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A Importância Do Brincar Na Educação Infantil
Camila Mascarello

Resumo:
Na educação infantil as brincadeiras e os jogos são excelentes ferramentas para desenvolver a aprendizagem e o crescimento cognitivo das crianças. Por meio de revisão bibliográfica, autores conceituados, artigos e outras publicações referentes ao tema estudado, análise de sites e da pesquisa com crianças e professores da Educação Infantil, desenvolvo uma argumentação sobre a importância do brincar na educação infantil e as implicações desse ato no universo lúdico e no desenvolvimento das crianças. Buscando compreender de que forma o uso de brincadeiras na rotina infantil podem contribuir para a aprendizagem nesse nível escolar. Relato sobre o fato de muitas escolas de educação infantil não utilizarem brincadeiras e jogos para desenvolver a aprendizagem em seus alunos, se utilizando de práticas tradicionais onde há poucas brincadeiras e muito conteúdo de forma sistemática, sem a valorização do lúdico. Neste artigo, procuro também escrever sobre a maneira e importância com que os jogos e brincadeiras estão introduzidos no ambiente escolar e as vantagens da utilização desses métodos como recursos auxiliadores no processo educativo dessas crianças.


Palavras-chave: Educação Infantil. Brincar. Lúdico. Desenvolvimento Infantil. Professor.

INTRODUÇÃO

É durante a Educação Infantil que a criança começa a desenvolver suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas e onde passa a relacionar-se com outras crianças e em sociedade. Nesta fase da vida da criança, a brincadeira tem papel fundamental no processo de desenvolvimento infantil.
Brincar é uma importante forma de comunicação, pois é através dela que a criança pode reproduzir o seu cotidiano, possibilitando o processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade.
Do ponto de vista de Oliveira (2000), o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.
O ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil, neste contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um processo de humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma efetiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade em si.
Através da brincadeira a criança manifesta uma forma de pensamento, conhece o espaço em que vive, passa a se conhecer e conhecer também as crianças que com ela brincam, aprende a respeitar o próximo, se desenvolve emocionalmente, ou seja, através da brincadeira a criança constrói a sua visão de mundo. Esses momentos compartilhados durante as brincadeiras proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua identidade.
O presente artigo apresenta uma investigação de que maneira as brincadeiras no ambiente infantil podem contribuir na aprendizagem das crianças, compreendendo os benefícios que eles podem causar e, busca saber sobre as condições e infraestrutura que uma escola precisa ter para realizar um bom trabalho nesse sentido.

DESENVOLVIMENTO

O ato de brincar, de interagir e de se expressar através da brincadeira é uma situação importante vivenciada pelas crianças e este exercício proporciona descobertas de novos conhecimentos e desenvolvimento de muitas habilidades de forma natural e agradável.
A brincadeira de forma lúdica proporciona às crianças maiores oportunidades para que as mesmas desenvolvam bons sentimentos, aprendam a partilharem, viver em sociedade, se respeitarem e também aprendem a respeitar as regras.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, v.01) ressalta que:
A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adultos, no âmbito de diversos grupos sociais. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de contribuição infantil.

É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social a respeitar a si mesma e ao próximo. Por meio da ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar.
O artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, BRASIL, 1990) determina quais são os direitos de liberdade da criança. O brincar é um desses direitos de liberdade.
O direito de brincar esta estabelecido no ECA em seu Livro I da Parte Geral, sob a égide do Título II que trata dos direitos fundamentais, mais especificamente artigo 16 do Capítulo II que elenca os direitos de liberdade, ao respeito e à dignidade da criança: artigo 16 – O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: IV – brincar, praticar esportes e divertir-se.

O brincar como expressão do direito de liberdade da criança é um dos fundamentos do princípio da dignidade de sua pessoa. O reconhecimento do direito de brincar exposto no art. 16, IV do ECA, demonstra que a luta pelo reconhecimento da dignidade da infância venceu uma prova importante na aceitação dos ideais e da forma de vida infantil.

Vygotsky (1998) acentua o papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil, pois é brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.
A brincadeira quando trabalhada de forma lúdica é uma experiência rica para as crianças da educação infantil, onde as aulas são realizadas de forma criativa e prazerosa. Dessa forma o mundo de descobertas para esses pequenos se torna imensurável, despertando o interesse dos mesmos e fazendo com que seu desenvolvimento cresça gradativamente.
     De acordo com Vygotsky (1998), um dos principais representantes dessa visão, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou adultos.
Na educação infantil as brincadeiras e os jogos são excelentes ferramentas para desenvolver a aprendizagem e o crescimento cognitivo das crianças, porém, muitas escolas de educação infantil não utilizam brincadeiras e jogos para desenvolver a aprendizagem em seus alunos, fazem uso de práticas tradicionais onde há poucas brincadeiras e muito conteúdo de forma sistemática (escrita), sem a valorização do lúdico.
Sobre o lúdico, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, v.01) destaca que: As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos, corporais etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando. (RCNEI, 1998, v.01).
Kishimoto (1996) elucida as modalidades de brincadeiras presentes na educação infantil em: brinquedo/jogo, brincadeira tradicional (livre), brincadeiras de faz-de-conta e os jogos ou brincadeiras de construção.
Sabendo que as brincadeiras fazem parte da infância, cabe ao professor desenvolver estratégias inovadoras para a aprendizagem e interesse das crianças, de forma que as mesmas aprendam com prazer e alegria.
Caber ao professor a melhor maneira de organizar as situações para que as brincadeiras ocorram da maneira mais diversificada possível, a fim de que as crianças possam desenvolverem seus sentimentos, emoções, conhecimentos e regras sociais.
Conforme o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, v.01):
É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.

