A teoria dos atos de fala de John L. Austin pertence à segunda fase do autor, que sucede sua primeira fase – relacionada ao descritivismo e aos atos constatativos e performativos. Em sua segunda fase, o autor irá propor um esquema que permite uma sobreposição (overlapping) dos atos constatativos e performativos anteriormente trabalhados por ele. Essa teoria dos atos de fala estuda a estrutura dos atos de fala e reparte o ato de dizer algo em três partes. Assim sendo,a locução passa a ser formada pelos elementos:
• Fonético - relacionado à emissão sonora (Phones);
• Fático - corresponde à construção gramatical e ao vocabulário, em uma unidade da linguagem com entonação e estrutura (Phemes);
• Rético - no âmbito do sentido (Rhemes).
Disso, pode-se depreender que o elemento fático pressupõe o fonético, então o rético pressupõe tanto o fonético quanto o fático, sendo necessário o contexto para a construção do sentido, bem como formas de se expressar adequadas que alcancem o objetivo do que se pretende comunicar, remetendo à Lei de Poe.
A repartição dos atos de fala está compreendida na teoria dos atos de fala e distingue:
• Ato locucionário - é um ato de proferimento que enfatiza o significado, os elementos da locução permanecem;
• Ato ilocucionário - tem em vista um sentido de intenção, sendo permeado por convenções sociais. Vale ressaltar que “locucionário e ilocucionário” caracterizam um mesmo ato, que é dotado desses dois desdobramentos;
• Ato perlocucionário - gira em torno do resultado, é um proferimento que busca causar um efeito. A partir dele se verifica como se realizam as coisas no mundo naturalístico (efeitos/consequências) por meio dos atos de fala.
Vale ressaltar que remetem a um mesmo proferimento, contendo três atos distintos. Ademais, conclui-se a importância da teoria dos atos de fala de Austin ao analisar seus impactos em posteriores teorias da linguagem, como a teoria de J. Searle, que se aprofunda no estudo de atos ilocucionários, e a teoria das implicaturas conversacionais de Grice, que tem enfoque na
teorização sobre o ato perlocucionário, no que tange às investigações de Austin sobre o resultado.
Disciplina: Filosofia da Linguagem
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