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Alzheimer e Autismo, iguais ou parecidos?
Amor é o remédio
Nilton Salvador

Resumo:
Parece-me entre tantas definições que já estabeleci que o Autismo seja uma escolha a priori e o Alzheimer a posteriori. Podem ser comportamentos ou efeitos em que o enfrentamento e ou a aceitação prevalecem.

Perguntei para duas amigas, ambas mães de autistas: qual a diferença ou ainda, a semelhança entre Alzheimer e Autismo?
Uma delas me contou que sua mãe ficou órfã de pai ainda menina, e teve uma doença que por não ter identificação na época, e por esse fator prevalecer foi internada num manicômio pelo resto da vida.
     O sentimento da família era o de que ela fizera a nossa conhecida e atualíssima depressão, o que nem por isso lhe pouparam da separação dos filhos que por sua vez tiveram que ser criados por famílias diversas, sendo privados dos mais sagrados direitos de amor, bens materiais e até alimentos, a exemplo da mãe.
     Sua mãe, conta, foi uma pessoa carinhosa, com muitos amigos, de uma bondade ímpar e solidária ao extremo, sempre dividindo com o mais necessitado o que lhe sobrava das benesses da vida.
     Embora possuindo somente as primeiras letras, adorava ler e sempre teve uma pilha de livros na cabeceira da sua cama encimada pela Bíblia. Fez poesias até o final da sua vida. Meu pai foi seu único namorado, casaram-se e ela sempre foi apaixonada por ele. Durante os cerca de 50 anos em que viveram juntos, nunca ouvi falar que entre eles houve rispidez, desentendimentos ou brigas, e mesmo já com a doença aparente, se sentavam de mãos dadas na varanda sempre que podiam. Ela sempre se preocupava com alguma coisa que não lhe deixavam e mesmo quando já não mais reconhecia as pessoas, dele, ela não se esqueceu.
     Era o Mal de Alzheimer que lhe exauria as forças em todos os seus sentidos.
     Igual passarinho que fica sem sua amada, pouco tempo depois dela, meu pai também desencarnou dizendo que não conhecia a vida sem ela. Quanto a mim, penso que sempre tentei fazer por eles o que me coube e estava ao meu alcance.
     O tempo, senhor da razão pelos mistérios que só iremos conhecer no dia em que formos dotados da sutilidade dos espíritos de bem, fez com que eu concebesse o meu filho, que se revelou um espírito valente trazendo na sua viagem terrena uma bagagem repleta de bons sentimentos e gestos, dotado de Autismo.
     Pela experiência com o Alzheimer da minha mãe e, entretanto o Autismo do meu filho assentiu que Deus, na sua infinita sabedoria privilegiou-me para ser cuidadora e partícipe em duas síndromes.    
     Cuidador e doente são antigos obsessores um do outro, e não é preciso recuar muito no tempo para saber e descobrir, pois mesmo nesta existência, com honestidade dá para analisar o processo em andamento e na dúvida basta analisar as relações familiares, como as coisas ocorrem.
     Bem, dizem que Ele dá a carga com o peso suficiente para que se possa carregá-la, e eu que já tinha sobrevivido ao Alzheimer da minha mãe, por que não sobreviveria ao Autismo do meu filho?
     O Mal de Alzheimer é uma doença do cérebro, descrita em 1906, degenerativa, isto é, que produz atrofia progressiva, que produz a perda das habilidades de pensar, raciocinar, memorizar, que afeta as áreas da linguagem e produz alterações no comportamento, em pessoas com mais de 60 anos de idade,
     Para definir o que seja o Autismo, desde a primeira descrição em 1943, existe um consenso em torno do entendimento de que o que caracteriza são aspectos observáveis que indicam déficits na comunicação e na interação social, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse.
     Penso que minha mãe cumpriu com uma prova das mais difíceis que um ser humano pode expiar, assim como meu filho está cumprindo a sua. Nunca os vi reclamar de qualquer coisa, injuriar alguém, desejar o mal, outro sentimento ou ação ruim, pelo contrário, ela exercia a Lei do Perdão para aqueles que mais lhe fizeram mal, e nunca guardaram raiva de qualquer ser. Sei também que eles não são perfeitos, e não é isso que quero fazer parecer, mas cada um a seu tempo, buscavam a luz, e isso para mim foi o exemplo que bastou para tentar ser uma boa filha e mãe amorosa para continuar a honrar seu nome.
     Parece-me entre tantas definições que já estabeleci que o Autismo seja uma escolha a priori e o Alzheimer a posteriori. Podem ser comportamentos ou efeitos em que o enfrentamento e ou a aceitação prevalecem.
     Diferentes ou assemelhados, o que cientificamente não nos cabe discutir, mas, espiritualmente falando: obsessão e traços personalísticos, a meu ver é claro, é que o dotado de Autismo já nasceu com traços de introspecção, escolhendo a sua solidão, e o espírito perdendo a vontade de permanecer no corpo, perde o interesse pela vida, mas enquanto aqui permanecer é porque está atendendo o chamado de amor da mãe, enquanto que o Alzheimer, depois de “viver a vida” escolhe o isolamento para se libertar do corpo que considera uma verdadeira prisão.
     O Mal de Alzheimer pode ser o umbral para os ainda encarnados. A exemplo do autismo, outra doença ou síndrome, temos que cultivar a paciência, tolerância, aceitação, dedicação incondicional, desprendimento, humildade, inteligência, e principalmente capacidade de decidir por si e pelo outro.
     São mistérios que iremos conhecer mesmo no dia em que formos espíritos de bem, depois de muito exercitarmos a Lei do Amor, embora estejamos caminhando para isso, tentando dessa vez fazer o dever de casa, como diz minha amiga.


Nilton Salvador
http://autismovivenciasautisticas.blogspot.com
rosandores@gmail.com


Biografia:
Escritor amador - Articulista em jornais, revistas, sites, grupos e listas de discussão, do ponto de vista bio-psico-sócio-espiritual. Autor dos livros: Vida de Autista; Autismo - Deslizando nas Ondas; Deficiência ou Eficiência – Autismo uma leitura espiritual e Vivo e Imortal - Ensinando a Aprender e Adoção - O Parto do Coração.Vida de Autista... E Eles Cresceram. Autista... Os Pequenos Nadas. Brasileiro,casado com Roseli Antonia, pai do Eros Daniel, a causa, da Anna Carolina e do Gabriel Lucca os efeitos, nascido em Joinville – SC.
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