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Abstração
Ícaro Ribeiro Mendonça

Somente aos que entendem,
O que é a mais forte abstração,
Mergulhar no poço profundo da Mente
Velejar sobre os pensamentos,
Em uma escala decrescente de Importância social,
Porém aumentando na intensidade Reflexiva.
Então...
Passo pelas lembranças recentes Vividas,
Indo em direção as lembranças Antigas,
Também vividas.
Penso no que fiz,
Indo ao senso do que poderia fazer,
E desço com cuidado.
Para o que não fiz e deveria ter feito,
Indo para o que fiz,
Mas não deveria ter feito.
Chego às margens turbulentas
Da consciência.
Volto...
Mudo meu rumo,
Para as lembranças recentes não Vividas,
Indo as lembranças tardias,
Também não vividas.
Encontro uma rosa,
Ela me olha como se me conhecesse,
E me chama como se em mim Confiasse,
Percebo que a conheço,
Mas não confio na rosa,
Tenho certeza que ela é perigosa!
Novamente ela me chama,
Vou...
Conforme me aproximo,
Vou ficando cego,
E de repente logo surdo,
E de repente também mudo,
E de repente não mais penso,
Sinto seu cheiro e percebo,
Que agora eu só a sinto,
Não a ouço, não a vejo,
E ainda não penso.
E num esforço sobre-humano,
Tomo uma atitude.
E pergunto o seu nome.
Ela se chama desejo.
Meus sentidos voltam lentamente
E percebo que só não via,
Porque estava de olhos fechados,
E quando os abro,
Vejo que peguei a rosa pelo espinho,
E minha mão nele encravou,
E dali não saía,
Por mais força que fizesse.
O espinho se apresenta,
Seu nome é consequência.
E agora sinto dor,
Vejo que minha mão ainda sangra,
Volto a ouvir,
E ainda quem me chama,
É a mesma flor.
Ignoro-a, e consigo me soltar
Do espinho.
Que deixou uma cicatriz.
Saio dali...
Percebo que é uma caverna escura,
Com um ponto atrativo de luz
Ao fundo, bem fundo.
Ela me chama novamente,
Não vou...
Vou...
Não vou...
Vou...
Um bote certeiro de um animal
Rasteiro,
Uma cobra talvez,
Pergunto seu nome,
Ela se chama dúvida.
Enviada pela flor talvez.
Ainda estou na caverna.
Pensei que tinha saído!
Luto contra a cobra
Que me arrasta por todos os cantos,
E me tira daquele lugar.
Livro-me dela...
Não sei onde estou...
Não sei onde estava...
Não sei onde estaria depois...
Vejo uma praia...
Piso na areia...
Acho que já estive aqui...
Vejo a margem tranquila.
Porque agora está tranquila?
E antes que meus pés
Toquem na água.
A areia me diz:
Não vá!
Sua voz é familiar,
Sabe-se lá...
Meus pés tocam a água.
Familiar?
Quem era?
Não importa...
Que mar é esse?
Já sei quem é...
Novamente a consciência,
Que agora está calma,
E muito convidativa.
Água nos joelhos...
Vou mais afundo...
Água no peito...
Já?
Vou voltar...
Está difícil...
A correnteza esta me puxando...
A água me cobre...
Não sei nadar,
Não sei se sei nadar.
Já no fundo percebo,
Que mesmo ali posso respirar.
Fico...
Com os peixes nado,
Muitos deles me agradam,
Outros nem tanto,
Vou mais afundo...
Está escuro...
Vou voltar...
Não consigo...
Parem de me atormentar!
Vocês são passado!
Já chega!
Vejo de volta a superfície...
Nado para lá...
Chego a uma ilha...
Eu acho...
Não vejo ninguém por lá.
Mesmo assim parece ser populosa.
Sigo por ela...
E ela me olha,
Como se eu não fosse digno
De estar ali,
Tento sair...
Mas é uma ilha!
E por onde eu vim,
Volta a turbulência.
E a ilha me diz:
Saia por ali!
E me indica o caminho,
Para um labirinto,
Um labirinto?!
Como posso sair por ali?
Não a tempo para pensar.
As águas da consciência
Invadem a ilha.
Entro no labirinto...
Logo me perco...
