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TERÇA-FEIRA
Terça feira oito horas me apareceu uma dor. Muito intensa ela era, comecei a vomitar, quase sem poder ficar em pé, recostei-me no sofá. Mas em torno de doze horas, resolvi buscar recursos médicos para diminuir meu mal estar e o vomito, fui ao um centro clinico amparado por meus familiares. Lá chegando o médico plantonista já havia saído, e o próximo ainda não havia chegado. Corre daqui e dali conseguiram uma doutora (pediatra) que ordenou que me medicassem com buscopam e com plasil. Mas eu continuei, vomitando e com dor apos o terceiro buscopam, e ela então solicitou uma ecografia abdominal de urgência, o que foi feito em um outro lugar, retornamos com eco, e foi constatado que havia muitas pedras na vesícula bilhar e ainda havia a possibilidade de estar com pancreatite, isso teria que ser confirmado com outros exames. Diante do quadro, fui encaminhado a um hospital de referencia do meu estado. Eu continuava vomitando e com muita dor.
No hospital foi não grande a espera para ser atendido, passei pelo medico, fui medicado, e coletei exames de sangue. Depois de uma hora, mais ou menos, minha dor passou. Entretanto teríamos que esperar três horas até que saíssem os resultados dos exames. Fomos para casa e retornamos aproximadamente as vinte e três e trinta. O plantonista pediu que minha esposa fizesse a internação.
Quarta-feira
Área verde, Banheiro, Cadeira
Aproximadamente as duas da manhã fui encaminhado a área verde de internação. Lá chegando pude observar que não seria fácil a estadia naquele local. Abriu-se a porta e observei uma área de aproximadamente 30x70 tomada de ponta a ponta de macas, cadeiras de rodas e cadeiras normais para os menos graves, basicamente todas ocupadas a exceção as que nos eram reservadas. No centro desse aglomerado de pessoas, macas e cadeiras, havia uma área restrita que só era permitida a entrada de funcionários. Num canto lateral direito dessa área, eram os banheiros masculinos e femininos, e em frente aos banheiros, estava a minha cadeira. Chegando ao local, a pessoa que nos levou, mandou que retirássemos todas as roupas e objetos e os devolvêssemos a nossos familiares, e que não era permitido que usássemos roupas de fora do setor. Foi ai que formamos uma fila, para trocar de roupa, tirei a minha roupa e recebi um avental e um cobertor, sentei na cadeira, os demais fizeram o mesmo. Passado alguns segundos, falou comigo uma senhora que estava na cadeira ao lado. Ela disse: Estou aqui a três dias, com pontada da pneumonia. Enquanto ela falava surgiu um homem de uns dois metros de altura, de meia idade, com um avental pela frente outro por traz, e entrou no banheiro masculino, no feminino entrou uma idosa franzina e grisalha. Durante toda aquela noite e parte do dia seguinte foi assim, entra um sai outro e ás vezes chegavam a entrar em equipe, um usava, o vaso outro o chuveiro e outro usavam o lavatório. Nós em frente ao banheiro partilhávamos dos odores e tudo mais. A cadeira era muito gelada. Percebi que entre eu e o acento da cadeira não havia nada e que por mais que me esforçasse o avental sempre faltava. Uma hora falta avental, e outra hora eu escorrego na cadeira, assim foi passando o tempo.
Quinta-feira
Na quinta veio o alivio, estava sem dor. Fui transferido para um quarto, que tinha duas camas, janela, porta, banheiro e nem um transitar. No quarto, já estava lá a sete dias o seu Sim, com o mesmo problema que o meu, e aguardava cirurgia, mas com complicações maiores que as minhas, pela idade e o diabetes. Pessoa tranqüila, do interior, porém sofreu muito na mão dos enfermeiros por falta de veia em condições de uso, para infundir antibioticoterapia. Quando seu Sim escapou do garimpo em busca de veia para infusão de soro e outros, me vi eu em maus lençóis. Entregue aos cuidados de uma técnica de enfermagem, muito atenciosa, porém com quase nada de habilidade com agulhas, foram varias tentativas sem sucesso, mas por fim conseguiram uma na dobra do braço, observação ( minhas veias eram visíveis até para quem não havia puncionado uma). Passado esse momento o dia foi tranqüilo. Sete horas da noite, aproximadamente, veio o medico e disse-me: Seu Luis, a sua cirurgia sai certamente até domingo. Entrei em um novo momento, de expectativas.
Sexta-feira
O soro, as paredes,o seu Sim, a comida ah ah! Mas me lembrei o que aquela Senhora lá da área verde havia dito. Já fazem três dias que estou aqui, e tem alguns que estão aqui a mais de uma semana em macas,e cadeiras. Alguns sem diagnostico, outros com diagnostico, porém sem um caminho a seguir pela medicina. Sexta e eu aqui!
Sábado
Aguardei visita. Meus familiares vieram, mas alguns amigos aguardados não compareceram. Frustrante!
Domingo
Seis horas tomei banho, coloquei o dito avental que cobre somente uma parte do ser humano. Sete e quarenta, fui encaminhado ao bloco cirúrgico. Aproximadamente as nove horas entrei em cirurgia, não sei que hora sai. Quando me acordei estava na sala de recuperação vomitando muito. Uma técnica de enfermagem me disse: Como esta seu Luis? Antes que eu respondesse, novamente ela disse: Sua cirurgia foi tudo bem, o Sr. Esta na sala de recuperação, e para sair daqui o Sr. Precisa fazer xixi e tomar alguma coisa, por via oral. Meio tonto e sem muita noção de ambiente, e de quem falava comigo, pedi um papagaio para urinar. Algum tempo mais tarde, chegou em minha mesa de cabeceira,duas fatias de pão misto e um copo de chá, o chá foi foi, mas o pão só de olhar me dava vontade de vomitar. Entretanto o pessoal se viu satisfeito com o que bebi e me deu alta para o quarto. Antes da cirurgia as pessoas me vieram dizer que seria por vídeo o procedimento, e eu tive a idéia de que ao terminar a videolaparoscopia, eu estaria como antes de adoecer. Quanta diferença! Entre o que se pensa e o que de fato foi. Mas enfim o que de verdade mais me atrapalhou foram as conseqüências do anestésico no organismo. Uma azia descomunal me tomou, pelas vinte quatro horas seguintes e fez da minha recuperação um inferno estomacal.
Segunda-feira
Enfim segunda, segunda de novo. Sete horas a equipe medica aparece e me examina. Tudo estava bem e possivelmente eu teria alta a tarde. O que de fato aconteceu. Vomitei ainda até quarta pela manhã, mas graças a Deus eu estava em casa e sem os cálculos e a minha vesícula.
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