No abrir do portal de lágrimas,
no fechar da muralha das saudades,
o que sobra para mim é:
Um velório sem lágrimas,
um tempo morto nas
pedras do passado,
queimado e dizimado,
restolho de cinzas e pó,
um recanto onde
busco canções
e outro onde
destilo as minhas,
um álbum de recordações
onde minha imagem-figura
se oculta em meio ao tempo
que nunca existiu
e os sonhos
que primarizam e acariciam
minha alma
cativa dos raios do sol.
Que lástima!
Pensamento necessário
que só traz dor!
E pensa,
sabe,
medra,
mas,
ser vizinhos,
bom devedor,
não basta,
tudo é diferente
de todos.
Colocado na mesa de cedro,
num frugal abano repentino
de duas portas
que aguarda surgir
na madrugada
compadecido,
o vento ávido e ativo,
que fala, sussurra,
que hoje somos cativos
do tempo ocultado
no umbral das
pedras do passado.
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