Os poetas antigos de desdobram nos desejos,
sentados nas nuvens espiam o passado,
moldam nuvens com palavras d'água,
refletem o sol das palavras transparentes,
sabem que na casa da esperança
nascem poetas de tez morena...
Uns vem para entortar arame e cobre,
outros dançam nos salões nobres,
os que fiam e tecem versos são aqueles
que tem nos pés o mapa do solo,
nascem-lhe, entre os dedos,
hortaliças de fonemas,
andam pelo mundo,
sabem que vale a pena...
Ainda bem que certas coisas
nascem como o fiapo de grama
que respira o ar do nosso mundo
como se da primeira vez fosse;
ainda bem que dedos miúdos e tortos
escrevem versos que aos nossos olhos
são como pirâmides de doce...
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