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A paixão chegou em meu peito,
veio para tornar escravo o meu coração
e ordenou-me escrever um poema,
que a exaltasse
mas a paixão era tão platônica
e eu tão xucra
que o poema deu-me um coice
e saiu voando pela janela.
Isso porque, o poema não quis
permanecer séculos naquelas linhas
daquela folha banal,
para eternizar a beleza daquela paixão fria e má
e me fazer sofrer com a lembrança prateada
de quem nunca me quis.
Os versos daquele poema
acompanharam o vento,
acariciaram os cabelos de quem sofria por amor
e levavam consigo toda a dor.
Quando cansaram, dividiram-se,
uns pousaram nas flores
e outros foram beijar as estrelas.
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