinam magia!
Carla sugeriu.
     - Entre num acordo com ela.
     - Como assim num acordo? – ela não via como convencer a avó a deixá-la estudar magia e bruxaria.
     - É muito fácil e simples. Basta apenas você falar seriamente para ela assim: escute aqui vovó, eu só volto a te perdoar caso você venha me deixar ir com minhas amigas a estudar magia, se não eu não volto a falar nunca mais com você!
     - Carla! – ficou espantada com o que a amiga acabara de falar. – Como tem coragem de pedir isso para Rebeca? Isso é chantagem!
Carla apenas olhou com um olhar de desdenho para a amiga e perguntou virando novamente para Rebeca.
     - E aí, não acha que poderia funcionar?
Rebeca estava em dúvida.
     - Não sei o que dizer...
     - Ela te ama muito, não é? Qual é avó que prefere ver a neta com ódio dela para sempre? Você tem a peça final desse jogo Rebeca, é só aprender jogar.
Karina olhava indignada para Carla, e notou que Rebeca recebia a sugestão da amiga agora com mais vontade.
     - Creio que isso não ajudará em nada... – ia interferindo Karina. – Deve ter outro jeito para conseguir a autorização de sua avó, e não na base da chantagem... – mas Rebeca não ouvia a voz da outra.
     - Posso tentar... eu posso tentar... – sussurrou Rebeca, naquela altura incapaz de deixar ser novamente controlada pela sua avó.

Rebeca já retornava para casa, queria chegar antes da hora do almoço, não queria que a avó desse uma bronca nela. Ao longe a garota viu a senhora Marta, a vizinha parada na calçada da casa de sua avó, era estranha o jeito em que ela permanecia parada, pois estava inquieta, e Rebeca estranhou. Quando se aproximou mais para perto notou que a mulher chorava.
     - O que aconteceu, Dona Marta?
A mulher enxugava as lágrimas com as mãos e controlou a voz.
     - Rebeca... Você terá que me acompanhar até ao hospital. – estava arrasada.
Um tremor se apoderou de Rebeca.
     - O que houve? – começara a suspeitar que algo horrível acontecera. – Aconteceu algo com... com a minha avó? – Dona Marta abraçou-a, confortando.
     - Infelizmente sim, Rebequinha.
Era meio dia quando Rebeca desesperada desceu do carro da senhora Marta e se enfiou em lágrimas dentro do pronto-socorro do hospital. Seu coração estava pesado de arrependimento como tratara a avó e só queria vê-la e abraçá-la.
     - Hei menina! – gritou uma recepcionista levantando da cadeira de trás do balcão. – Você não tem autorização de entrar aí! – a voz daquela mulher estava tão distante de Rebeca que só tinha em sua mente o que a Dona Marta dissera poucos minutos atrás.
     “Ela teve um ataque do coração... só percebi quando fui levar um prato de doce para ela e ali estava ela, caída no chão...”.
Agora Rebeca corria para o imenso corredor do hospital, não importava que as outras pessoas a vissem chorando e correndo. Havia vários pacientes deitados em macas esperando para serem atendidos, mas ainda não via a sua avó entre eles.
     - Onde está você... vovó...? – tentou gritar, mas só o que saiu de sua boca foi um pesado sussurro.
Um médico conversava com um paciente a um canto na parede.
     - Senhor...? – ele olhou-a desconfiado.
     - O que você quer garota?
Rebeca esforçou para não gaguejar, o que foi impossível.
     - E-Estou procurando por minha avó, você a viu?
Antes que ele pudesse perguntar o que estava acontecendo, a garota disparava a correr pelo corredor, pois aquela recepcionista apareceu para pegá-la.
     - Peguem essa menina! – Rebeca respirava fundo, sentindo o mundo sumir pela sua frente. Ofegante subiu uma escada e se encontrou no corredor do segundo andar.
Agora ela não corria mais, apenas permitia que seus passos a levassem a frente, bem lentamente, para assim poder ter forças para chamar sua avó.
