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A COR do INVISÍVEL (I)
Tânia Du Bois


                                para Honorina

     A cor do invisível se transforma em tons, que vão da arte aos sentimentos e dão o toque final no equilíbrio e na medida certa para se redesenhar o cotidiano, nas expressões poéticas, nos traços na tela e nas imagens fotográficas. Nas palavras de Francisco Mello Garcia, “... Poeta é igual a um pintor / Ou de quem faz escultura, / sem pincel tela ou bronze / Diz no verso o que procura, / Mesmo sem tinta nenhuma pinta arco-íris nas alturas. / E mesmo sem aparecer / Põe as cores na figura...”.
     A mistura de tons, em versões variadas dá detalhe inusitado ao jogo dos opostos, com movimentos e traços que refletem a importância da fotografia para cada pessoa.
     A foto mostra o ontem no hoje, como beleza sedutora do tempo e o (re)construir a cor invisível em visível. As chances estão no momento do click, como saudade expressada na cor do invisível, na sensação de poder voltar no tempo; de trazer em tons vibrantes a uniformização dos efeitos sobre os sentidos. Segundo Helena Rotta de Camargo, “Faço questão de refletir sobre o passado, que isso me energiza para os embates do presente”.
     Fotografias exercem poderes mágicos quando nelas reencontramos a alegria daqueles instantes. Colorem nossos pensamentos e nos garantem menos danos à vida. Francisco M. Garcia expressa, “... O meu receio é ser preso / Por uma verdade dita, / Pois tantas ficam ocultas /... Algumas se vê à cores...”
     A cor do invisível é uma das formas para repensarmos as emoções, por que se revela em tons pessoais. Por vezes, até o vento se apresenta sem alteração, trazendo a fragrância do momento apreendido, significando que a foto tem o poder de reconstruir e influenciar o no estilo de vida. Ressalvo que há tons para se considerar, que interferem na nossa maneira de se expressar, como desejo permanente da cor do invisível. Tais tons são segredos que carregamos e nos permitem descobrir qual a tonalidade certa para cada saudade. A intenção é de dar tons à cor do invisível no espalhar sensações do bem viver e preencher a solidão, como em Jabs Paim Bandeira, “como são doces minhas lembranças que iluminam minhas noites. Embora você tendo partido, continua presente e vivendo em mim”.
     As fotos expostas nas casas emolduram nossas vidas; por vezes, conversamos com os personagens indeléveis e lembramos-nos de fatos historiados, com que transformamos a cor do invisível no tom do coração, vibrante.
     Revivemos no tempo de vivenciar, imaginar, olhar para as fotos e indagar, quantas eram as cores? Emoção que nos leva lembranças boas e más, abrindo horizontes em que nos apoiamos e dividimos o espaço, sinalizando, reforçando e reconhecendo que cada um procura pelo incentivo de que precisa para passar seus repetidos dias. A vida fica mais leve com os retratos expostos e presentes, por que ganhamos o mundo sempre que fazemos do invisível um desafio prazeroso.
     
     


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
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