Era chegado o momento de parar de me fantasiar como negacionista. Tive que escolher entre as vacinas produzidas a toque de caixa. Emergenciais, fabricadas no desespero, apressadamente e sem passar por testes fundamentais. Voluntariamente sou cobaia de um experimento científico de controle social. Outro argumento, nada edificante, era contribuir com lucros exorbitantes da indústria farmacêutica. Entretanto deve ser para meu bem, afinal o governador disse, com voz embargada, que seu objetivo é salvar vidas.
A inércia de alguns políticos fez que lançassem pérolas, com medo de não apresentarem qualquer solução em tão grave momento. Algumas insanidades propostas e, inclusive, implementadas: violência em nome da saúde, soldar portas de comércios, rodízio de carros (de madrugada), aspergir álcool sobre a cidade (usando um avião agrícola) e marcar o indivíduo não vacinado (como os judeus na Segunda Guerra Mundial)!
Mas eu tinha que escolher entre as vacinas: a sem efeito (nem bom nem ruim), a que dói o braço, a que causa coágulos, a que mata e a que — mesmo diante da complacência emergencial — não foi aprovada ainda. Não queria que meu esqueleto terminasse exposto numa universidade russa. Por causa de toda a paranoia, já estava disposto a me entupir de magnésia bisurada, Tablete Santo António, Emplastro Sabiá, Bálsamo Bengué, cartilagem de tubarão e cogumelo do sol, contanto que eu não levasse uma voadora, um soco ou um mata-leão em nome da saúde pública. Diante da situação, optei pela vacina “sem efeito”.
Enfim, virei um experimento científico da inglesa Oxford AstraZeneca. Esta causou coágulos, mas fiquei tranquilo. Segundo a Rede Globo, nada parece ser mais terrível que a covid-19 e suas variantes. Apenas fiquei atento se havia conteúdo na seringa e se a agulha era descartável. Isso porque, com o pandemônio da pandemia, houve muitas falcatruas e andaram injetando vento. Até usuários de heroína evitam compartilhar agulhas.
Apesar de ter aderido à agenda sanitarista global, não virei um jacaré, mas, tenho certeza: fui “chipado”. Agora me tornei um experimento do governo Chinês. O chip serve para me monitorar. Neste momento, Xi Jinping deve estar estranhando. A tecnologia instalada, sem a minha autorização, monitora cada passo que eu dou. No entanto, os malditos chineses, a essa altura, já devem ter notado que o pixel indicando minha localização só fica parado, deslocando-se uns sete metros às seis e meia da noite. Se esses asiáticos querem alguma emoção, chegaram atrasados. Recomendo que assinem o pay-per-view do Big Brother Brasil ou A Fazenda. Garanto que é mais emocionante ver alguém malhando em frente ao espelho ou alimentando uma lhama.
Diante da suspeita, já prevejo a movimentação de carros pretos em frente de casa ou o envio missivas auto-explosivas. Eu sei distinguir um automóvel do Uber e reconheço um espião chinês de tanto ver Jonny Quest.
Já havia me conformado, viraria um imundo jacaré. Inclusive minha bagagem está pronta para me auto-exilar em algum pântano ou esgoto. Se os Bombeiros deixarem, moro no Rio Tietê, na Ponte dos Remédios, para ninguém me acusar de negacionista.
Agora que estou vacinado, posso utilizar máscara, evitar aglomerações, cumprimentar com o cotovelo e ficar em quarentena. Que bom!
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