Amigo é aquele que anda ao seu lado sempre te empurrando, é chato,mas é teu amigo. Quer mostrar que tá ali do teu lado, rindo, falando besteira e sempre te empurrando, você pede para parar, mas fala rindo e empurra de volta. E assim vão caminhando juntos até o seu destino.
Li na internet a frase que define que “amigo é aquele que quando passa debaixo de uma árvore depois da chuva, puxa o galho só pra molhar você.”
Definição legal, e é assim mesmo. Ambos molhados e rindo.
Tive um amigo assim, mas ele se foi deixando uma carta onde explicava o seu ato. Não entendi na época o que aconteceu. Não havia um porque. Estávamos juntos sempre brincando, rindo, então por quê?
Após ler a carta, compreendi afinal o seu ato, compreendi o seu desespero oculto,o estar perdido mesmo que acompanhado.
O suicida não é aquele que num momento de desespero resolve abreviar a sua vida. Na verdade, ele é aquela pessoa que no decorrer da sua vida vai guardando um ressentimento aqui, uma frustração ali, uma solidão interminável acolá.
O suicida pode ser um doente que está com problemas tão internos que não podemos ver, não pode usar um gesso para explicar a sua doença e com isso nós não podemos os entender. Só podemos acreditar naquilo que vemos. Foi um erro fatal.
A pessoa doente assim, tão internamente, tão na alma, precisa de muita atenção, de se sentir útil, querida, desejada e muito amada. Mas mesmo tendo tudo isso, tudo ainda não é suficiente porque ela já não é suficiente para si mesma.
Não se resolve de uma hora para outra que tudo deve acabar; ele resolve que chegou a hora quando deixa de gostar de si mesmo, de sua vida. Quando isso acontece, qualquer “esbarrão” sem desculpas, um esquecimento de alguém, um corte no dedo. Ele só precisa de uma desculpa para por em prática aquilo que precisa fazer.
Meu amigo se sentia melhor nos dias chuvosos, frios, sombrios pois esses dias se identificavam mais com ele. Se acaso ele acordasse e se deparasse com um dia lindo de sol, ele se sentia perdido, deslocado.
Na época não entendia, aliás não entendia muita coisa tanto em relação a ele quanto a mim mesma. Éramos adolescentes, então tudo era confuso. Mas a minha confusão eu consegui administrar o suficiente para não cometer desatinos.
Mas ele, como não percebi que estava tão confuso, tão infeliz.? Como não pude ajudá-lo?
Nunca pensei que diante de uma grande risada pode-se esconder uma grande tristeza. Rir por rir. Sair por sair. Fazer tantas coisas por fazer. Quando se chega esse ponto já não está sentindo mais a vida. Viver se torna uma dor.
Meu amigo estava perdido, perdeu-se de si mesmo. Agora entendo.
Entendo também que quando alguém se sente perdido, deslocado, infeliz até não poder mais basta um tiro no ouvido ou um salto de um apartamento qualquer para o vazio para encontrar a paz de que tanto precisa.
Sei que é errado. Sei que é pecado, mas eu entendo.
Desejo que a sua alma encontre a paz cujo corpo não conseguiu encontrar enquanto estava entre nós.
Desejo que agora possa se sentir feliz, pois é isso que importa, se sentir feliz.
Saudades!
“Não é que o suicídio seja sempre uma loucura. (…) Mas, em geral, não é num acesso de razão que nos matamos.” Voltaire
|