De quarenta milhões de células,
Uma se fecundou.
Nove meses de angústias,
E uma criança chorou...
A primeira lágrima cai.
Criança feliz, criança que brinca,
Criança que corre,
Cai e se machuca.
Criança que chora...
Mais algumas lágrimas caem.
Criança que pergunta,
Criança que responde,
Briga bate e apanha.
Criança que chora...
Mais uma lágrima cai.
Criança que cresce,
Que estuda, se forma e se informa,
Que de alegria chora.
Que causa orgulho aos criadores...
Mais uma lágrima cai.
Criança crescida,
Que adulto ainda não é.
Que diz a verdade como todos,
Mas mente como ninguém...
Uma falsa lágrima cai.
Adulto quase formado,
Que novas pessoas conhece,
Que namora, ama e perde.
E como criança chora...
Outras lágrimas caem.
Adulto que não é adulto,
Que criança ainda quer ser,
Que evita o inevitável,
Que chora porque não quer crescer...
Mais uma lágrima cai.
Família que é família,
Não briga e não se separa e nunca morre.
Ao menos na teoria,
A prática é dolorosa...
Caem as lágrimas finais.
Ligeiro e repentino.
Tudo aconteceu,
Não necessariamente desse modo.
Ao menos foi o que pareceu...
A penúltima lágrima cai.
Morte é morte,
Não é o revés da vida.
Ao menos na teoria,
Melhor morrer do que ver a morte.
A última lágrima cai.
Ninguém é dono do destino,
Ninguém sabe o quanto irá chorar,
Ao menos na teoria.
Um coração fechado não chora jamais...
Nenhuma lágrima mais.
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