Currículo oculto é o nome que se dá às aprendizagens que não estão escritas e nem explícitas no currículo formal, mas que acontece o tempo todo com as crianças em sala de aula, também na Educação Infantil. São práticas que permanecem no âmbito escolar, e diz respeito a todas as manifestações que acontecem no ambiente escolar que não aparecem no planejamento, contribuindo de forma implícita para a construção do indivíduo. Sacristán, (2016, p. 7, apud Colasanto, 2020), destaca que “a ênfase à criança e ao processo educativo é o princípio que apoia a concepção de currículo atrelado à experiência dos alunos, nas instituições escolares”.
Com relação ás influências que compõem a aprendizagem, as experiências acabam sendo a parte mais importante para o conjunto da obra, o currículo é fundamental para uma escola; porque a escola trabalha com as emoções, os sentimentos, os conhecimentos e a interação com o próximo. Consequentemente, o currículo oculto no âmbito escolar, fornece contribuição para a interpretação do mundo, e dos aprendizados dos alunos por meio das ações educativas. “O trabalho coletivo, a observação das crianças, as características de cada contexto escolar, bem como a nossa leitura de mundo, as teorias e as nossas concepções são aspectos importantes no processo de construção de um currículo” (BORTOLANZA e FREIRE, 2018, p. 76).
Barbosa e Horn (2008, apud Lira, et al, 2018, pg. 8), afirmam que “construir um currículo a partir de pistas do cotidiano e de uma visão articulada de conhecimento e sociedade é fundamental”. Um processo em construção deve evidenciar concepções de aprendizagem e desenvolvimento da criança na escola, suscitando um diálogo permanente entre a teoria e o fazer educativo num processo dinâmico.
Assim, se destina a incumbência de um currículo, mas de certo modo obter a compreensão das reformas curriculares é complexo, devido aos impasses de assimilar a teoria com a prática, levar essas questões para a sala de aula, apropriar-se de estratégias necessárias para o seu andamento e seu desenvolvimento, enaltecendo sua importância no meio escolar, fazendo-se necessário que sua estrutura esteja articulada com as vivências dos alunos.
O desenvolvimento do currículo oculto funciona de maneira implícita por meio dos conteúdos sociais, culturais e políticos do dia-a-dia, de interações e tarefas escolares, onde representa a natureza inconsciente do cotidiano escolar e modela as práticas, atitudes, comportamentos, gestos, percepções de todos envolvidos no processo de aprendizagem. Foi com o currículo que a escola “assumiu uma posição ímpar na instauração de novas práticas cotidianas, de novas distribuições e novos significados espaciais e temporais” (VEIGA NETO, 2002, p. 164. apud CAMPOS, 2014, pg. 3).
Nos momentos em que alunos fazem suas colocações pessoais e seus questionamentos, desde o mais simples ao mais complexo, os professores devem apropriar-se nesses momentos para trabalhar o coletivo com os seus alunos. Esse tipo de troca deveria ser constante. O fato destas especificidades não estarem explícitas no currículo escolar, expõem as dificuldades das práticas pedagógicas que, os professores lidam na rotina das salas de aula. Situações essas que fazem parte do currículo oculto e do processo de socialização dos indivíduos. “Mostrar as dificuldades práticas que surgem na escola quando se trata de implementar projetos de formação de valores para a convivência” (MUNÔZ, 2014 apud GONZÁLEZ 2020, pg. 14).
No processo de formação do indivíduo e na sua inserção no meio social, que o professor protagonista deve legitimar vozes e abrir espaço para falas diversas no ambiente escolar, que por muitas vezes são silenciadas, reconhecendo o direito desses sujeitos. Faz-se necessário abrir cada vez mais esses espaços propiciando mudanças para o processo de reeducação ao abordar os temas sobre o preconceito, a discriminação, a injustiça, por exemplo. Incluir valores para a proposta curricular regular traz à luz, o currículo oculto, o informal deve aparecer no planejamento do professor e estabelecer conexão com histórias reais do cotidiano dos alunos.
Favorecendo a cultura do diálogo pautado na fala intelectual das crianças e fortalecendo o respeito ao outro. “II – uma dimensão não explícita, constituída por relações entre os sujeitos envolvidos na prática escolar, tanto nos momentos formais, como informais das suas atividades e nos quais trocam ideias e valores, constituindo o currículo oculto, mesmo que não tenha sido pré-determinado ou intencional” (BRASIL, 2013, p. 180).
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