Texto para Stand Up Comedy
Boa noite pessoal! Primeiramente quero agradecer a presença de todos, e em especial aos que pagaram inteira. Tá, aos que pagam meia também. Pela quantidade de vans que eu vi chegando ao teatro, acho que a meia entrada tá bombando hoje. Graças o povo que vem de van ao teatro pra me assistir, eu consegui comprar uma Kombi pra minha esposa trazer velhas para minhas apresentações. Sejam todos bem vindos. Espero que se divirtam bastante... Ah!... Os homens da plateia que ainda não saíram do armário podem ficar tranquilos, eu hoje risquei piada de gaúcho do meu repertório.
Vou começar falando de Sogra. Ou melhor, das minhas sogras... No plural mesmo. Apesar de eu só ter uma esposa, que amo profundamente. Beijo querida! Eu sou um felizardo... Por obra divina do Senhor, eu não tive filhos, porém o acaso me deu três sogras... E todas bem vivinhas da silva . Pensam que estou de sacanagem? Tô não. A mãe da minha esposa, que se chama Perpétua, largou o marido , no caso o meu sogro, para viver com a Sandrão. Sandrão é uma mulher do sexo feminino. Gente, no século XXI dizer “Mulher do sexo feminino” não é mais redundância, né? A Aridiana do BBB bagunçou com a gramática.
No sábado fui obrigado a buscar as minhas duas sogras no aeroporto. Dose dupla. Eram três da tarde, eu estava sentado no sofá, bebendo a minha geladinha e me preparando psicologicamente para assistir o meu Vasco arrebentar na segundona, e aí chega minha mulher sorrateiramente com aquela voz melosa impondo: Beem vai buscar a mamãe e Sandrão no aeroporto. O número do voo delas é o um um sete um, pela Azul, e desembarcam às dezesseis horas e vinte minutos, no Santos Dumont. PUTA QUE PARIU!
Pior que não adiantou eu argumentar que já tinha bebido duas latinhas de cerveja e poderia ser pego pela lei seca. Lá fui eu para o aeroporto, cuspindo marimbondos. Para variar, a porra do voo atrasou mais de meia hora. O primeiro tempo do jogo foi pro caralho. Zero a zero contra um time de merda que no ano passado jogava na terceira divisão. O que ia me deixando mais puto. Quando eu vi as duas atravessando o portão de desembarque com as bagagens no carrinho. Juro que só pensei em suicídio. Eram quatros malas, daquelas que a gente quase se caga para colocar no porta mala do carro. Olhando para aqueles equipamentos de viagem, eu pensei: No mínimo dois meses de sofrimento. Não vai ser visita. Vai ser encosto. Deus é pai... Sacana, mas é pai.
No domingo, tô lendo meu jornal, na paz do Senhor... Toca a campainha... Plim plom... Antes de abrir a porra da porta, pensei ... Domingo... Oito da matina. Só pode ser... A porra da sogra. Esperança, a minha terceira sogra... Atual mulher do corno do meu sogro. Ela é de Juiz de Fora e amigona íntima da Ana Carolina. (cantarolando com voz bem grave) É isso aí... Não preciso dizer mais nada.
Beleza, agora o asilo estava completo. Asilo temático! Sem sacanagem, se as minhas sogras fossem católicas, a minha casa viraria o convento das Carmelitas. Como não é o caso... O único perigo é o asilo se transformar também em hospício. Três lésbicas da terceira idade... Que fazem reposição hormonal. Imaginem as minhas três sogras lambendo tapete e colocando suas aranhas pra brigar, ao mesmo tempo. Barbaridade! Que putaria da porra!
Numa boa gente, sem preconceito... Como tem sapatão e viado no Rio de Janeiro. Onde eu moro então, tem veado pra caralho! Literalmente falando... O povo de São Francisco, Campinas e Juiz de Fora adotaram o meu bairro. Ipanema virou reduto gay Na praia só da bandeira do arco íris, do fluminense, do São Paulo e do Grêmio. Será por que todo tricolor tem vocação pra gay? Quando digo que moro na Farme de Amoedo, tem sempre um babaca por perto que sai com aquele trocadilho sem graça: Mora bem mermão! Farme de amoedo ou na Farme de amoaids? É foda de aturar! Por isso que eu, e mais alguns amigos do bairro, resolvemos criar o movimento HÉTERO FOREVER. Já redigimos até um manifesto. A mídia, principalmente a TV Globo, através das suas novelas e dos noticiários, vêm nos bombardeando impiedosamente. Estes “formadores de opinião” estão levando o maioria da população a acreditar que o heterossexualismo é o câncer da sociedade. Só falta agora algum deputado da bancada evangélica propor a lei da cura hétero. Brincadeira! Por isto, temos que criar o “Dia do orgulho hétero”. .. Pensando bem , não! Porra! Quem tem orgulho é gay. Que tal Dia do prazer hétero. A minha ideia é organizar uma puta caminhada pela orla de Copacabana e convidar personalidades combativas, como Jair Bolsanaro, Pastor Feliciano e Pastor Malafaia, para engrossar nosso ato . Seria o máximo ver os três cidadãos, em cima de um trio elétrico, mandando beijos para a galera ao som do Village People. Cantarolando... Macho macho man...
Quero também aproveitar a oportunidade para convidar o público masculino, presente aqui hoje, para ir ao Rio engrossar o nosso ato. Mesmo os que fizeram meinha e brincaram de boneca na infância estão convidados. Com a força dos gaúchos, a gente coloca mais um milhão na passeata.. Aqueles que já estão acostumados a viajar pro Rio na época de carnaval param se vestir de mulher e “soltar a franga”, também serão bem vindos. Afinal... A moral é rígida, mas a carne é fraca!
Falando em moral rígida, pra terminar vou falar um pouquinho de política. Partidos e candidatos não. Sou um alienado, graças a Deus . A última coisa que eu quero virar um chato como o Arnaldo Jabor. Até hoje não consegui distinguir qual partido é de esquerda, de centro, ou de direita. Mas não importa... Afinal... Quem liga pra partido? Antes das eleições, político da oposição só pensa em como foder político da situação diante das câmeras. E vice versa. Depois que passa o pleito, tanto o político da oposição como o da situação só pensa em como foder a gente atrás das câmeras. Haja viagra! Em Brasília, as alianças políticas deveriam chamar Meinha. Porque tudo rola na base do toma lá, dá cá. E a gente aqui só tomando... Foda! Do jeito que eu falo, até parece que sinto saudades da época que fomos governados pelos milicos. Jamais! Na democracia nós podemos escolher quem vai nos foder. Já na ditadura, além de não poder escolher quem... (gesto obsceno). Somos estuprados e ainda temos que sofrer calado. Viva a democracia!
FIM
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