2018 enfim chegou, devagar é verdade, após um ano que nem deveria ter começado (não sei vocês, mas 2017 precisa ficar engavetado na minha memória para o resto da vida!) e o assunto que norteou o ano anterior não foi outro senão as fake news. Isso mesmo. 2017 ficou marcado pelas notícias falsas que abundaram a nação, trazendo dúvidas sobre praticamente qualquer assunto.
Primeiramente (e é preciso que se diga isso): nunca fomos um país bem informado. Somos um país que gosta mesmo é de fofoca, da vida das celebridades, de novela o dia inteiro e o importante que se exploda. E caso alguém quique no salto por causa de minha declaração ofensiva, pergunto-lhes: onde estão os brasileiros incomodados com a Reforma Trabalhista e da Previdência que vem aí? Já os encontraram? Pois é...
Em meio a um cenário tão esdrúxulo, onde o que interessa é divertir-se, farrear, curtir a vida enquanto ainda é possível, as notícias falsas se proliferaram ditando as opiniões (ou falsas opiniões) sobre qualquer assunto de âmbito político, econômico, cultural, etc etc etc.
"Que absurdo! O tal do Pablo Villar ganhou 5 milhões da Lei Rouanet".
"Meu Deus! O governo federal vai confiscar a poupança do povo até o fim do ano!".
"Tá de sacanagem! Vão acabar com todas as linhas de ônibus que vão da Zona Norte à Zona Sul e os moradores desta só aceitarão empregadas domésticas que morem perto do traballho".
"Quintuplou o número de vagas no mercado formal depois da criação do emprego intermitente".
E etc etc etc.,. num clima que vai piorando e aumentando de proporção catastrófica dia a dia.
Uma coisa há que se elogias os criadores das fake news: eles sabem criar factóides, acontecimentos sensacionais, dignos da apreensão do povo. E muitas vezes com mais facilidade do que os próprios jornalistas sérios.
O maior problema que o ano fake news trouxe para o país é a certeza de que, daqui para a frente, a grande maioria da população desconfiará de tudo, absolutamente tudo. Desde pesquisas eleitoirais até criação de novos impostos.
Ou seja, a questão mais preocupante que me vêm à mente é: estaremos agora definitivamente vivendo num mundo de ficção? Onde cabe a verdade num país que prefere produzir narrativas sobrenaturais, escandalosas, falaciosas, que alienem o povo com tamanha eficácia?
Mais uma vez, muitos dirão, críticas serão feitas à educação, artigo de luxo em nossas terras, e dedo apontaram para o grande desastre que virou a mídia desde a segunda metade do século XX para cá.
Já não é mais uma questão de "até quando suportaremos tudo isso?" ou "há solução para o caso?" e sim de "há algo além disso, pelo qual valha a pena (ainda) sobreviver? Os grandes autores de ficção-científica, Aldous Huxley, Arthur C. Clarke, Isaac Assimov, Carl Sagan e tantos outros, estavam certos em seus temores: "O futuro promete ser nebuloso".
Pois bem: o futuro chegou.
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