Maldito amor.
Diz que me ama, mas nunca lhe vi.
Só ouço sua voz através do interfone,
Quando quer me seduzir.
Aparece de costas pelo holograma,
Faz gestos e insinuações
Para dizer que me ama.
Um corpo sem cabeça diz que me quer,
Não se sabe se é homem ou mulher.
Maldito amor!
Manda-me foto sem rosto e aparece
Através de um espelho de vidro vermelho.
Olhos incandescentes, boca carmim.
Insinuações profanas,
Gestos sem fim.
Palavras mudas que não posso ouvir.
Sinto-me na obrigação de me despir.
Atiro-me a cama,
Beijo o travesseiro,
Sussurro em vão,
Digo palavras sem nexo,
Furo o colchão.
Reflito aflito e grito:
Maldito amor!
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