Termino meu café e saio a rua
Surpreso, me deparo com uma chuva moderada, suficiente para me obrigar a se esconder
Casais se abraçam nas bancas de jornais
Outros correm no parque em busca de abrigo
Me aposso num esconderijo qualquer, sendo eu mesmo, meu próprio amigo
Cães se escondem debaixo de árvores, os ambulantes escondem seus artesanatos
Paradas de ônibus mais cheias do que o habitual
Ainda me encontro debaixo do toldo vermelho, embora teus furos respingam em mim
Semblantes variados me aparecem
Os casais equlibram seus olhares amorosos com o chuvisco ininterrupto
Jovens em bandos brincam sobre a chuva, sem quaisquer preocupações
Me encontro parado, na função de expectador
Me recomponho, coloco Sinatra para acompanhar
E parto em direção á qualquer imprevisto
Meninos em faróis fazem seus malabares, carros com seus vidros fechados ignoram, famílias sorriem em um fast food qualquer
Homens se aglomeram entre uma mesa de bilhar, esperando a definição da jogada
Ofereço alguns trocados aos moradores de rua, me retribuem agradecidos
Enquanto eu, canto num volume baixo, e caminho rumo ao desconhecido
Simplesmente, vivi
O cotidiano caótico pode ser uma paisagem instigadora
Para quem escolhe deixar-se levar, seu próprio redor lhe oferece exclusividades
E a chuva ainda cai
Mas cai, trazendo paz.
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