O meu coração é uma asa viva
Que não se contenta em deter-se,
Ante o ensurdecido barulho do nada
E o incontestável desencanto ante o ser.
O meu coração quer flutuar
E ver
O tempo escrito, nas estrelas,
O tempo desejado, detido, à espera
Do renascer.
O meu coração quer corações
Que saibam, verdadeiramente, amar.
Não quer ser passageiro nem mendigo,
Mas permanência, no ato de gostar.
O meu coração quer abrir portas,
Quer abrir caminhos
Que tragam aos cegos a claridade,
Que os espera e que não querem ver.
Meu coração, com passos leves e serenos,
Quer mergulhar nos sonhos,
Falar de janelas e luar,
Cantigas e poesia.
Meu coração quer aglomerar,
Cercar-se de toda a gente,
Derramar os seus sentimentos,
Na medida do amar.
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