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O CONCEITO NET SPEAK.
A LINGUAGEM DA INTERNET
LEANDRO DE MORAES ALMEIDA

Por um lado, a net speak facilita a comunicação rápida e eficiente entre os usuários,
adaptando-se ao ritmo acelerado da era digital. No entanto, essa informalidade pode gerar
preocupações entre educadores quanto aos seus possíveis impactos negativos na escrita formal
dos estudantes. A habilidade de articular pensamentos de maneira clara e concisa é essencial
tanto para a comunicação acadêmica quanto profissional.
Impactos na Escrita e na Comunicação
Educadores estão atentos aos efeitos do uso excessivo da linguagem da internet no
desenvolvimento das habilidades de escrita formal. A falta de prática na escrita estruturada e
gramaticalmente correta pode prejudicar a capacidade dos jovens de se expressarem
adequadamente em contextos mais formais. Contudo, é importante reconhecer que nem todos
os efeitos da net speak são negativos; alguns termos e expressões emergentes já foram
incorporados à linguagem formal, demonstrando a dinâmica e a evolução da linguagem.
Desafios na Interpretação e Compreensão
Um aspecto crítico da linguagem da internet é sua propensão a gerar mal-entendidos devido à
ausência de entonação e expressividade presentes na comunicação verbal. A interpretação de
mensagens pode ser distorcida, exigindo dos usuários um cuidado extra ao escolherem suas
palavras para evitar equívocos.
Potencial para a Aprendizagem e Conexão Global
Apesar dos desafios, a net speak também oferece oportunidades significativas. Como
ferramenta para a disseminação de informações e conexão entre pessoas ao redor do mundo,
ela pode enriquecer a aprendizagem ao permitir a troca de ideias de forma instantânea e
global. Quando utilizada com consciência e responsabilidade, a linguagem da internet pode
fortalecer as habilidades comunicativas dos jovens, preparando-os para um mundo cada vez
mais digitalizado.

