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Como melhorar o ensino do português na escola
Uma tema de didática
Vicente Martins

Resumo:
No presente artigo, oferecemos uma proposta de quatro oficinas ou encontros pedagógicos para a melhoria do Ensino do Português na Escola, especialmente o Ensino Fundamental. Tomaremos como paradigma para ação pedagógica a contribuição da Lingüística, Psicolingüística e Psicologia Cognitiva. As sugestões a seguir podem ser aplicadas ao próprio ambiente de trabalho, isto é, na escola e em serviço, reunindo professores-formadores e professores em formação contínua ou continuada.


Vicente Martins

No presente artigo, oferecemos uma proposta de quatro oficinas ou encontros pedagógicos para a melhoria do Ensino do Português na Escola, especialmente o Ensino Fundamental. Tomaremos como paradigma para ação pedagógica a contribuição da Lingüística, Psicolingüística e Psicologia Cognitiva. As sugestões a seguir podem ser aplicadas ao próprio ambiente de trabalho, isto é, na escola e em serviço, reunindo professores-formadores e professores em formação contínua ou continuada.
O primeiro passo dos docentes é considerar a proposta pedagógica da escola para o ensino Fundamental. Assim, pertinente é a realização de uma Oficina de Leitura, Análise e Reestruturação da Grade Curricular da Disciplina Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. A oficina pode ser denominada Como Desenvolver a Capacidade de Ensinar a Língua Portuguesa.
Caberá ao formador dos docentes tomar como parâmetro de estudo as diretrizes estabelecidas pelo MEC/CNE para o Ensino Fundamental, através de documentos específicos (PCN, Resolução, Portaria, por exemplo) sobre o assunto, reestruturando o currículo do Ensino Fundamental, para a discussão com os professores, em três dimensões: a) competências: comunicativa, lingüística e lectoescritora; b) Conteúdos: Fonologia, Ortografia, Morfologia e Sintaxe, com detalhes de assuntos ou tópicos de cada setor de estudo e c) Habilidades Cognitivas e Instrumentais a serem alcançadas no final de cada série.
A partir das discussões com os professores, os formadores, em geral, observarão que muitos pontos do currículo ainda não são devidamente trabalhados pelos docentes, prática que nos sugere uma formação deficitária dos mesmos.
Os erros ortográficos, por exemplo, ainda são trabalhados, em sala de aula, de forma tradicional, com punições e atitudes não pedagógicas, não levando o professor, em conta, a contribuição da Lingüística, Psicolingüística e Psicopedagogia na abordagem do ensino-aprendizagem da ortografia. Compreender mais sobre a memória, como as crianças memorizam as formas lingüísticas, é fundamental para um ensino eficaz em sala de aula.
Uma segunda oficina que proponho aqui pode ser denominada Como Desenvolver a Capacidade de Escrever Corretamente. Inicialmente, deve o professor-formador apresentar aos professores os principais teóricos sobre o ensino de Ortografia.
O professor-formador pode começar por oferecer aos docentes em formação, para um tratamento didático sobre a matéria, uma série de exercícios para que os mesmos, a partir das alterações ortográficas, verificadas nos textos escritos dos alunos, possam reverter a situação de disortografia e promover o domínio da língua na sua variação culta.
Em geral, essa oficina ou encontro vai assinalar a necessidade de uma formação específica dos docentes para o trabalho com a ortografia a partir da produção textual, especialmente tomando a revisão como parte do processo da construção do texto.
Minha terceira idéia é a oficina foi denominada Como Desenvolver a Capacidade de analisar e refletir sobre a Língua(Gramática). Nas discussões com os professores, percebemos que os mesmos têm a crença de que o domínio da língua culta passa pelo conhecimento gramatical e lingüístico.
O enfoque do formador deve ser o de que é responsabilidade da escola o ensino da gramática, o que não significa restrição ao ensino de normas gramaticais, mas uma atitude de mostrar aos alunos que a língua culta, especialmente a gramática normativa, referencia, em nossa sociedade letrada, uma classe social emergente e que é papel da escola pública, municipal ou estadual, oferecer aos educandos competências para aquisição e desenvolvimento da comunicação requerida para uma cidadania ativa.      De modo geral, os professores têm uma forte inclinação ao ensino normativo da língua portuguesa, especialmente as normas extraídas de textos referenciados pela literatura clássica, o que os levará, decerto, a orientá-los à tomada de decisão na escolha de novos paradigmas normativos de uso da língua previstos nos jornais e as revistas de grande circulação nacional e na mídia eletrônica, em especial, a Internet.

Por fim, a quarta e última oficina pode ser denominada Como Desenvolver a Capacidade de Leitura e de Produção de Textos(Leitura e Escrita). Esta Oficina mostrará, desde logo, a importância da compreensão leitora, isto é, a compreensão do texto lido, como uma das habilidades mais significativas no processo de formação escolar dos estudantes do Ensino Fundamental.
No tocante ao texto escrito, ao professor-formados caberá a oferta de uma metodologia processual, com base na abordagem cognitiva (Psicolingüística) para que os professores, em formação (e preferencialmente em serviço) trabalhem a produção textual em diferentes fases (planejamento, produção, seleção e organização de idéias, revisão, releitura do texto e edição final), de modo a não se limitar a avaliação do texto para verificação de aprendizagem (atribuição de nota), mas procurando dar um novo destino ou audiência aos mesmos: por exemplo, publicação dos textos dos alunos em jornais locais e na Internet.

