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“O QUE ACONTECE COM O PENSAMENTO
Erivelto Reis

“O QUE ACONTECE COM O PENSAMENTO
QUANDO A GENTE MORRE?”

     Antes que os leitores se apressem em supor que o cronista esteja buscando uma atuação no campo da filosofia, é necessário que se diga que esse questionamento não é dele. Nem de um filósofo grego ou do Dalai Lama. Essa frase é da Nathalia, uma menina de apenas cinco anos, filha de um casal meu amigo.
     Sobre o tema da morte, incontáveis autores debruçaram-se (alguns com veemência)... até que cessaram. Por coincidência, quando...
Cassiano Ricardo escreveu que “desde o momento em que se nasce já se começa a morrer”; Manuel Bandeira, especialista em “viver morrendo” e em descrever tal agonia, refere-se através de eufemismos à “Dama Branca”, fala sobre “a indesejada das gentes”, a “iniludível” ou sobre pessoas que “adormeceram profundamente”; no poema “Aniversário”, Drummond nos surpreende ao rimar a morte com seu eufemismo “porta”; Mario Quintana idealiza a fatalidade, desejando que ela chegasse como “um céu que pouco a pouco anoitecesse”, sem que suas vítimas se apercebessem.
Mas, sobre o que acontece com o pensamento, sou obrigado a reconhecer diante do leitor a minha inaptidão em recordar de poemas sobre o assunto. Possivelmente eles existam, pois os poetas se ocupam sempre daquilo que há e também do que haverá. O poeta nota a falta que algo nos faz, antes mesmo que nós. Certamente os filósofos e os teólogos devem ter explorado o tema ao máximo... É pensar muito sobre o pensamento!
O inusitado questionamento tem o mérito de denunciar (involuntariamente) a imperceptível sombra sobre as cabeças daqueles que amam e daqueles que fingem não saber amar: a volúpia do tempo que nos consome. E, não há forma de explicar a quem se perde dos que ama, não o itinerário, mas a ausência do pensamento tornado real através de boas ações e de gestos de carinho. Deitar todo um rosário de dogmas e doutrinas; crer num paraíso prometido são paliativos para a constatação da extinção do pensamento, ausência do sorriso, lembrança das mãos hirtas e o nunca mais...
O que acontece com o pensamento quando a gente morre? É a leitura pertinente de um fato de que poucos se dão conta: só nós sabemos como nos relacionamos com o que somos e o que pensamos ser. E como o que pensamos ser nos fará falta quando não formos mais nada. Clarice Lispector sabia disso. E usou a sua Macabéa para nos alertar: “Eu vou sentir muita saudade de mim quando eu morrer”. Cecília Meireles também sabia: “(...) sei que estarei mudo, mais nada”. E o poeta Alphonsus Guimaraens Filho foi categórico quando afirmou: “Se não for pela poesia, como crer na eternidade?”
Meu amigo, não perca seu tempo. Eduque-se e condicione-se aos bons pensamentos, aos bons sentimentos e às boas ações. O exemplo das notáveis personalidades citadas anteriormente, permanecerá para sempre, na medida em que aqueles que foram tocados por suas palavras presenciais, literárias, ou surgidas como inspiração criativa (como no caso da nossa querida Nathalia), servirem para prestarmos honras ao pensamento daqueles que não estão mais conosco. Viva sua vida intensamente. Produza, nem que seja um sorriso. Alimente seu espírito com bons livros, bons quadros e bons filmes. Se tudo isso parecer distante do seu mundo, haverá sempre um pôr-do-sol, e “as palavras sinceras que um amigo nos diz”, que poderão fazer você mais feliz.
Pensar e amar são verbos de fácil conjugação. Perdoar e lembrar também. Esse é o legado que podemos transmitir pra alguém. Fazer em nossa jornada o melhor que pudermos, resistir ao mal que julgávamos inerente e saber que o passado nos ajuda a olhar pra frente. Os que passaram por aqui agradecerão imensamente.
O Pensamento e a Alma são como Adão e Eva, no que concerne à criação: Aquele que os criou os tem na palma da mão. E ao se extinguirem os guarda em seu coração. É esse o nosso destino! (?) Agradeço a você que me leu até aqui e agradeço à pequena Nathalia, que olha para a vida “com os olhos de quando éramos meninos”.

