Nesse ritmo, Chris Martin (Coldpllay) logo estará tocando ‘Trem Bala’ no ‘Teleton’ ou cantando no encerramento do ‘Criança Esperança’. Com discursos enfadonhos, Chris se iguala a Leonardo DiCaprio ou Mark Ruffalo tuitando para “salvar a Amazônia”. Não se sabe se é megalomania, tédio da vida pós-sucesso ou coisa de assessoria oportunista, mas o destino é conhecido: cacique Raoni no palco, Santo Daime e perda de relevância musical.
Musicalmente indiscutíveis, Sting, Bono Vox e Roger Waters caíram nas armadilhas do sucesso e decidiram ir até ali e mudar o mundo. Se bem que o assessor surge com uma frase de efeito a ser entoada como um mantra. Afinal, esse populismo pop sempre funciona. Ou não. Às vezes, quem grita “We don’t need no education” não aceita doutrinação.
Esses músicos consideram contar com uma massa, bestificada como zumbis, sem opinião própria e agem como líderes messiânicos, conduzindo o povo a uma terra prometida (salvação), que só eles sabem o caminho, bem como onde fica. Esse proselitismo barato significa jogo ganho, mas não pode substituir os acordes de guitarra. Quando não se sabe se está num show de rock ou numa missa, alguma coisa está errada.
Achando que entram em campo com o jogo ganho, crendo que têm a plateia pagante na mão, eles acreditam que qualquer “I love Brazil” ou o baterista vestido com uma camiseta da seleção brasileira ganhará a ovação automática. Como mentiras sinceras não interessam mais, não temos mais um comportamento sectário.
Mesmo com um carisma descartável, apesar da catarse ensaiada, o artista consegue uma conexão, embora frágil, escorada num sentimento de culpa coletiva. Nessa “vibe”, o “charlatão vendedor de um mundo melhor” domina um ambiente propício à culpa coletiva. Aí brotam pérolas como: crítica ao capitalismo, dentro dos Estádios Unidos; ou culpabilização das nações industrializadas, no coração da Europa ocidental. Isso é como a Marilena Chaui (“Eu odeio a classe média”) sendo efusivamente aplaudida num auditório da USP (Universidade de São Paulo).
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