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Diferentemente dos doutores escolásticos, cuja liberdade intelectual estava submetida em última instância à ordem religiosa, William Petty destitui a autoridade moral de seus argumentos, rompendo com a tradição feudal e pautando na concretude o seu pensamento econômico, ainda que elabore considerações sobre a religião. Para exemplificar, pode-se citar a ideia de preço, que passa a se impor ao invés da anterior concepção de preço justo. Ou seja, a importância de Petty e o motivo pelo qual ele é considerado o pai da economia política, está em sua contribuição para a racionalização da economia, visto que o autor afixa o princípio e a fonte da riqueza, que seriam a terra e o trabalho produtivo. O autor escreve uma série de disposições no contexto da Irlanda do século XVII, examinando a pobreza como o fruto da riqueza advinda do trabalho, sendo necessário um redimensionamento social por meio de um recenseamento e da verificação dos encargos públicos e seus agravos. Ademais, Petty analisa as modalidades de tributação bem como o repúdio popular às mesmas, principalmente no que diz respeito à capitação, em razão do critério da igualdade que se sobrepõe à equidade, sendo essa última definida pelos sujeitos de menor poder aquisitivo. Outro ponto de fundamental realce em sua obra é a proposição de multas em substituição das penas descritas com o detalhe de suas atrocidades. Ou seja, a monetização das infrações representou novamente uma tentativa sólida de reconfigurar as estruturas sociais com foco na racionalidade, o que proporciona uma vantagem econômica ao Estado que encontra a oportunidade de tributar, ao passo em que indica um método mais adequado de promover a reparação pública por um dano cometido individualmente. Dessa forma, institui-se a razão como um instrumento efetivo de intervencionismo social com viés de exatidão e técnica econômica.
Disciplina: Economia Política
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