Mas vejo que muitos caminhos,
Foram feitos por mim,
Sigo por eles então,
Eles vão se acabando
Um a um,
Sobrou só um...
Sigo por ele...
Ele se estreita,
Continuo...
Ele acaba,
Surgem muitos caminhos,
Estou perdido!
Quem é você?
Eu pergunto ao labirinto,
Meu nome é conceito.
E quem era a ilha?
Era o preconceito.
Porém continuo perdido,
Mas a cada caminho que sigo
Por ele,
Descubro novas coisas,
Aperfeiçoo outras,
Desfaço algumas,
Refaço outras.
E percebo que me perdi de novo,
Na complexidade de meus conceitos.
Sairei dali?
Não sei?
Olho para o céu e peço a Deus
Que me ajude...
Céu?!
O labirinto não tem teto.
Voo para fora dali.
E vejo o céu se aproximando,
Voo?
Pergunto as minhas asas,
Quem são vocês,
Minha asa direita responde
Eu sou a sua vontade de sair daqui,
Minha asa esquerda responde
Sou a liberdade,
Vejo o sol que se aproxima,
Ele me diz:
Escolha apenas uma asa!
Não posso...
Cairás então...
Escolherei então...
Penso...
Rápido...
Rápido!
Esquerda!
Escolhi...
Desço lentamente ao solo,
Chego a ele...
Olho ao redor...
Só vejo areia...
Nada mais...
Sigo por ele...
Nada vejo...
Só areia...
Só deserto...
Só...
So...
Solidão.
E agora...
E agora?
E agora?!
Um vento frio...
Suave...
Muito frio, e aumentando.
Vento forte, e cortante.
Deixa-me em paz vento maldito!
O vento nada responde,
Estou dentro de um furação.
Seu nome é tristeza.
Ela é forte...
E me leva direto a um abismo,
Sinto falta da asa direita!
Caio...
Parece não ter fim...
Porque estou aqui?
Pergunto ao abismo.
É para cá que a tristeza te leva,
Para o abismo profundo,
Da depressão.
Chego ao fundo do poço...
Encontro pessoas...
Conhecidas...
Íntimas até...
Íntimas demais...
Quem são?
Quem sou?
Sou...
Eu...
Muitos de mim, todos sou eu.
Faces de mim, todos aqui.
Eles se aproximam de mim,
Eu me aproximo de mim,
Muito perto...
Apertam-me...
Sufocam-me...
Saiam daqui!
Saio daqui!
Sairei daqui...
Vejo uma espada, afiada.
E a pego e a manuseio,
Como se fosse minha,
É minha...
E ela me diz:
Use-me!
Sem hesitar a uso,
E decepo a todos que me cercam
E os corto como,
Se fossem feitos de nada.
E o sangue deles,
Espirra em meu rosto,
Mas continuo...
Um a menos...
Dois a menos...
Três a menos...
Faltam poucos...
Só falta um...
Ele chora...
Porque chora?
Quem é você?
Eu sou você.
Todos eram você.
E a espada ri,
E grita:
Finalmente me usou!
Finalmente usou sua raiva!
E o sangue em meu rosto,
Entranha em minha pele,
E diz que jamais sairá,
Ele se chama remorso.
Maldita marca do assassino,
De mim mesmo.
Não aguento mais!
Sairei desse poço!
Mas como?
Uma corda desce de repente,
Pego-a com firmeza,
E subo...
Chego ao início...
O início de tudo...
Alguém me espera...
Com minha asa direita nas mãos,
Não sei quem é,
Mas agradeço...
Ela ri...
Porque se chama gratidão,
E junto a ela a compaixão,
E em única voz elas dizem:
Volte de onde veio,
Volte ao que é real.
O que é real?
Não sei...
Mas vivo mesmo assim,
Porque sei que todo caminho
Leva a algum lugar,
Não importa onde,
Volto então...
Deixo tudo aquilo para trás,
E lentamente vou acordando,
Pensando que era tudo só um sonho,
Mas sabendo que não era.



Biografia:
Premiações em relação aos textos por ele exibidos não constam em seu currículo, porém mesmo assim ele se atreve a escrever poesias e outros textos. Seus últimos projetos são poemas em que ele aparece com três pseudônimos: Christopher Santos, Július Sonsoriet e Flora Augusta.
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