Cheiro de pipoca no café da tarde,
Gosto de infância no pão quente.
Abacaxi, tangerina, doce de coco,
Bolo de banana e muita gente.
À mesa sorrisos, gritos e acenos,
Uma goiabeira emoldurada na janela.
No forno o perfume ameno da tarde
E um doce de abóbora na panela.
Um marimbondo voando solitário.
Perdido no céu da velha cozinha.
A criança com olhar assustado
Sente a angústia de estar sozinha.
Badala o sino do velho carro de boi,
Alertando que o leite fresco chegou.
No ar o aroma da terra molhada,
Avisando que a primavera acabou.
Pés sujos de vida, alegria e barro,
Avermelhados como tardio arrebol.
Na mesa uma pequena forma de bolo
Tocada levemente por um filete de sol.
Cheiro de infância risonha no fogão,
Lenha queimando em ardente brasa
Criança adormecida voando alto
Num mundo colorido e sem asa.
Gosto de café com amendoim torrado,
Perfume do campo lembrando flor.
Lençol branco secando no varal
E no peito da criança somente amor.
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