QUEM FOI SAUSSURE?
Ferdinand de Saussure, um nobre europeu, nascido em 26 de novembro de 1857, no
Castelo de Vufflens, localizado num distrito da cidade de Genebra, Suíça, filho de um
importante naturalista, Henri Louis Frédéric de Saussure (1829-1905), iniciou, ainda muito
cedo seus estudos superiores em física e química na universidade local. Tradicionalmente, os
homens da família se dedicavam às ciências naturais, mas Saussure, ainda com quatorze anos,
já estudava línguas e já conhecia inglês, grego, alemão, francês e sânscrito. Durante o curso
de física e química, dedicou-se informalmente ao estudo de gramática grega e latina.
Preferindo os estudos sobre linguagem, o filólogo Adolphe Pictet (1799-1875), amigo de sua
família, orientou-o a seguir com esses estudos. Assim, transferiu-se para Berlim, onde estudou
sânscrito, celta e indiano. Transferindo-se, depois, para Leipzig, na Alemanha, a fim de
completar seus estudos, estudando mais línguas européias. Em 1877, com apenas 20 anos,
Saussure publicou o livro "Mémoire sur le système primitif des voyelles dans les langues
indo-européennes”. Essa dissertação foi fruto de um importante estudo em lingüística
comparativa sobre o primitivo sistema das vogais nas línguas indo-européias. Tendo-a
apresentado à Sociedade Lingüística de Paris, obteve grande aceitação e passou a gozar de
boa reputação diante dessa Sociedade, sendo recebido como membro. Apesar do sucesso,
Saussure fez somente duas publicações em vida, esse trabalho e sua tese de doutorado.
Doutorou-se em Leipzig, em 1880, com tese sobre o emprego do genitivo em sânscrito, De
l'emploi du génitif absolu en sanscrit. Suas demais publicações foram todas póstumas,
inclusive o Cours de linguistique générale, cuja primeira edição é de 1916. Saussure retornou
a Paris em 1881, depois de concluir sua formação na Alemanha. Tornou-se instrutor na École
des Hautes Études de Paris, onde lecionou sânscrito, gótico e alto alemão. Assumiu a cátedra
de lingüística e prosseguiu com as disciplinas de lingüística histórica e filologia
indo-européia. Em 1891, transferiu-se para a Universidade de Genebra, onde permaneceu
lecionando sânscrito, lingüística indoeuropéia e lingüística histórica em geral até 1906,
quando foi alçado professor titular de lingüística e encarregado de ensinar lingüística geral.
Foi nesse ponto de sua carreira, mais precisamente de 1907 a 1911, que Saussure ministrou os
três cursos de lingüística geral, os quais o tornaram célebre no âmbito dos estudos da
linguagem.
DEFINIÇÃO DE LINGUAGEM POR SAUSSURE
Segundo Saussure, a linguagem é um sistema de signos que permite a comunicação
entre os membros de uma comunidade linguística. Esses signos são compostos por unidades
linguísticas (como palavras) que possuem significados associados (significados) e formas
sonoras ou gráficas específicas (significantes). Saussure enfatiza que a relação entre
significante e significado é arbitrária e convencional, ou seja, não há uma conexão natural
entre a palavra e o conceito que ela representa. Além disso, a linguagem opera através de
diferenças e relações entre seus elementos, onde cada termo ganha sentido em contraste com
outros termos dentro do sistema linguístico, ressaltando sua abordagem estruturalista e sua
ênfase na análise das relações internas dentro de um sistema linguístico, em vez de estudar
apenas os elementos isolados da linguagem.
Uma língua é um sistema no qual todas as partes estão
solidariamente interligadas: não se pode mudar uma delas sem que o
conjunto seja modificado. (SAUSSURE, 2006 [1973], p. 16)
Whitney citado nominalmente pelos discípulos de Saussure no Cours de linguistique
générale. Humboldt passa a ser reconhecido como o primeiro linguista europeu a identificar a
linguagem humana não simplesmente uma coleção de palavras e frases acompanhadas de
significados como um sistema governado por regras, e, Whitney, por sua vez, estudou
profundamente, mas por alterações nas línguas, nas mudanças sofridas pelas línguas,
objetivando compreender os problemas relacionados ao ensino e à aprendizagem de línguas .
Saussure trabalhou conceitos importantes determinados a partir dos estudos de Whitney, tais
como o de que a língua pode ser aprendida e que é transmitida de uma geração para outra, por
ser uma instituição concreta, por estar na base do aspecto social tese confirmada,
cronologicamente falando, pelos grandes nomes estudados por Saussure, e também, os que
surgiram após. Como demonstrado na tese de Milani (2000), de que uma visão ampla dos
fenômenos implicados na comunicação humana depende da compreensão do conceito de
linguagem por parte do pesquisador.
Saussure observou que “Whitney, a quem eu reverencio, nunca disse
uma única palavra sobre o mesmo assunto [sobre uma visão teórica
da linguagem] que não fosse correta, mas, como os demais, ele não
suspeita que a linguagem necessite de sistematicidade”[…]e os
estudiosos posteriores parecem concordar em geral que um elemento
importante que faltava o de Whitney sobre a linguagem era de fato a
noção de estrutura linguística sistemática e interconectada (p. 108 –
tradução nossa).13
Já Benveniste (1902-1976), linguista francês que recebeu significativo reconhecimento
na evolução de estudos de relevância plena para o desenvolvimento do pensamento sobre a
comunicação humana, não renega a teoria de Saussure, mas, ao contrário, propõe um avanço a
partir dela. Benveniste, porém, não define a partir da distinção verbal desses conceitos, isto é,
nem sempre utiliza palavras distintas para se referir a esses dois conceitos que, por sua vez,
são distintos, sendo o conceito de a linguagem, para ele, não havendo o emprego da língua,
tende a restringir ao uso da língua, em seu papel de peça comunicativa, fazendo com que não
haja linguagem em sua composição.
A linguagem, porém, é realmente o que há de mais paradoxal no
mundo, e infelizes daqueles que o não veem. Quanto mais nos
adiantarmos, mais sentiremos esse contraste entre a unicidade como
categoria da nossa percepção dos objetos e dualidade cujo modelo a
linguagem impõe à nossa reflexão. Quanto mais penetrarmos no
mecanismo da significação, melhor veremos que as coisas não
significam em razão do seu serem-isso substancial, mas em virtude de
traços formais que as distinguem das outras coisas da mesma classe
que nos cumpre destacar. (BENVENISTE, 2005, p. 45; grifos do
autor).


Biografia:
Professor no Componente Curricular Geografia, e Língua Portuguesa.
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