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Jurgen Habermas, a razão é apenas instrumental
Giulio Romeo

Jürgen Habermas, filósofo e sociólogo alemão, é conhecido por suas contribuições à teoria crítica, especialmente em relação à razão e à comunicação. A noção de que "a razão é apenas instrumental" é uma crítica que ele aborda em sua obra, distinguindo-a de uma visão mais ampla e comunicativa da razão.
Jürgen Habermas é um dos filósofos e sociólogos mais influentes da contemporaneidade, associado à Escola de Frankfurt e ao pensamento crítico. Sua obra se destaca por trazer à tona discussões sobre democracia, comunicação e o papel da razão na sociedade moderna.

Habermas se opõe à ideia de que a razão se resume a um uso "instrumental" ou "estratégico". A razão instrumental refere-se à capacidade de usar o raciocínio como uma ferramenta para atingir fins específicos, frequentemente vinculada à eficiência, controle e ao poder técnico-científico. Este tipo de racionalidade é muitas vezes associada à modernidade, onde as sociedades priorizam o progresso material e o sucesso prático.

No entanto, Habermas critica essa visão limitada, argumentando que a razão não deve ser vista apenas como um meio de manipular o mundo e as pessoas para alcançar objetivos particulares. Ele propõe a ideia de uma "razão comunicativa", onde o foco está no entendimento mútuo e no consenso gerado por meio do diálogo entre os indivíduos. Nesse contexto, a razão tem uma função ética e social, pois permite que as pessoas cheguem a acordos com base na troca de argumentos racionais, respeitando a perspectiva do outro.

Assim, Habermas defende que reduzir a razão ao seu caráter instrumental é insuficiente para lidar com os desafios da vida em sociedade. A razão comunicativa, em contraste, busca criar uma base de legitimidade para as normas e decisões por meio da participação democrática e do diálogo aberto. Para ele, é através da interação comunicativa que se pode construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde o entendimento, e não a manipulação, seja o objetivo da razão.

Essa distinção entre razão instrumental e comunicativa está no cerne de sua crítica à tecnocracia e ao predomínio das lógicas de mercado e do poder nas esferas da vida pública e política.

Teoria da Ação Comunicativa

Uma de suas principais contribuições teóricas é a Teoria da Ação Comunicativa, que se insere no debate sobre o uso da razão e os fundamentos da interação humana. Para Habermas, a modernidade trouxe uma concepção instrumental da razão, ou seja, uma razão que se preocupa apenas com a eficiência e o controle de meios para alcançar fins. Isso, segundo ele, empobrece o potencial de emancipação e entendimento mútuo nas relações humanas e sociais.

Em contraposição a essa visão instrumental, Habermas propõe o conceito de razão comunicativa, que se baseia na ideia de que os indivíduos, ao se comunicarem de maneira aberta, livre e sem coerção, podem alcançar um entendimento mútuo e racional. Nesse processo, o objetivo não é apenas alcançar um resultado eficiente, mas sim chegar a um consenso sobre a verdade, a justiça e as normas que regem a convivência.

A razão comunicativa parte da ideia de que, em uma situação ideal de fala, os interlocutores participam de um diálogo genuíno, no qual todos têm a oportunidade de expor seus pontos de vista e questionar as posições dos outros de maneira crítica e racional. Esse processo é mediado por normas de argumentação, que incluem a busca por coerência, a autenticidade, a ausência de manipulação e a abertura à crítica.

Habermas acredita que essa forma de comunicação é fundamental para a democracia, pois possibilita a deliberação pública e a formação de uma opinião coletiva legítima. Em uma sociedade democrática, o espaço público deve ser um local de debate, onde os cidadãos possam se expressar e argumentar com base em razões e não em interesses meramente instrumentais ou manipulatórios.

A razão comunicativa, portanto, é o conceito central da teoria de Habermas e representa uma visão otimista sobre a capacidade dos indivíduos de resolverem suas diferenças por meio do diálogo. Para ele, a emancipação social e a verdadeira democracia dependem da criação e do fortalecimento de espaços onde essa comunicação ideal possa ocorrer, resgatando o papel da razão como meio de entendimento e transformação social.

Habermas se contrapõe ao cinismo e ao pessimismo que outras correntes filosóficas, como o pós-modernismo, podem trazer ao enfocar o relativismo e a impossibilidade de um consenso racional. Ele aposta que, com a razão comunicativa, podemos superar os conflitos sociais e as distorções do poder, construindo sociedades mais justas e democráticas.


Biografia:
Professor de Ciências da Religião, Teólogo e Pesquisador de Ciências ocultas. Procuro a verdade e quero compartilhar meus estudos sobre o comportamento filosófico e religioso de povos e comunidades, que tem a fé, como sustentáculo de sua existência tridimensional.
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