A mensagem de uma amiga chegou curtinha, dessas que diz tudo em poucas palavras, transmitindo a preocupação do significado entre dois fatos: um em favor e outro contra a vida.
De um lado uma jovem que enfrentou todos os sacrifícios de tratamentos possíveis para debelar uma doença grave, e que não conseguindo recuperar a saúde, perdeu a batalha para a morte. De outro, a jovem que esbanjava saúde, no mais amplo viço da idade, sofrendo do “mal de amor”, pois fim a própria vida praticando atitude violenta contra si mesma.
A Organização Mundial da Saúde assinala em setembro, o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que é uma iniciativa da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio.
De acordo com essas organizações, as estimativas atuais dão conta que cerca de 10 a 20 milhões tentam o suicídio anualmente, o que significa um milhão de mortes anuais, e mais, este número deverá ascender a dois milhões até 2010.
O interessante nessas estimativas é a curiosidade de que o suicídio acontece mais entre as mulheres. A diferença para os homens é que estes recorrem a meios mais eficazes. Para entender melhor, meios eficazes seriam aqueles tidos como morte rápida, que variam de tiro a jogar-se em precipício.
A grande preocupação da psiquiatria é outro dado estimativo alarmante, que dá contas do aumento de suicidas entre os jovens dos 15 aos 25 anos. Talvez esse fato seja explicado pela expectativa de sucesso da juventude ser muito mais intenso atualmente, em relação a poucos anos atrás, em face do desespero por não suportarem o confronto com sua própria realidade associadas as causas da pobreza, desemprego, drogas, isolamento social, problemas mentais e até da depressão, tida como o mal do século, síndrome do pânico e doenças físicas como câncer e AIDS.
Afirma ainda a Organização Mundial da Saúde, que o suicídio é um trágico problema de saúde pública em todo o mundo. Ocorrem mais mortes por suicídio que por homicídios e guerras juntos.
Os problemas ocasionados pelo suicídio vão além do óbito do suicida, pois supõe devastação emocional, sociais e econômicas para familiares e amigos, porque antes da consumação, se registram tentativas que provocam lesões, hospitalizações, traumas emocionais e mentais, que demandam tratamento especializado. A Rádio ONU divulga que não falar sobre o suicído só aumenta os tabus em relação ao problema e com isso o número de casos.
Penso nos que se suicidaram e mais ainda naqueles que carregam essa tendência cruel, pois infelizmente não buscam alguém que lhes dê atendimento fraterno, fale da incredulidade, da falta de fé, da dúvida e das idéias materialistas, pois provavelmente são pessoas que acreditam que o futuro é o nada e como se o nada fosse suficiente para oferecer consolação e o remédio para acabar seu sofrimento, que alías não passa de uma anomalia moral.
Necessário se faz deixar claro que o suicídio não compensa falha humana, ao contrário, o Espírito quando constatar o erro cometido descobrindo que o que buscava não se extingue com a vida, e mais, só prolonga sofrimentos em regiões umbralinas e frequentemente quando readquirem um novo corpo de carne, trás com ele as deficiências do corpo espiritual causadas por seus desajustes, tal qual nos ensina Emmanuel em seu livro Leis do Amor.
"O suicídio faz com que os amigos e familiares se sintam seus assassinos", disse Vincent Van Gogh o pintor pós-impressionista, freqüentemente considerado um dos maiores de todos os tempos que sucumbiu a uma doença mental, suicidando-se.
Yvonne Pereira exemplifica em seu livro Memórias de um Suicida, as “horas que se envolvam no negro manto das desilusões, a paciência e a humildade, lembrando que tudo é passageiro e que não será pelos desvios temerários do suicídio que a criatura humana encontrará o porto da verdadeira felicidade...”
Em Céu e Inferno, capítulo 5, o suicídio é tido como um crime aos olhos de Deus, e que importa numa transgressão da Lei Divina.
Em o Livro dos Espíritos, na pergunta nº 944 e na 953, constitui sempre uma falta de resignação e submissão à vontade do Criador. No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 71, aprende-se que “jamais o homem tem o direito de dispor da vida, porquanto só a Deus cabe retirá-lo do cativeiro da Terra, quando o julgue oportuno.”
O suicida é qual o prisioneiro que se evade da prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente tratado. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças maiores”.
O Espiritismo trabalha preventivamente para que as pessoas saibam das responsabilidades em praticar atos que possam agravar sua situação futura e não para condená-las ao martírio eterno.
É impressionante e até mesmo aterrador que tenhamos que chamar de “atual” o tema relativo ao suicídio, seja voluntário, seja indireto. Mas, lastimavelmente, é um mal crescente e uma preocupação de médicos, psiquiatras, psicólogos, e de todos os ramos de ciência do Ser e dos Espíritas, sempre atentos às chagas da humanidade.
Deus é amor e Ele outorga a todas as Criaturas a maior expressão da Sua Bondade Infinita: a possibilidade de os Seres evoluírem sempre, incessantemente; permite que as existências se sucedam ofertando as oportunidades infinitas de reajuste e reforma; e isso é possível através do mais efetivo veiculo da Lei de Evolução: a reencarnação.
Fico muito frustrado descobrindo que quando penso que sei quase tudo do mundo, sou surpreendido por essas informações entristecedoras. Lembrei meu pai me ensinando que tem dia para tudo.
Para prevenção de suicídio, posso até estar sendo rigoroso, mas com sinceridade, não concordo.
A meu ver é de cada um a responsabilidade pela vida, pois não me ocorre alguém querer abrir mão da sua mais cara preciosidade.
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