O famigerado sargento Severino
Quando fora remanejado para o rancho, não sabia a causa e o motivo, mas consequências teriam aquele novo ambiente de trabalho do velho Sargento Severino. Afinal, ficar responsável por três refeições diárias num grupamento de recrutas, não era tarefa fácil. Não demorou muito tempo, para o descontentamento do graduado aparecer. E os alunos começaram a sentir na pele a ira do sargento. Quem nunca encontrou uma pedra no feijão ou alguns gorgulhos no arroz ou no macarrão? Sem falar naquele cigarro Broadway, aceso o tempo todo no preparo das refeições. Não demorou muito tempo, e ao ser escalado para lavar os tachos, talheres e pratos do rancho, passei a observar aquele graduado insatisfeito com o serviço e mal humorado com todos que o cercavam. E eis que um dia o velho sargento um pouco animado, faz uma piada de mau gosto e todos que estavam no rancho, ainda um pouco apreensivos riem daquela conversa. Então, um aluno soldado se dirige ao sargento e lhe pergunta: sargento, onde o senhor trabalhava antes? Ele então responde: trabalhava em Caraíva. Gostava de trabalhar lá, até que me enviaram pra esse inferno dantesco. E então, o famigerado sargento Severino nos conta o porquê de sua saída de Caraíva e sua vinda para o rancho. Grande apreciador de uma moqueca de peixe, o sargento nos contou que avistara um pescador que havia chegado do mar com uma corda de peixe. Aproximou e perguntou ao pescador se era pra vender e quanto era a corda do robalo. O pescador sisudo e insipiente olhou para o sargento e lhe disse: Arre égua, sargento! É pra vender, mas pra o senhor eu não vendo nada. O sargento olhou para o pescador e disse: se não vende pra mim, não vai vender pra ninguém, sacando o revólver calibre 38 e atirando na corda de peixe do pobre pescador que vê seu peixe todo despedaçado com a ira do graduado. Daí, percebemos o verdadeiro motivo dele ser remanejado para o rancho e sua insatisfação de estar ali. E pensar que o almoço do próximo dia no rancho seria moqueca de peixe. Só não podia perguntar ao sargento se seria catado de peixe ou escabeche à bala.
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