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O Álbum Branco dos Beatles
Reginaldo Correia

No dia 22 de novembro de 1968, ocorria em Londres, Inglaterra, o lançamento do álbum The Beatles (e não Álbum branco como ficou conhecido por causa de sua capa totalmente branca), o décimo da carreira do grupo. Com ele, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr apresentaram ao mundo uma faceta pouco conhecida até então: a simplicidade. Algo que, nem mesmo no inicio da carreira (devido a toda a exposição causada pela explosão da beatlemania), conseguiram atingir. Abandonando por um instante o experimentalismo latente da época e embarcando na individualização para compor e criar uma de suas maiores obras primas.
Na verdade, a banda vivia um momento cheio de contrastes. Haviam lançado, no ano anterior, dois clássicos LP’s: o aclamado Sgt. Pepper’s e a trilha homônima do filme Magical Mystery Tour (embora os críticos de cinema o consideraram como um péssimo filme). Nesse mesmo período, abandonaram as turnês e perderam o empresário Brian Epstein, que morreu de overdose de tranqüilizantes aos 32 anos de idade.
Por outro lado, criaram um selo musical próprio, o Apple, pelo qual lançaram o bem sucedido compacto Hey Jude/Revolution, que vendeu mais de seis milhões de cópias. Mas, na contramão de todo esse sucesso eles também passavam por problemas pessoais; John (que na época estava praticamente divorciado de sua primeira esposa, Cinthia e já mantinha um relacionamento firme com a artista plástica japonesa, Yoko Ono) não se entendia mais com o parceiro musical, Paul. Os dois, aliás, não escondiam que preferiam trabalharem separados. George, por sua vez, reclamava um maior espaço para as suas composições nos discos dos Beatles e Ringo sentia-se menosprezado pelos colegas da banda (ele chegou até a abandonar as gravações do disco, voltando dias depois por insistência dos três amigos). Nem mesmo o período de meditação transcendental que tiveram no início do ano de 68, com o guru Maharishi Yogi, na Índia, conseguiu amenizar as crises que levariam dois anos depois à ruptura de um dos maiores fenômenos da musica contemporânea.
E foi em meio a todo esse alvoroço que os Beatles entraram no estúdio para iniciar as gravações do novo disco. Afinal, havia um contrato a cumprir com a gravadora EMI. O resultado, porém, só serve para reforçar algo que todo já sabe: somente gênios têm a capacidade de fazer com trabalho moldado pelo desleixo e por um certo descompromisso resulte em um produto de alto nível técnico, comercial e artístico como é o caso do Álbum Branco.
Para quem duvida é só ouvir o disco. Das 31 faixas editadas, 26 foram assinadas por John e Paul (apenas assinadas, pois não foram compostas juntas, com exceção de “Birthday”. No restante, quem faz os vocais principais é o autor) George conseguiu emplacar 4 composições sendo uma delas a linda "While My Guitar Gently Weeps" que conta com a participação de Eric Clapton na guitarra e até mesmo Ringo surgiu como compositor com a belíssima "Don't Pass Me By". No mais cada um fez o que quis neste disco e mais uma vez acertou.
Entre as principais criações de John estão uma homenagem para a sua mãe, “Julia”; uma sátira aos que viviam tentando decifrar as letras dos Beatles, “Glass Onion”; um blues “Yer blues” e a já clássica “Sexy Sadie” onde o beatle denuncia o guru Maharishi, aquele mesmo da meditação transcendental que, na época, segundo o próprio Lennon, estava mais interessado em paquerar as mulheres presentes e usar o nome da banda indevidamente. Já as principais contribuições do outro grande líder do grupo, Paul, foi à bela balada “I Will”; um rock a la Beach Boys “Back in the U.S.S.R”; um reggae “Ob-La-Di Ob-La-Da” e até uma homenagem para a sua cadela “Martha My Dear”.
O disco é tão diversificado musicalmente que, chegou a ser rotulado com o apelido de enciclopédia do rock. E quem ouve acaba tendo a certeza disso. A diversidade é tão grande que os Beatles conseguem sem esforço passar de baladas, “Blackbird” a heavy metal, “Helter skelter” (a musica mais pesada que eles conseguiram gravar e que serviu de inspiração para o psicopata Charles Manson e seu bando cometerem assassinatos em 1969 nos Estados Unidos). Entretanto, é nas duas últimas faixas do disco, “Revolution 9” (um amontoado de sons desconexos e colagens sonoras que a maioria dos beatlemaniacos odeia ate hoje) e, “Good Night” (uma canção de ninar, feita por Lennon, para o filho de apenas cinco anos, Julian e cantada especialmente por Ringo acompanhado por uma orquestra) que se pode ver com clareza o maior contraste do álbum. E é justamente esse contraste que faz dele uma obra imortal.
Por todos esse fatores o Álbum Branco estreou diretamente no topo das parada inglesa e americana. Ainda hoje, 40 anos depois, ele é lembrado como uma das grandes criações musicais do século XX e uma das obras primas do imortal quarteto que, saiu da cidade portuária de Liverpool direto para a historia. Só para se ter uma idéia, ele é o décimo na lista dos 500 melhores discos da revista americana Rolling Stone e o nono disco mais vendido na América. Números à parte, as provas de todo esse sucesso e importância estão no próprio LP, CD ou no MP3, pra quem preferir. Agora é ver, ouvir e conferir de novo esse clássico universal chamado: The Beatles – Álbum Branco.
09/12/2008


*O artigo foi publicado no site poppycorn.com.br e no site da revista Continente Multicultural



Este texto é administrado por: Reginaldo Correia da Silva
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