                                                  Erivelto Reis


Biografia:
Erivelto Reis nasceu em 1976, em Rio Verde, Goiás. Veio para o Rio de Janeiro, aos três anos, com sua família. Filho de José de Arimatéia e Maria Aparecida da Silva Reis e irmão de Erivaldo, Erialdo e Elton. Erivelto é casado com a professora Gloria Regina e o casal tem três filhos: Allynie, Erick e Ian. Poeta, escritor, cronista, ativista e produtor cultural. Tem dois livros publicados: “Sem Rima” (Poesias - 2004) e “Somos” (Crônicas e Poesias - 2007). Escreveu crônicas para os jornais “O Guarazão”, da região de Guaratiba e “O Amarelinho”, de Campo Grande, ambos na cidade do Rio de Janeiro, o que lhe valeu uma Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro em 2004. É professor formado em Letras (Português – Literaturas) e pós-graduando em Estudos Literários pelas Faculdades Integradas Campo-grandenses. Em 1998, no curso de Teatro Laboratório, no Teatro Arthur Azevedo, conheceu o poeta Primitivo Paes, seu amigo e grande incentivador. A partir de então, passou a dedicar-se efetivamente à carreira como escritor. Juntos, Primitivo e Erivelto, já somam, em onze anos de carreira, mais de mil apresentações em escolas, praças públicas, teatros, centros culturais e eventos em todo o Estado. Como ativista e produtor cultural, coordenou em 2006, o I Encontro de Poetas do Rio de Janeiro, na Lona Cultural de Campo Grande. Ingressou, em 2005, no Instituto Campograndense de Cultura, a convite da então presidente Marly Monte Araújo, e participou da produção da I Jornada de Letras do Instituto Campograndense de Cultura e da confecção da Revista comemorativa dos 40 anos do Instituto em 2007, além de ter participado, como jurado e, posteriormente ao seu ingresso no Instituto, da produção do Projeto “Novos Talentos do ICC”. Em 2008, passou a fazer parte do quadro de membros efetivos do renomado instituto, ocupando a cadeira número 8, que pertencera à professora Leda Lúcia e cujo patrono é Freire Alemão. Em 2007, participou, com um poema, de uma Mostra de Poesia e Artes Plásticas no Centro Cultural Ariano Suassuna, na Barra da Tijuca/RJ. Em 2008, participou como jurado, do concurso nacional de poesias da Revista Day By Night e em 2009, sempre ao lado do poeta Primitivo Paes, da I Mostra de Poesia Brasileira na Cidade de Maricá. Vencedor do Prêmio FEUC de Literatura em 2005 e 2009, seus poemas constam de inúmeras coletâneas e antologias pelo Brasil. Recebeu também o Prêmio Expressão Cultural da Coordenadoria Regional de Cultura da Zona Oeste em 2005 (coordenador de grupo), 2006 (ativista cultural) e 2008 (escritor). Participou da organização e da produção das XVI, XVII e XVIII edições da Semana de Letras da FEUC e dos XI e XII Fórum de Educação, Ciência e Cultura da mesma instituição. Recebeu o troféu comemorativo da I Jornada de Letras do ICC. Em 2005, por indicação do escritor Roberto Sobral, foi agraciado com a Medalha de Honra ao Mérito comemorativa dos 46 anos da Associação dos Taifeiros da Armada da Marinha do Brasil. Participou de diversas edições do Aniversário de Campo Grande, o que fez com que em 2007, recebesse mais uma Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Em 2005 foi citado, por suas atividades culturais, pelo Ministério da Cultura no Programa Nacional de Incentivo à Leitura e à Literatura, como um dos fomentadores da leitura e da Literatura no Brasil. Frequenta eventos culturais em toda a cidade. Seus poemas e suas crônicas estão disponíveis para leitura em diversos sites. Contato: eriveltoreis@yahoo.com.br
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