Oh Deosa de Cefeu -, Andrômeda da Etiópia -, Gioconda, Odara. Ó vós que d’alli em d’oira hora vira Zeus -, fleur do Olympo – anunciada florescer.
Ó Nubae em veste d’alva saia qu' entre as Ninfas de Nereu foras por Cassiopéia a mais bela de todas proclamada. Ó vós que por Poseidon o ânimo em fúria desperta por Nereu ao teu belo, o fragelo, foras n’uma rocha açoitada.
Ó Grega que de Cetus e de Phineus por Perseu com as cãs da Medusa foras salva, e quão por amour fou deu-lhe o destino, a quem o herói se casara. Ó vós Bem-Aventurada, que por Atena – a culta e sábia - ungida à galáxia foras eternizada.
Ó Andrômeda spectac’lo de Bengala! Ó sê sábia, que doravante ninguém tema na mais escura noite, que se apague da esp'rança o último clarão da vossa face.
Ó quasar sê sábia, escutais a queixa silenciosa das coisas... Ó escutais!!! Doravante
quando silente s’espalhar a solidão que a poesia por cá aquietai-nos n'um só instante e povoai-nos os corações de amor e paz. Ó sabeis, silenciar é a forma de melhor dizer a vida que há e aquela que está por vir. Sim que o silêncio ao homem se fale! Nunca o silêncio estulto que apaga o outro.
Oh! Andrômaca troiana, paixão insana de Pirro, rainha apeada levada ao claustro. Ó vós que d’alli do Époro, - o plasma de Aquiles -, a Orestes por inveja à Heitor em trágica hora a cria lh'a fez cair nas mãos e co' as fúrias à morte, - o vil - ordenara.
Ó Andrômaca dos versos alexandrinos de Racine!!! Obra de raro engenho, de ardor acendido, exclamo-a: Por que té' gora só dest' ao herói a luta em vão o fado, e por destruí-lo uma paixão sempre o acaba?
Ó Andrômaca dos versos trágicos de Corneille!!! E di-lo o herói: ó mal sabeis Andrômeda, o trágico, dono do próprio destino, aqui é maior que a própria sorte.
Não vês – Inda agora: Ó Andrômaca à luz de Barthes! Não vês que sois o elo num só anel de fogo, pó e água - Ó são terras áridas entre o deserto e o mar, a sombra e o sol fulgor - E o mar? O mar importa como utopia de fuga do realismo ingênuo.
E ei-la [a] de Barthes: um só nada vazio sem pejo, um desvaler, mas sempiterna aberta preenchida e significada.
Ó n'umas justas a gloria merecida: Sejais vós Andrômada o mito ou Andrômaca casta como o trágico a metáfora é o laço maior da liberdade. Não vês, a poesia é o risco de arriscar-se a perder o rumo aonde quer que ela nos leve, sim: será sempre o lugar certo.
Vede, entre presságios, se não credes no que o oráculo de Perseu predissera: ó mal sabeis como são corna musa sem métricas os meus versos de aprendiz sem estética. Mal sabeis! Mas lá 'stão! Lá ‘stão além d’ eles a plêiade sem temor e tod’alma d’ ave-grou em verbo e carne.
Ó Andrômaca, vós que habitas em fulgidas mansões siderais e todos... Ou nas hecatombes a grei do silêncio à voz da poesia nem os blazares as calara! Ó vês, sem visar a verdade, o poema, chega, a outra verdade: à verdade de sê-lo apenas Belo. Então que ressoem as harpas e as parkers dos Bardos e seremos todos tantos uma só odisseia rumo a um só lugar onde o que se vê raras vezes é o que se vê o infinito.
Ó vim dizer-to: consola-te, pois, com as vossas estrelas, como silentes, incriados e eternos à busca do além no fazer poético, os Poetas catam palavras em versos devotados escritas nas Poesias endereçadas ao Universo, quão naquilo que foi bem feito: transformam o Mundo.
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