1.     BRASIL. Ministério da educação. Qualidade da educação. Uma nova leitura do desempenho dos estudantes da 4ª série do ensino fundamental. Brasília: INEP, abril 2003.
2.     BRASIL. Ministério da educação. Qualidade da educação. Uma nova leitura do desempenho dos estudantes da 8ª série do ensino fundamental. Brasília: INEP, dezembro 2003.
3.     BRASIL. Ministério da educação. Qualidade da educação. Uma nova leitura do desempenho dos estudantes da 3ª série do ensino médio. Brasília: INEP, abril 2004.
4.     BRASIL. Ministério da educacão. Prova Brasil. Brasília: MEX/INEP. Documentos disponiblizados, por municípios, na internet: http://www.Inep.gov.br/básica/saeb/prova_brasil/
5.     COLOMER, Teresa, CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002. P. 29-88.
6.     CONDEMARÍN, Mabel, GALDAMES, Viviana e MEDINA, Alejanfda. Oficina de linguagem: módulos para desenvolver a linguagem oral e escrita. Tradução de Marylene Pinto Michael. São Paulo: Moderna, 1999. P. 109-188.
7.     CONDEMARÍN, Mabel, MEDINA, Alejandra. Avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 49-88.
8.     FIORIN, José Luiz. O ensino de português nos níveis fundamental e médio: problemas e desafios. In SCHOLZE, Lia, RÖSING, Tânia M.K. (Orgs.). Teorias e práticas de letramento. Brasília: INEP, 2007.p. 95-116.
9.     FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Descobrindo novas formas de leitura e escrita. ROJO, Roxane (org.). A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCN’s. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006. p.41-66. (Coleção As Faces da Lingüística Aplicada)
10.     GUEDES, Paulo Coimbra, SOUZA, Jane Mari de. Não apenas o texto, mas o diálogo em língua escrita é o conteúdo da aula de português. In NEVES, Iara Conceição Bitencourt et ali (orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: UFRGS, 2006. P. 137-156.
11.     MARCHI, Diana Maria. A literatura e o leitor. In NEVES, Iara Conceição Bitencourt ali (orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: UFRGS, 2006. P. 159-165.
12.     MARTINS, Vicente. Ficha de levantamento de informação da aquisição da linguagem – FILIAL. Sobral: UVA, 2007. (Documento originalmente sob o título Exames do ensino básico, da Junta Nacional de Exames/MEC/Portugal, adaptado pelo professor Vicente Martins para avaliação da linguagem escrita nas escolas brasileiras)
13.     MARTINS, Vicente. O método fônico na alfabetização de crianças. In CLEBSCH, Júlio. Educação 2008: as mais importantes tendências na visão dos mais importantes educadores. Curitiba: Multiverso, 2008. p. 142-143.
14.     MARTINS, Vicente. Plano de docência: leitura e escrita. Sobral: UVA, 2007.
15.     ROLLA, Ângela da Rocha. Ler e escrever literatura: a mediação do professor. In NEVES, Iara Conceição Bitencourt ali (orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: UFRGS, 2006. P. 166-173
16.     SCHOLZE, Lia. Pela não-pedagogização da leitura e da escrita. . In SCHOLZE, Lia, RÖSING, Tânia M.K. (Orgs.). Teorias e práticas de letramento. Brasília: INEP, 2007.p. 117-126.
17.     SERAFINI,Maria Teresa. Como escrever textos. Tradução de Maria Augusta Bastos de Mattos. 4ª Ed. São Paulo: Globo, 1999. p. 52-129.
18.     SMITH, Frank. Leitura significativa. 3ª Ed.Tradução de Beatriz Affonso Neves.Porto Alegre: Artmed, 1999. P.19-49.
19.     VIEIRA, Iúta Lerche. Escrita, para que te quero? Fortaleza: FDR/UECE, 2005. p. 99-134. (Coleção Magister)
20.     CEARÁ. Secretaria de Ciência e Tecnologia. Universidade Estadual Vale do Acaraú. Pró-Reitoria de Ensino da Graduação. Centro de Letras. Curso de Letras. Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Letras – Licenciatura Plena. Sobral: UVA, 2005.
21.     CEARÁ. Secretaria de Ciência e Tecnologia. Universidade Estadual Vale do Acaraú. Pró-Reitoria de Ensino da Graduação. Centro de Letras. Curso de Letras. Resolução Nº 92/2005 – CEPE, de 16 de dezembro de 2005, que estabelce a Estrutura Curricular do Curso de Licenciatura em Letras – Habilitação em Língua Portuguesa. Sobral: UVA, 2005





Biografia:
Vicente Martins, natural de Iguatu(CE) é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará.
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Publicações de número 1 até 9 de um total de 9.


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