Morreu?
Causo de um Chifrudo
-Xííííííí, tá morto mesmo! – Muito velho? – Nada sô! Pouco mais dos sessenta, coisinha de nada ... Acho que sessenta e sete.Sinceramente, não estou entendendo a situação. Veja você, será que realmente ele trabalhou muito, e foi o rei das estripulias ? Eu, particularmente , considerando o pouco que sabia do amigo dele , acho que não. Deve de ter sido um bola murcha mesmo. Um gambá cheira o outro, é o ditado. Pode ser que às vezes saisse um pouquinho do ritmo, se esforçasse mais, porém, nunca foi do tipo abusado. – Ééééé, e agora? – Agora, bola p’rá frente como se diz; a vida continua. Não será por falta de um tijolo que a parede não será erguida, não é?- É !
O indivíduo estava ali cabisbaixo, olhando para ele, meio hipnotizado, descrente do mundo, de todos, de tudo, muito triste, sem saber que rumo dar à vida; enfim, foram companheiros por toda a existência e não se conformava de modo algum com o ocorrido. Foram cúmplices em muitas coisas; em quase tudo. Agora, nesta altura da vida perde a fiel companhia do amigo, companheiro de tantas farras, companheiro dos bailes nos quais dançava animadíssimo com o mulheril, sempre de rostinho colado. Companheirão até mesmo nas inúmeras viagens que fazia com a esposa ou com as outras. Sempre os dois ali. Se marcava um piquenique com uma gata, lá estava o amigo também desfrutando de tudo; bem, de quase tudo. O amigo, na verdade, era um pequeno termômetro que indicava se o relacionamento daria ou não daria certo. E as viagens a trabalho? Não perdia uma; o amigo realmente era fidelíssimo ! Sempre disposto a dar sua contribuição para a felicidade do indivíduo e de quem mais os estivesse acompanhando, mesmo com a titular ou com a outra se fosse um programa dessa natureza. Sempre contribuindo com os recursos de que dispunha, e olha, não era dos mais desanimados não, sabe? Agüentava até alguma barra um pouquinho mais pesada que às vezes levava o companheiro a elogiá-lo diante dos demais colegas e amigos. – Pois é, mas chegou a hora, chegou mesmo! Tudo tem sua hora, tem sua vez. Acabou; tudo no mundo se acaba! E aí é que vem a filosofia de vida:- se , se perdeu o amigo, perdido não se fica; restam duas alternativas: Arranjar outro amigo igual não se conseguirá, pois igual não existe mesmo, então é se conformar ou mudar a direção da vida , buscando algo que lhe venha a preencher o vazio .
Há pessoas que preferem preencher o vazio, há os que se conformam com a nova situação . Já me contaram casos até de suicídio !
Esse tentou de tudo um pouco, suicida-se aos poucos fumando feito um desgraçado! Tem pressão alta ( não pode nem com a cor do céu) . Faz pouco mais de 15 dias que fiquei sabendo dele... achou outra saída. Fez-se de morto também! Deixou que amigos emprestados assumissem o empreito... curuz!!!
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