Carrões, arquitetura, tudo remete aos anos 50. Parece um museu a céu aberto, mas é um país que parou no tempo por falta de recursos. Cuba é esse lugar. Tradução da utopia socialista, durante anos foi o “exemplo” de revolução e quimera do poder popular. O sonho cubano está caindo, mas estava podre há muito tempo.
O acesso à internet, mesmo que restrito, permitiu aos moradores da Ilha compararem as condições em que viviam com outros países. Aí não teve doutrinação escolar que resistisse à comparação. As novas gerações não aceitam o pesadelo que foi “vendido” como sonho. Filas, rações, restrições e escassez não é a igualdade prometida, isso é igualar por baixo. Cuba é um lugar legal para turistas e ruim para quem mora lá.
Nas redes sociais, choveu mensagens atacando e defendendo a ditadura castrista. Os que defenderam ainda preservam aquele ideal de que “A Ilha” é um paraíso idílico libertado do jugo yankee. Esses gastaram todos os eufemismos para dourar a pílula e edulcorar o que estava acontecendo. Passeata, reivindicação de vacina foram alguns dos subterfúgios para tentar amenizar a revolta. Revolta pedindo liberdade. Teve até alguém que, desavisado, insistiu no argumento em desuso que a Medicina cubana é exemplar.
Recentemente, assisti a um documentário sobre o dia a dia cubano chamado Cuba e o Cameraman. O cameraman foi a Cuba diversas vezes, durante 50 anos, desde os tempos de Fidel Castro (com quem fez certa amizade). Durante essas várias idas à Ilha, acompanhamos a evolução (ou regressão) do país e do povo. Cuba passou por um período de “luna de miel” com a suposta libertação feita pela revolução e sobrevivência enquanto recebia recursos da União Soviética, Venezuela e, graças ao PT, do Brasil.
A cada ida do cinegrafista a Cuba, fica clara a degradação do país — que parou no tempo —, bem como da população. As pessoas que foram acompanhadas nessas idas e vindas foram morrendo e perdendo o sorriso. Curiosamente, a sensação de que tinham prosperado, mesmo sem vê-los, vinha quando falavam que partiram para os Estados Unidos.
Quando a realidade cubana derrubar falsas narrativas, virá aquela velha desculpa: deturparam Marx.
“Sabe lá
O que é morrer de sede
Em frente ao mar…”
(Djavan)
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