INVERSÃO DE VALORES
Vou perguntar a você
Preste bem atenção
A inversão de valores
É injustiça ou não?
Vou lhe contar duas histórias
De duas moças distintas
As duas cometeram crimes
Foram casos de notícias
Um dos casos que aconteceu
Foi uma covarde chacina
O outro foi tão banal
Que diferença!, você nem imagina
Era uma jovem mulher
Em um mercado foi pega
Pelo tal crime banal
Roubou um pote de manteiga
Tinha um filho pequeno
Estava sem trabalhar
Queria ter pro filhinho
Um pão com manteiga pra dar
Não que isso justifique
Nem da direito a roubar
Foi presa na mesma hora
Algemada e conduzida
Ao quiquagésimo nono DP
Departamento de polícia
Foi feita uma pesquisa
Dos seus antecedentes
Ela não devia nada
Tola, necessitada, inconsciente
Sem ver o nascer do sol
Deitada em uma cama fria
Sem ver a luz do luar
Se, ver e estrela dalva
E nem as Três Marias
Se não fosse a imprensa
Que começou a gritar
Justiça seja feita
Onde isso vai parar!
Ora, vejam só!
Uma universitária
Solteira nem filho tinha
Cheia de regalia
Dos pais ganhava mesada
De deus, a noite e o dia
Ré confesso de um crime
Do qual participara
Matando o pai e a mãe
Que boa vida lhe dava
Também foi feita a pesquisa
Dos seus antecedentes
Ela também não devia nada
Tola, abastada, inconsequente
A imprensa a encontrou
Nas praias a contemplar
O sol aquecendo o corpo
Bebendo água de côco
Para não desidratar
De biquini a vontade
Curtindo aquele calor
Responda-me se puder
Houve inversão valor?
POEMAS DOLICO
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