CRÔNICA
Elas
Prof Antônio José
Estou passando pela pracinha e lá estão elas. Uma tem cabelos cacheados, a outra cabelos lisos, são praticamente da mesma idade, devem ter uns 19 anos de estrada. No porte físico vejo diferença nítida na cor da pele, uma é alva a outra é morena. Estão sentadas no banco da praça batendo um papo esquisito.
Vou até a um camelô perguntar o preço de um chapéu, sim, chapéu de cowboy, daqueles que as abas ficam para cima, estilo sertanejo! Enquanto fico conversando com o vendedor, ouço as duas falarem de namoro terminado. A morena falava com tom de revolta e dizia: "aquele sem-vergonha, almadiçoado da figa ainda vai pagar o que me fez"!
A alvinha sorria e dizia: " mulher fica desse jeito não, homem é que nem bolacha em todo canto se acha". Mas a morena estava uma fera e demonstrava ser valente como uma onça. "Ele vai ver o que faz uma morena quando leva chifre, aquele maldito me paga nem que seja no inferno!
E eu estava olhando os chapéus, mas ainda deu tempo de escutar o último desabafo: "Sabe, minha mana, não é porque sou morena, tenho os peitos gigantes e as canelas finas que vou me rebaixar aquele sem futuro, aquele traste que não sabe nem beijar uma mulher". Nessa hora, eu já estou saindo, comprei um chapéu e deixei aquelas duas ainda conversando no banco da praça. Como terminou? Só Deus sabe! Mas o camarada vai pagar o pato!
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