- Vovó! Onde você está, por favor, responda... – as lágrimas escorriam sem piedade. De repente ela parou, escutou um barulhinho leve a sua frente. Aquele som era de um aparelho-médico e se encontrava por trás de uma porta com uma janelinha de vidro. Rebeca abriu-a e a sua frente encontrava um leito. Havia alguém ali deitado, e ao seu lado estava o aparelho que registrava o estado do doente.
     - Vovó Paulina...? – ela começou a andar bem devagar. Havia também ali um outro médico acompanhado por uma enfermeira. Rebeca ignorou-nos, ela só pensava na sua avó. A cada passo que dava ao leito revelava quem era que estava ocupando-o. Era mesma a sua avó.
Ela estava medicada por soro e respirava com ajuda de aparelho respiratório.
     - O que essa menina está fazendo aqui? – indagou o médico perplexo. A enfermeira avançou para segurar Rebeca, mas uma voz rouca a fez parar.
     - É minha querida neta... deixe-na um pouco comigo, por favor... – Paulina acabara de abrir os olhos e voltar ao consciente. Ela sorriu esticando a mão para a neta em lágrimas.
     - Vovó... Eu, eu fui tão injusta com você... – e pegou com as suas mãos a mão da avó. Tanto as mãos da avó e da neta estavam frias, mas era a de Rebeca que tremiam.
     - Não chore meu anjinho... você é a pessoa mais importante da minha vida...
     - Você também é vovó... – e ela se curvou e beijou o rosto dela. – Por favor, me perdoe por ter maltratada à senhora, eu estava tão...
     - Não tenho o que perdoar meu amor, tenho sim que lhe pedir o seu perdão... – agora era a sua avó que chorava.
     - Você não fez nada pra mim... eu sim te magoei...
As mãos dela acariciaram o rosto da menina, e disse.
     - Você terá muito tempo para saber... para saber se sou digna de seu perdão.
     - Vovó eu preciso de você...      
As mãos dela se recuaram, como se já soubesse que havia chegado a sua hora de partir.
     - Tenha a certeza disso, Rebeca... Eu estarei presente com você nas horas mais difíceis... – o médico e a enfermeira perceberam que a reação do aparelho havia mudado, agora a sala se enchia de um alarme assustador.
     - Vovó...?! Não me deixe, por favor! Não! Não morra...! – e os olhos de Paulina se fecharam lentamente, mergulhando na profunda escuridão do nada.   



Biografia:
Sou escritor tenho 30 anos, moro em Nova Odessa, mas nascido de Americana-sp. Sou presidente e fundador da SENO (Sociedade dos Escritores de Nova Odessa) que é uma entidade sem fins lucrativos, organizando feiras literárias na cidade, como também premiações de concursos literários. Tenho um livro publicado em parceria com o Rotary Clube de Nova Odessa, em conscientização contra o uso do cerol nas pipas, chamado A Viagem da Pipa Fênix, que teve 800 cópias distribuídas gratuitamente em algumas escolas municipais e bibliotecas. Sou escritor no site canadense Wattpad uns dos mais frequentado do mundo, e meus livros já tem 2 milhões de leituras e milhares de seguidores, me tornando um dos mais acessados do Brasil. Ganhei destaque no site do Wattpad em 2015 ao ficar entre os 200 autores de mais sucesso do site, entre essa lista alguns consagrados escritores nacionais e internacionais, como Paulo Coelho, Dan Brown (O código da Vinci) e Meg Cabot, autora juvenil americana com milhões de leitores pelo mundo. Publicar em sites onlines tem sido uma ferramenta de grande ajuda para o auto reconhecimento, e nesse site, Escrita - BVE tenho mais de 60 mil leituras de três capítulos do meu livro juvenil. É uma honra em fazer parte desse grupo de amigos escritores e desejo a todos um 2016 próspero e de grande sucesso.
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