Ela pega um vestido azul no guarda-roupa, o veste, mas percebe que não combinou com o sapato de camurça. Depois de várias trocas de roupa, escolhe um vestido preto com margaridas brancas, “perfeito”, pensou ela. Ouve-se então a buzina de um carro, no momento em que prendia o cabelo com um grampo. Se olha no espelho, mil imagens passam em sua cabeça, “é hoje”, “eu consegui”, pensa consigo. Passa pelo corredor do prédio velho e se depara com o elevador quebrado, pensa logo, “vai dar tudo errado”, “melhor voltar...mas, batalhei tanto por essa chance”. Nessas incertezas de ir ou ficar, ela resolve ir. Desce degrau por degrau daquela escada impregnada de sujeira e apreensões. Ao chegar a portaria o porteiro lhe sorrir como que aprovasse seu look, ela então lhe sorrir em retribuição. Ao abrir o portão se depara com ele a sua espera, sim, ele, aquele a quem tanto buscou, mesmo que involuntariamente. Mas bastou uma troca de olhares entre os livros da biblioteca para saber, é ele. A felicidade que sente é tanta, se fosse um desenho animado, certamente já teria explodido. Ele lhe sorrir ao abrir a porta do carro, e lhe dá um beijo em sua face. Seus olhos diziam “você está linda”!
O momento esperado chegou, tanto lutou por esse dia, e enfim havia chegado. Ganharia nessa noite a promoção tão desejada, e o melhor isso seria anunciado a todos. Nada podia estragar esse momento, pelo menos foi isso que nossa amiguinha pensou, caro leitor. Mas quando deu 23:00 tudo se dissipou. Não a promoveram, nem sequer lhe deram atenção. Ao deixar cair vinho no vestido sai à procura de algo para limpar-se, mas depara-se como uma mancha aterradora a seus olhos e coração. Ele com outra nas escadas que seguiam para o banheiro. A vida espelhada perfeita espartilhou-se no chão, assim como a taça de vinho que levava na mão direita
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