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Autoajuda
Mitos e Verdades
Nilton Salvador

Quando se convive com pessoas doentes, encontramos muitas delas apaixonadas por autoajuda.

Algumas fanáticas, assim como outras que a desprezam logicamente sem conhecê-la. É uma forma de ser autossuficiente.

Estou quase morto mesmo, então para que perder tempo com essa conversa de autoajuda e outros que tais?

Isto é negócio para fazer a cabeça dos trouxas. É onda. É moda, pois existe uma quantidade enorme de especialistas no ramo.

São livros, programas de rádio e televisão, colunas fixas em revistas e jornais, palestras, spas e mais alguns especialistas de ocasião com variações sob o mesmo tema que de longe a gente sente o cheiro de falcatrua.

A ave fragilizada cai em armadilhas que às vezes trazem prejuízos irreparáveis a vida. Rapidamente se pode perceber que um doente usa um escudo de pretensiosa defesa, e com isso percebemos que para ele tudo no mundo perdeu seu valor.

Observamos que quando uma pessoa passa a receber alguma ajuda, seja material ou psicológica, imediatamente resiste e às vezes provoca desentendimentos que acarretam danos ainda maiores para a saúde orgânica, física e psicológica.

Consultando alguns autores na matéria, ficamos sabendo que Confúcio, nos primórdios da filosofia (551-479 a.C.) já ensinava: “De nada vale tentar ajudar àqueles que não ajudam a si mesmos”.

Aqui, se pode perceber que para sabermos o que é autoajuda, tivemos que recorrer à própria, pois descobrimos que alguns dicionários sequer registram o vocábulo, no entanto para suas causas nas variadas definições e conseqüências, encontramos registros com mais de mil anos em discussão, embora etimologicamente falando a nossa seja recém nascida por força da nova ortografia da língua portuguesa.

Não há ser humano que em alguma ocasião deixou de precisar da autoajuda, que só funciona com base na verdade de cada um.

Alguns autores afirmam que o progresso da humanidade se deve a ela, pois é sabido que nem sempre podemos construir alguma coisa sem destruir outra. É a metáfora da verdade.

Se individualmente não contarmos de qualquer forma com a força da verdade, jamais poderemos ajudar alguém.

Onde está a verdade?

Naquilo que os médicos me contaram sobre o meu diagnóstico?

Até que ponto eu posso aceitar que é verdade o que ele falou da doença que sou portador?

Será que tenho que confrontar a verdade dele, com outros profissionais para quem contei a mesma história?

Já que eles diagnosticaram que estou tão doente assim, os resultados previstos no tratamento compensarão os sacrifícios que terei que fazer para contar a minha verdade, para as pessoas do meu relacionamento?

A questão não é fácil, pois a autoajuda requer conhecimento do que é justo e injusto, nada pode ser parcial.

Tudo deve ser perfeito e bem orientado.

A angústia não pode ser confundida com pobreza.

Perde-se o emprego. Não se tem reservas financeiras. Não se pode pagar um plano de saúde.

Como proceder para comprar os remédios que quase nunca estão disponíveis nas farmácias oficiais e não se pode parar de tomá-los para não por em risco iminente a saúde já precária?

Como trabalhar para sustentar a si e sua família, se os efeitos colaterais dos remédios te impedem. Quem dará trabalho para um doente, e ainda mais em tratamento?

O doente passa a ser também um angustiado, que precisa reafirmar sua autoestima, com recursos, digamos, artificiais em uma sociedade que reconhece somente o dinheiro.

Como será viver de caridade?

A doença tanto brincou de esconde-esconde que finalmente foi encontrada. Foi flagrada tentando fazer maldades maiores, mas pode ser contida.

Não serão copiosas lágrimas que vão convencer alguém que a sua doença é diferencialmente melhor que qualquer outra, se é que existe doença boa.

Qualquer doente, a partir do diagnóstico, rapidamente se torna uma pessoa mais esclarecida. Seja como for, deixa de ser tão ignorante e tão estúpido como impensadamente podem julgá-lo.

A doença pode ser destrutiva, mas no momento do diagnóstico, imediatamente a pessoa descobre que sua autoestima está baixa, seus conhecimentos e experiências se renovam, e podem se transformar num princípio norteador para autossuperação do problema.

É a vida, aos gritos reclamando seu direito de ser e estar.

Quando nos descobrimos doentes, nos transformamos em peritos naquilo que não devemos fazer para manter nossa autoestima.

Praticamos uma imensidade de atividades absurdas e contrárias aos nossos verdadeiros costumes. Uma das primeiras é culpar os outros pelo que acontece conosco, pela má sorte e por aquilo que julgamos uma desgraça que nos atingiu.

Aprende-se que doença grave, seja ela qual for não discrimina ninguém para atacar. Qualquer pessoa em algum momento da vida poderá ter que lidar com o desafio de tê-la, ou manter contato com alguém nas mesmas circunstâncias.

Os medos adquirem dupla via, ora são objetivos, logo mais serão subjetivos.

Que tipo de atitudes devemos tomar?

Devemos tomar precauções contra os discriminadores. Eles pensam que tudo quanto é doença é contagiosa.

O lado bom de estar doente é descobrir quem desinteressadamente nos ama.

Sobre autoajuda o poeta romano Marcus Terentius Varro, (116 – 27 a.C dizia: “De nada vale tentar ajudar àquele que não ajuda a si mesmo”.

Ninguém pode ter certeza que os objetivos serão alcançados e muito menos que isso é necessário para mantermos a nossa autoestima.

Temos a obrigação de sermos rigorosos conosco mesmo, mas não devemos exigir mais do que aquilo que somos capazes.

Devemos nos manter justos e não exigir dos outros nem mais nem menos do que eles podem fazer por nós.

Nossas previsões a respeito de tudo aquilo que conseguimos fazer ainda não falharam, afinal até uma nova realidade já foi construída para vivermos.

Não sei quem que falou que “muitas pessoas que parecem estar lutando contra a adversidade são felizes: muitas outras, em meio a grandes riquezas, são infelizes”.

Contudo, se parte de nós ignora a realidade, não devemos esquecer que o nosso inconsciente é mais sábio que nós mesmos.

Precisamos sim de autoajuda principalmente para manter nossa autoestima.

Pensemos, pois.


Biografia:
Escritor amador - Articulista em jornais, revistas, sites, grupos e listas de discussão, do ponto de vista bio-psico-sócio-espiritual. Autor dos livros: Vida de Autista; Autismo - Deslizando nas Ondas; Deficiência ou Eficiência – Autismo uma leitura espiritual e Vivo e Imortal - Ensinando a Aprender e Adoção - O Parto do Coração.Vida de Autista... E Eles Cresceram. Autista... Os Pequenos Nadas. Brasileiro,casado com Roseli Antonia, pai do Eros Daniel, a causa, da Anna Carolina e do Gabriel Lucca os efeitos, nascido em Joinville – SC.
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