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O lugar das palavras é na cabeça,
embora pareça
que o dicionário é o aposento real,
lugar de sono intermitente, sideral...
Elas saem ao sol da língua,
ainda imberbes, à míngua,
querem falar o que sentem,
por que dizem a verdade,
por que mentem...
O homem, veículo transmissor,
se sabe o que fala, exala a cor
do verbo com exatidão,
ou adjetiva o substantivo
sem consideração...
A criança, alecrim dourado,
fala despudoradamente
sobre o perdão e o pecado,
se aventura em perguntas
que só ela sabe a resposta,
nela, a palavra vive feliz,
ama, se delicia, gosta...
O tempo, bibliotecário,
repara em quem entra e em quem sai
do lugar onde os livros estão eretos,
sabe que alguns aprenderão a fala,
que outros, disfarçados de letrados espertos,
passarão por este mundo na velocidade da bala...
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