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fernando ceravolo

13/10/2020

274 - S/CRÇ.GR.

Tínhamos todas às quartas feiras à noite, aulas de Estabilidade das Construções que se estendiam até às 23:00 horas. Estávamos de dependência desta matéria do curso de Engenharia Civil na FAAP nos anos setenta.

O professor era uma pessoa complicada e difícil, de poucas brincadeiras ou risadas, sério, conhecido pelo seu sobrenome, Lunardi, e famoso pela sua rigidez.

Nosso grupo se encontrava nestas noites de quartas-feiras no boteco em frente à faculdade, bebendo cerveja até o horário do inicio da longa maratona de cálculo - um "porre" assistirmos essas aulas, ainda mais no meio da semana. Deixava-nos mais relaxados essa parada antes no bar, ou, uma das desculpas para nos embebedarmos, pois éramos todos muito "relaxados", até demais.

Em uma destas quartas-feiras, estávamos sentados como sempre na nossa mesa cativa junto à murada baixa do boteco, e já bem "calibrados", com as brincadeiras correndo soltas. Falávamos sobre os professores, o fulano, o sicrano, com cada um dando a sua opinião sobre eles, nada abonadora na sua maioria. Então, vejo o famigerado professor da aula daquela noite, descendo a pé pela calçada em direção ao nosso bar. Falo para o grupo na mesa:

-E o que vocês acham do Lunardi?

-O Lunardi? É um grande filho da puta! - grita exaltado um dos nossos amigos, se levantando da cadeira com o dedo em riste e voz pastosa, repetindo em alto e bom som:

-O Lunardi é um grande filho da putaaa!

Neste exato momento o professor passava em frente ao bar, com ele em pé acabando a sua frase. Todos haviam se escondido embaixo da mesa, ficando só ele estático e surpreso, vendo o mestre encarando-o de forma firme e dura!

-Foi o Lunardi que passou agora na rua? Cadê vocês? - pergunta para nós sob a mesa, que ríamos desenfreadamente da cena.

Saímos do esconderijo e continuamos gargalhando da situação cômica que ocorrera, quando o nosso amigo me olha e diz:

-Me ferrou hein? Você sabia que ele estava vindo e que eu o detesto, por isso o chamou na mesa. Agora vou tomar "pau" em Estabilidade!

-Não é só você que detesta ele, eu também não gosto dele, mas foi o único que expressou de forma direta e corajosa a sua, ou a nossa opinião. Somos todos solidários com você! - respondo-lhe sorridente e jocoso, com o assentimento dos demais.

-Bom, já que a merda "tá" feita , vamos tomar a saideira que vai ser por minha conta! - completa ele, com todos voltando a se sentar à mesa, aprovando calorosamente a nova rodada de beberagem gratuita. Continuamos com as saideiras. A hora da aula chegava.

-Acho que você não deveria assistir à aula hoje. Deixa a poeira baixar, e semana que vem você fala com ele, sóbrio, explicando a situação e se desculpando. - sugeri ao colega.

-É, pode ser. Vamos tomar a ultima saideira e fechar a conta, que talvez eu vá para casa mais cedo.

Veio a conta, que sempre rachávamos. Cada um colocou o valor da divisão na mesa.

Eu sempre levava comigo uma surrada nota como se fosse de um real hoje, para pagar a minha parte, brincando . O pessoal ficava bravo e falava que assim não dava, que não tinham filho pra criar, etc. e tal, mas aceitavam a brincadeira e assumiam a minha parte algumas vezes. Mas nem sempre eu deixava de pagar. Fazia isso mais de gozação, e virou uma marca que carreguei por muito tempo. Anos depois, quando tinha uma construtora, chamava a turma toda para um happy hour e pagava a conta integralmente. Mesmo assim, não deixava de colocar a inesquecível nota , para não negar a fama!

-Vai me ferrar de novo? - me fala o amigo "ferrado", olhando a famosa nota sobre a mesa. Eu sorri para ele.

Pagaram dessa vez, e fomos bem relaxados e descontraídos para a aula pesada, imaginando qual seria o comentário do professor sobre o ocorrido naquela quarta feira inesquecível, que já era o assunto mais falado pelos corredores da faculdade com certeza.

Nosso amigo resolveu ficar no boteco.


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