Epanomindes não tinha entendido que o problema dele era só dele mesmo.
Ninguém iria se condoer e conspirar para que ele o superasse.
É que as pessoas estavam somente focadas no problema delas e em se sentirem melhores que ele.
Achava que houve um tempo em que parecia bonito se importar com os outros ou parecer se importar.
Nos tempos atuais, o preço cobrado por comprometer um mínimo da atenção alheia era alto.
A regra agora era: foda-se sozinho para lá ou aproxime-se somente para dividir seu gozo. Pensava com seus botões que deveria ser por seleção natural que os cooperativos estavam se tornando escassos.
Seria mesmo que ninguém cooperasse sem interesse?
Sempre haveria um prêmio almejado? Ninguém cooperaria por cooperar apenas?
Sei lá, pensava, mas a gente vai se tornando maldoso.
Começou a achar que seria até melhor assumir logo essa maldade, ser corajoso. Muito melhor que ficar por ai comendo hóstia, ajoelhando no chão duro, jejuando ou gritando no mato para disfarçar aquele individualismo hipócrita, ficar por ai que nem túmulos caiados por fora e cheios de podridões por dentro - matutava.
Decidiu que buscaria contratos muito bem feitinhos para não ser passado para trás nos tratos que dali em diante fizesse.
Oh! Epanomindes! Pensaste tarde!
Shoio, o pensador
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