Para Almeida (2010), o educador deve ser um promotor/facilitador dos jogos, das brincadeiras, da utilização dos brinquedos e principalmente da organização dos espaços lúdicos. Rego (1994) indica com maior clareza os papéis que o educador deve desempenhar:
Ser um promotor/facilitador das brincadeiras, planejando momentos pedagógicos nos quais orienta e dirige o jogar, bem como momentos nos quais a criança tenha liberdade de promover suas brincadeiras.

Saber observar, registrar e analisar as informações e dados que as brincadeiras/jogos oferecem, bem como relacioná-los com o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança.

Enriquecer os jogos e as brincadeiras desenvolvendo a postura lúdica.

Planejar e organizar espaços lúdicos adequados aos interesses da criança.

Ser um sujeito brincante e com repertório lúdico capaz de mobilizar brincadeiras e jogos junto às crianças.

A postura lúdica do professor diante do brincar é o comprometimento de um profissional que busca a valorização de um direito maior que é o direito de ser criança e poder desfrutar com alegria tudo que essa fase da vida proporciona.
A escola deve garantir os direitos das crianças recorrendo a ações concretas, de mudança de postura e de transformação (FRANCO; BATISTA 2007). É na escola que começa a “aprendizagem da democracia e do saber” e que, portanto, é indispensável "repensar a forma como a organização das escolas e a formação e intervenção dos professores se devem entrosar com este movimento contemporâneo de reconhecimento dos direitos da criança” (DEROUET apud SARMENTO; ABRUNHOSA; SOARES, 2007, p.63).
O profissional de educação infantil precisa compreender que brincando também se pensa e pensando se brinca melhor ainda, e a partir disso desenvolver o planejamento de suas aulas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que a Educação Infantil é uma fase de grandes descobertas para as crianças e quando aliada a elementos lúdicos, essas descobertas se tornam muito mais significativas.
As brincadeiras, jogos e brinquedos, com suas características lúdicas, são capazes de motivar as crianças a construir seu conhecimento, adquirindo e reforçando conceitos de maneira divertida e satisfatória. Esses recursos quando bem utilizados estimulam as crianças e enriquecem as atividades de ensino-aprendizagem, nesse contexto os recursos assumem um papel didático.
Essa pesquisa foi baseada em referenciais teóricos, sendo que a questão sobre a importância dos jogos e brincadeiras para os alunos dessa faixa foi respondida e demonstrou uma infinidade de vantagens no uso destes recursos lúdicos nas escolas.
Como podemos perceber os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Toda atividade que se realiza com prazer é mais assimilável. É brincando que a criança percebe melhor o mundo, descobre os seus mistérios, constrói suas hipóteses, enfim constrói o seu conhecimento.
Espera-se que no espaço das atividades na Educação Infantil, o brincar e o jogar façam parte do cotidiano e que, com as ações do grupo, este momento lúdico e, por consequência, a escola, seja um lugar prazeroso para as crianças, onde cada uma tenha a oportunidade de descobrir-se e trazer à tona suas capacidades e habilidades
Podemos destacar que a ação do professor como mediador dessas atividades que envolvam as brincadeiras, jogos e brinquedos é fundamental para a introdução desses recursos no espaço escolar, possibilitando a criação de uma rotina de envolvimentos e descobertas, a fim de desenvolver capacidades ligadas às atividades de grupo, regras, cooperação.
Ao educador cabe a responsabilidade de pensar em atividades estratégicas que visem uma intenção, que proporcionem o conhecimento e evolução das crianças, sempre pensando no que as crianças podem desenvolver através da atividade lúdica proposta.
Com o auxílio dos professores essas crianças serão capazes de interagirem coletivamente expressando suas diferenças, terão um crescimento saudável tanto físico quanto emocionalmente. Podemos salientar também que brincando a criança se torna mais criativa como é o caso das brincadeiras de faz-de-conta que se utilizam da imaginação.
Por meio dos jogos e brincadeiras a criança constrói sua personalidade, sendo uma parcela de suma importância para a sua vida, onde ela cria significados para cada atividade lúdica em que participa.
A postura lúdica do professor diante do brincar é o comprometimento de um profissional que busca a valorização de um direito maior que é o direito de ser criança e poder desfrutar com alegria tudo que essa fase da vida proporciona. O profissional de Educação Infantil deve atuar como um facilitador, participando e observando as brincadeiras e proporcionando a oportunidade para que as crianças possam criar e desenvolver a sua autonomia.
Ao longo da pesquisa foram destacadas várias atividades de faz-de-conta, onde as crianças têm a possibilidade de ampliar as suas habilidades sociais e interativas. Podemos destacar ainda que a brincadeira de faz-de-conta é uma estratégia essencial no processo de desenvolvimento infantil.
Através da pesquisa, pode-se atingir o objetivo de verificar e comprovar a importância das brincadeiras na Educação Infantil. Pode-se destacar que as atividades lúdicas contribuem significativamente para a realização dos objetivos com as crianças dessa idade.
Ao findar a pesquisa, concluiu-se que é de suma importância proporcionar que as crianças de Educação Infantil tenham em suas rotinas escolares a oportunidade de aprenderem e se desenvolverem por meio das atividades lúdicas, como é o caso das brincadeiras. As crianças que participam dessas atividades têm maiores oportunidades para que as mesmas desenvolvam bons sentimentos, aprendam a partilharem, viver em sociedade, se respeitarem e também aprendam a respeitar as regras.

REFERÊNCIAS

FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras – Um Olhar Psicopedagógico. Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/?p=78>.

FERRONATO, Raquel Franco. Brinquedoteca e o Elemento Lúdico: Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua Relação com a Educação Escolar. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, Vol.1, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23 ed., São Paulo, 2007.
KISHIMOTO. Tizuco Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeiras e a Educação. São Paulo: Cortez, 1996.


Biografia:
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