O voto é um bem intangível, mas tem sido trocado por um tangível, ou seja, troca-se aquilo que não se vê, não se toca por algo que pode ser visto, tocado, manuseado.
Essa prática ocorre numa campanha eleitoral ou num mandato, onde os votos são pagos com dinheiro ou com bens de construção, consumo, cargos de confiança e até por vagas em concurso público.
Nesse troca, troca; o poder do voto perde sua força e o cidadão mal alimentado, mal educado, mal acostumado assiste da poltrona do seu sofá ou da sua humilde cadeira de plástico a corrupção, a falta de assistência nos postos de saúde, a péssima educação, a péssima infra-estrutura. Assiste de camarote aos bandidos da política, os profissionais do engodo e da insanidade.
Na mesma poltrona, na mesma cadeira; eles se revoltam quando uma criança morre no leito de um hospital, quando crianças estudam de baixos de mangueiras, quando crianças passam fome. Aí, o peito se enche de revolta; a língua maldiz. Essas pessoas debulham comentários fragmentados e no outro dia a bonança da passividade invade o peito.
No entanto, o mesmo homem que assiste no sofá ou na cadeira é cumprisse desse banditismo político, dessa insanidade política; porque o escambo é negociado na base por ínfimos valores, sobe alguns degraus e toma propocões imorais.
Por isso a violência violenta as casas, a impunidade faz morada nos tribunais, a prostituição rouba a infância, consome-se com facilidade
as drogas e o povo vive cansado dessas práticas e tantas outras que o afligem; mas não percebe que é cumprisse.
Por isso o voto, bem intangível, não se vende, não se troca, não se transfere, não se dar; ele é único e responsável pela construção de uma comunidade, de um estado, de uma nação.
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