De acordo com o filósofo iluminista Voltaire, o preconceito é uma opinião sem conhecimento, e atualmente na sociedade brasileira, persistem resquícios de julgamentos apressados relacionados à adequação da estrutura familiar do século XXI á adoção de crianças e jovens. Contudo, a adoção não é recente, o fenômeno foi influenciado no âmbito social e antropológico, estimulado por contextos históricos, motivado por múltiplas causas e permeado por percalços burocráticos e impasses de diversas naturezas.
Estatísticas levantadas pelo CNA (Cadastro Nacional de Adoção) apontam que apenas 5% dos mais de 43 mil candidatos a pai e mãe aderem à adoção de crianças com idade superior a nove anos, ressaltando a faixa etária como um fator decisivo. Além deste, a questão racial consolida-se como fruto do biologismo exacerbado e da busca pelo filho perfeito, o que acaba suscitando expectativas de que a criança terá a capacidade de solucionar problemas familiares, o que muitas vezes mostra-se falho e gera frustrações.
Analisando as transformações estruturais ocorridas no decorrer das últimas décadas, percebe-se uma manutenção no modo de viver, alavancado por um mundo de constante globalização. Consequências refletem no processo de adoção, motivado preponderantemente pela esterilidade entre casais, ocorrência de relações homoafetivas, parentalidade consanguínea, ou ainda como um modo de agir em prol da humanidade. Independentemente do modo legal em que a criança é acolhida em um lar, seus direitos à saúde, segurança e bem-estar social são assegurados pelo código de direitos humanos promulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Diante de um sistema de adoção cujas falhas são heranças de um período colonial, pautado por rupturas e permanências e de desafios enfrentados por casais adotantes e crianças e jovens que sonham com um futuro, cabe às mais diversas esferas sociais uma mobilização consciente na busca pelo invstimento em serviços de saúde psicológica especializado, divulgações por órgãos governamentais relacionadas ao assunto, na tentativa de descontruir opiniões arraigadas sustentadas por discursos errôneos e ainda, o investimento em educação, que se consolida como mecanismo capaz de disseminar informação e reformular práticas em vertentes sociais, entre elas, a humanização da adoção em solo brasileiro.
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Biografia: Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. |