Conta-se que os animais descobriram que Jesus ia nascer. Ficaram preocupadíssimos e foram procurar o leão, rei da floresta, para as providências necessárias. Afinal, a notícia não era um fato comum e alguma coisa precisava ser feita.
Foi marcada uma reunião e todos os animais foram convidados. Movimentação total! No dia e hora marcados lá estavam. O rei, muito compenetrado da responsabilidade, explicou, detalhadamente, os motivos da assembléia:
- Vocês já sabem que Jesus vai chegar? Gostaria de apelar para que colaborassem com uma oferta para a grandiosa festa de sua chegada. É uma visita muito importante. Temos o dever de tratá-la com todas as honras. Aqui na floresta, gostamos de receber o Bem de braços abertos!
Cada convidado levantava-se e oferecia um presente. O boi se desculpou de ser tão pobre, mas colocou a estrebaria à disposição de Nosso Senhor; o carneiro ofereceu a lã; a galinha os ovos; o jumentinho se dispôs a levá-lo por onde precisasse e, assim, cada qual deu o melhor que possuía.
Quando a reunião já estava terminando, o macaco, que é muito observador, gritou que havia um homem assistindo à reunião, lá de trás. O rei, ponderadamente, pediu calma e consultou aos demais participantes sobre a atitude que deveria ser tomada:
- Este homem não havia sido convidado, mas não está incomodando a ninguém. O que fazer? Dar-lhe a palavra também?
Resolveram que sim, ele falaria ao final. Foi encerrada a sessão de oferendas e dada a oportunidade ao representante da humanidade. Muito desajeitado, ele veio à frente e, após mil desculpas, disse:
- Acho que vocês já deram tudo, nem sei mais o que oferecer. Estou contente, porque a reunião está muito bonita, muito alegre. A gente constata o imenso amor pela capacidade de doação aqui demonstrada. Nós, homens, ainda não tomamos nenhuma providência para a chegada de Jesus, pelo contrário, o ambiente não está muito bom. Talvez, ao nascer, Ele tenha que ficar escondido, porque poderão matá-lo.
- Oh! Murmuraram os animais.
- Vocês podem ir embora, tranqüilos. Não creio que tenha sobrado nada para nós oferecermos a Nosso Senhor. No dia certo, providenciaremos a cruz.
A reunião foi encerrada e seus organizadores foram embora, sem entender nada sobre o "presente" que o homem ofereceu.
Ivone Boechat
|