Aceita a seita de nossa triste nação
Que vota na tristeza em cada estação
Que vive fora em cantoria, mas por dentro em aflição
E nunca usurparia o trono por timidez ou por bondade.
Aceita a seita de nossa triste nação
A seita da tristeza, da melancolia, da razão
Razão distorcida por uma simples doutrinação
Que parte da televisão, da beldade, da vaidade
E volta, como um refluxo que sabota sua divindade.
Aceita a seita de nossa triste nação
Destruída pela ganância de poucos sem devoção
Que grita, agita, esperneia a vontade de dizer não
Mas diz sim, pois todo mal sabe se fingir de felicidade.
Aceita a seita de nossa triste nação
Que amaldiçoa a cada dia cada ladrão,
Mas agradece em romaria um lindo pavão
Que empavonado se delicia e beneficia de tanta iniquidade
E agradece ao povo que ratifica sua santidade.
Aceita a seita de nossa triste nação
Que trabalha, rala, malha e não ganha um tostão
Que enaltece e embravece toda anunciação
Que solicita, grita e agita toda sua promiscuidade.
Aceita a seita de nossa triste nação
Que brinda cada vitória em sua alienação
E sentinela a passarela da multidão
Que sabe lidar com cada adversidade
E brinca, apesar de sua vulnerabilidade.
Aceita a seita de nossa triste nação.
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